Previsões para 2015 colocam a publicidade em dispositivos móveis na crista da onda, com um crescimento de até 65% – ok, a base é menor, então o incremento via de regra é espantoso mesmo.
Ainda hoje, passados nove anos, o uso do Twitter em empreendimentos jornalísticos ainda gera dúvidas. Paradidgma em tudo o que faz, o New York Times compartilhou algumas certezas (e incertezas) sobre essa rede social tão jornalística quanto tempo real – a minha favorita, com o Pinterest bem de perto.
Primeiro mito: o NYT não interage com críticas. Elas ficam lá, sem resposta, numa atitude tão… antissocial!
Segundo mito: muitas vezes o título original publicado no site funciona melhor do que uma versão adaptada para o ambiente de 140 caracteres.
“O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, instruiu os seguranças do ministério a não permitir que repórteres, fotógrafos e cinegrafistas fiquem na portaria do prédio durante a sua chegada.”
Notícia?
Por que diabos isso deve ser comunicado ao público? Talvez para que ele saiba as condições precárias em que a notícia muitas vezes é obtida?
Entendo ainda que a determinação do ministro possa ser vista como um cerceamento ao exercício da profissão. Mas não é o caso, obviamente.
As relações entre fonte e jornalista precisam de algumas mínimas regulamentações de convivência. É salutar.
Em 1993, um e-mail registrou os jornais americanos que possuíam versões eletrônicas (nada mais do que o conteúdo impresso convertido em DOS para BBS). Eram apenas 22 – sem o The New York Times.
O ataque ao Charlie Hebdo não foi o primeiro a uma publicação, digamos, satírico-anarquista. Em 1977, a sede da revista espanhola El Papus (em muito parecida com o semanário francês) foi palco de um atentado a bomba quando ocorria a reunião de pauta (outra semelhança). O zelador do prédio morreu e outras 17 pessoas ficaram feridas.
Não houve condenados pelo crime, atribuído a um grupo de extrema-direita que já havia feito ameaças a jornalistas da publicação – lembremos que a Espanha recém havia saído dos sombrios 40 anos de ditadura sob as mãos de ferro de Franco. Um cenário onde a intolerância grassava.
O documentário “El Papus, anatomia de um atentado“, revisita esse clima de terror, tenta explicar o porquê da impunidade e, especialmente, reverencia a irreverência da publicação, capitaneada pelo trabalho de talentosos cartunistas (como o jornal francês). A El Papus acabaria fechando as portas em 1986.
“Como não sabiam desenhar, tinham de usar uma arma. Dizem que a caneta tem mais poder que a arma. Claro que não, a arma é mais poderosa”, diz um entrevistado a certa altura.
Os criminosos que perpetraram a chacina do semanário francês Charlie Hebdo, que inspirou gerações de jornalistas-cartunistas pelo mundo (como a nossa turma de O Pasquim), não sabem o que fizeram.
Na tentativa de calar, notabilizaram e globalizaram uma mensagem que tem o desprendimento, muito antes da liberdade, como o maior trunfo.
Mais Charlies Hebdos virão. E o original ingressou numa santificada galeria. Certamente não era isso que queriam os matadores.
ATUALIZAÇÃO: Para ilustrar o que escrevi acima, o advogado do Charlie Hebdo informou nesta quinta que a próxima edição da publicação (moribunda como vários outros impressos e estagnada em 60 mil exemplares) terá 1 milhão de cópias.
Não é só a Petrobras: o jornal japonês Asahi Shimbum, um dos maiores do mundo (põe todos os dias nas ruas cerca de 10 milhões de exemplares), criou o
“The Committee for Restoration of Trust and Resuscitation.”
Nem é preciso dizer que presidente e diretoria caíram depois que veio a público que o ombudsman do jornal havia sido censurado justamente por criticar seus acidentes de trabalho.
Listas são sempre polêmicas – ainda mais quando se propõem a elencar os melhores. Melhores para quem, cara-pálida?
Esta relação aqui, no entanto, é bem honesta. Primeiro, destaca o ressurgimento do áudio (numa era de pirotecnia) como uma boa plataforma para contar histórias. Quem diria: voltamos ao podcast.