Arquivo do mês: setembro 2010

Na internet, copydesk ganha uma nova cara

Muitos talvez nem saibam o que é copydesk. Era o nome antigo para redator (no tempo em que eu comecei, há décadas, já se usava uma corruptela, “copy”. Depois, o termo sumiu de vez).

Aquele profissional que faz o trabalho de varredura, corrige erros, melhora títulos, edita capas etc.

Ellie Behlings fala mais sobre o assunto e a dimensão que o profissional tomou hoje na web.

Apocalipse jornalístico

Baita animação da The Economist feita no auge da crise financeira, meados de 2008. Pegada jornalística e tudo.

É a descrição do fim do mundo tendo o jornal impresso como metáfora.

Simplesmente sensacional.

(Via @contrafactos)

A mídia de massa que ainda funciona

Muito boa essa reflexão de Mastropietro Luiz sobre a transição clara do cenário de mídia de massa para massas de mídia, mas que tem como paradoxo o fato de que o preço da publicidade na TV cresceu espetacularmente.

Como assim, mas a mídia de massa não está fadada ao fracasso?

“Para se ter uma ideia, uma inserção de 30 segundos no SuperBowl custa hoje U$3 milhões. Há 20 anos atrás, este valor não passava de U$700 mil – ou seja – uma inflação de mais de 420% sendo que a audiência ficou praticamente estável. Um valor que não para de crescer, pois é praticamente a última ferramenta capaz de influenciar a cultura de massa, falar com cerca de 100 milhões de pessoas simultaneamente e pautar conversas de elevador.”

Vai lá ler que vale a pena.

O 11 de setembro revisitado

Bem bom esse vídeo, incrível. Parte da (ainda) existência da segunda torre do WTC. E produzido pelo usuário. Foi, sem dúvida, o evento mais bem documentado da história.

Castells: ‘As redes sociais não são uma virtualidade em nossa vida: é nossa realidade que se fez virtual’

Encerro hoje a semana Manuel Castells, iniciada na terça-feira com a entrevista que o sociólogo espanhol concedeu a mim e que foi publicada pela Folha de S.Paulo. Foi apenas parte de conversa que, além de política, girou muito, claro, sobre internet e redes sociais.

Castells, um dos mais relevantes pesquisadores da web, está especialmente atento ao que acontece hoje nas redes sociais, um espaço ocupado por 1,6 bilhão de seres humanos _e ainda contando.

“As redes sociais começam para valer em 2002, com o Friendster. Ou seja: a pré-história tem menos de dez anos. Essa é a velocidade com a qual estamos trabalhando”, disse.

Era a resposta à minha pergunta sobre a durabilidade das redes (pouco antes, Castells já havia decretado a morte do Twitter). O sociólogo mostra ter uma certeza: que a facilidade de construção de novas redes torna as pessoas totalmente desapegadas às já existentes. “O fundamental das redes sociais é que qualquer jovem que conhece algo de tecnologia e que tem muito pouco capital pode imediatamente construir uma rede social”, afirma.

É o que lhe faz acreditar que modelos que buscam a monetização via cobrança ou controlam excessivamente os usuários estão fadados aos fracasso. “O Facebook ensaiou cobrar e em três dias mudou de ideia porque milhões de pessoas se moveram para outras redes. O dia em que ele tente controlar mais o que acontece lá dentro, as pessoas irão para o Facebook ao lado. Se todas as redes comerciais entrarem num acordo, se criarão outras redes. As possibilidades são ilimitadas.”

Para Castells, quem tentar restringir o acesso na internet ficará isolado.

“Estamos em um mundo de redes sociais. Hoje as pessoas relacionam sua vida física com sua realidade na rede. Estão integradas. Não é uma virtualidade em nossa vida, é nossa realidade que se fez virtual. Essa é uma mudança fundamental. O que a internet permitiu é a autoconstrução das redes de relação, da organização social e das redes de pensamento. É a primeira vez na história que se produz uma autoconstrução da sociedade nessa escala.”

