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AP faz mudanças em manual de redação

A Associated Press (AP) anunciou algumas mudanças sutis em seu Manual de Redação.

Algumas estão relacionadas ao politicamente correto, mas houve reformas polêmicas (como a que trata de suicídio e a que considera o termo ‘Obamacare’ pejorativo).

Ah, os manuais de redação…

As fontes sumiram

Eis um efeito colateral interessante da megavilância a que o governo dos EUA tem submetido o tráfego de dados: o presidente da Associated Press (AP), Gary Pruitt, disse que fontes simplesmente estão deixando de falar com os jornalistas da agência com medo de serem descobertos.

Esse é o ponto crítico quando se estabelece um terror como a inexistência de privacidade: a inexistência de informações circulando.

Um Pulitzer póstumo

Um grupo de jornalistas iniciou uma campanha para que um dos maiores furos de todos os tempos, a rendição da Alemanha nazista em 1945, seja premiado quase 70 anos depois com o Pulitzer, a comenda mais importante do jornalismo dos EUA.

Seu autor, Ed Kennedy (que morreu em 1963) ganhou foi o bilhete azul após noticiar o fato – que estava sob censura das autoridades americanas.

Seu empregador, a agência Associated Press, já se desculpou oficialmente com seus descendentes pela insólita demissão.

Etnias e a Associated Press

O mundo está tão complicado que a maior agência de notícias do planeta, a Associated Press (mantida por um consórcio de jornalões), atualizou recentemente o verbete de seu manual de redação que trata da conveniência de se referir à raça de algum protagonista do noticiário.

Para a AP, a descrição é pertinente em matérias de procurados pela polícia ou pessoas desaparecidas e sugere que a referência racial seja suprimida do conteúdo on-line assim que foram localizados.

Seu negócio vai mal? Contrata uma assessoria!

Quando o seu negócio vai mal, o que você faz? Muda procedimentos, busca ideias novas, troca pessoas?

Não! Você contrata uma empresa de relações públicas (as populares assessorias)!

Foi isso que a Associated Press (AP), a mais antiga agência de notícias em funcionamento, decidiu fazer.

Agora, sua marca será trabalhada pela Speed Communications, que tentará mostrar ao mundo a importância da velha escola de jornalismo.

É a saída fácil para qualquer crise. Resolve? Veremos.

A foto encenada de Barack Obama e considerações sobre ética no jornalismo

A foto de Pablo Martinez, da AP: montada

Essa é boa, mas é velha: fotógrafos das agências noticiosas AP e Reuters revelaram que a imagem de presidente Barack Obama durante discurso em que anunciou ao povo americano a morte de Osama Bin Laden foi montada.

Neste caso, dizem os profissionais, foi o próprio personagem quem sugeriu a encenação, posterior ao discurso de fato.

Nos EUA, a ação fere o código de ética da Associação Nacional de Fotógrafos.

Na prática, e em boa medida capitaneada pelos próprios fotógrafos, a encenação de situações para registro em imagem é frequente e recorrente globalmente.

Mais recentemente, na era da superexposição digital, protagonistas do noticiário também passaram a adotar a prática, com a complascência dos profissionais.

O triunfo das grandes ideias

Principal agência de notícias do mundo (é mantida por uma cooperativa de jornalões, TVs e rádios, por sinal), a Associated Press anunciou que irá ampliar a distribuição, para seus clientes, de conteúdo produzido por entidades sem fins lucrativos que produzem jornalismo, como a ProPublica, que na semana passada ganhou seu segundo prêmio Pulitzer.

Esse modelo de negócios está ganhando o planeta _mostrando mais uma vez que hoje as oportunidades no jornalismo não estão necessariamente nas grandes redações, mas nas grandes ideias.

É como eu sempre digo: pessoas são mais importantes que instituições.

AP estima faturamento de agregadores em US$ 500 milhões

A informação de que os agregadores de notícias movimentam cerca de US$ 500 milhões, estimativa que a agência Associated Press informou em reportagem publicada ontem pela Folha de S.Paulo (só para assinantes), é tão surpreendente quanto difícil de confirmar.

Infelizmente a matéria não esclarece qual o período de apuração desse valor (semanal, mensal, anual?) e, estando a AP na linha de frente do combate aos sites que adicionam (e promovem, diga-se) conteúdo alheio, não dá para acreditar em tudo o que ela diz sobre este tema.

A fonte do texto é Srinandan Kasi, vice-presidente da AP, que está empenhada na criação de um formato parecido ao pagamento de direitos autorais, como ocorre na música, por exemplo, para os criadores de conteúdo linkados por agregadores _a priori, estas páginas não possuem publicidade, daí a dificuldade em entender de onde sairia tanto dinheiro.

Vamos ver onde isso vai dar. A tendência é que em lugar nenhum.

Por que divulgar nomes de envolvidos em crimes?

Qual a utilidade de se divulgar nomes de envolvidos em crimes ou vítimas deles? A não ser que sejam pessoas realmente de interesse público, nenhum _quem guardaria o RG de zé manés, e para que? Crime é crime, importam predicados, mais que sujeitos (com a exceção acima descrita). E aqui vai um comentário que extrapola a idade do infrator.

A Associated Press _agência noticiosa que desde 1848 é bancada por um grupo de jornais e emissoras de rádio e TV dos EUA_ proibiu recentemente, em seus despachos, a divulgação dos nomes de menores de 18 anos “testemunhas ou acusados de crimes”, além de pessoas que digam terem sido vítimas de ataque sexual.

Isso já é lei que fará 20 anos no Brasil em julho (ao menos no que se refere aos menores).

Doug Fisher, num bom post, questiona a funcionalidade e a possibilidade de colocar a medida em prática em escala global, como pretende (corretamente) a AP.

Novas narrativas: a imagem chocante da guerra

julie_jacobson_ap_1

A fotógrafa Julie Jacobson, da Associated Press, se viu diante de um dilema mês passado, quando acompanhava uma incursão do exército americano no Afeganistão e um marine foi atingido por um foguete. Ferido gravemente, não resistiu.

As fotos só foram divulgadas agora.

Julie não interferiu na ação e, à distância, registrou a agonia do soldado e a tentativa, em vão, de salvá-lo. Há quem pergunte como é possível se deparar com situações assim e não correr em socorro da vítima. São os que não conhecem o jornalismo.

Os que conhecem sabem perfeitamente que a melhor maneira de ajudar alguém é registrar fielmente um fato, e contextualizá-lo, para que se entenda por que ele aconteceu.

A história completa de Julie e seu furo de reportagem estão num audio slideshow forrado de imagens bacanas e narração bastante satisfatória do ponto de vista de uma reportagem.

É sobre isso que estamos falando em termos de novas narrativas jornalísticas.