Castells e o jornalismo: ‘ser uma gota a mais num oceano de informação não faz muita diferença’

“As redes na internet abrem o jogo das ideias para todo tipo de ideia. Desta forma, a sociedade se expressa mais abertamente”, disse o sociólogo espanhol Manuel Castells, 68 anos e um dos principais pesquisadores sobre o comportamento humano na rede, em conversa que tivemos na semana passada (e sobre a qual você já leu um pedaço aqui).

A frase introduziu a parte em que falamos sobre jornalismo e a avalanche de informação _a trajetória de mídias de massa a massas de mídia, como bem define Ramón Salaverría. Castells acredita, como a gente, que o jornalismo se beneficiou da conversação e da abundância de informação na web.

“Os jornalistas recebem mais informação e, se enfrentam alguma restrição de seus chefes para publicar, podem sempre recorrer ao argumento de que se não publicarem, alguém o fará. Então a internet também ampliou a liberdade para os jornalistas, que sempre, ou quase sempre, lutaram pela liberdade de informação mas também eram prisioneiros de interesses políticos e comerciais em suas empresas”, diz o sociólogo, lembrando a era da publicação pessoal e a possibilidade de difundir informação sem permissão de ninguém.

A outra observação de Castells vai ao encontro do que dizemos há tempos: que a credibilidade restou como o último bastião da mídia profissional desde que o cidadão tem acesso às mesmas armas tecnológicas que ela.

“A única vantagem que têm os meios de comunicação estabelecidos é a credibilidade, o profissionalismo. Nunca se sabe se uma informação na internet é correta, há milhões de informações. Para ter credibilidade, é preciso transmitir a informação correta. A política de meios de comunicação mais exitosa é aquela que afirma o profissionalismo e a independência. Senão, para ser uma gota a mais num oceano de informação, não faz muita diferença.”

Apple não vê graça nenhuma em comercial bem-humorado de jornal dos EUA

Muita gente se divertiu _e não é para menos_ com a publicidade do Newsday, jornal de Long Island (EUA) que acaba de ganhar um aplicativo para iPad e brincou com a única função em que o produto perde para o bom e velho jornal impresso.

O que vem a seguir não tem a menor a graça: a Apple não gostou nada do comercial. E ameaçou o jornal com a exclusão da App Store (onde estão expostos os aplicativos) se a publicidade não fosse tirada do ar.

Em nota oficial, o Newsday confirmou a pressão e anunciou que “a curta e gloriosa trajetória” da fantástica peça se encerrou.

Impressionante a falta de humor de Steve Jobs…

O atestado de óbito do sindicato dos jornalistas de SP

É hoje que o sindicato dos jornalistas de São Paulo assina seu atestado de óbito: a entidade, que já há anos servia apenas como um plano odontológico e estava morta como representante de uma categoria, abriga nesta quinta-feira uma manifestação contra a imprensa.

É isso mesmo, eu não estou louco nem bêbado: o sindicato, que deveria defender a classe, abre suas portas para um grupo de entidades interessadas em denunciar a “baixaria nas eleições” e o “golpe midiático”, seja lá isso o que for.

Na prática, trata-se de mais uma tentativa de calar e constranger a imprensa livre e combater o jornalismo investigativo _eles se esquecem de que o ministro mais importante do governo, o da Casa Civil, teve de deixar o governo justamente por conta destas investigações.

É o fim patético de um sindicato que já tinha sido destruído pela desconexão entre sua direção e a realidade.

Que não descanse em paz.

Castells: ‘Se um país não quer mudar, não é a internet que irá mudá-lo’

A Folha de S.Paulo publicou hoje entrevista que fiz na sexta-feira com o sociólogo espanhol Manuel Castells, pesquisador-referência no que diz respeito à sociedade em rede.

O enfoque no caderno de Eleições, claro, são as relações entre poder político e cidadãos, que agora além do mesmo país coexistem também nas mesmas plataformas na internet.

Durante a semana, outros assuntos que abordei com Castells _como jornalismo e Twitter_ vão aparecer por aqui.

Até.