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O bar da Rádio Itatiaia

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Principal rádio de Minas Gerais, a Itatiaia abriu um bar em Belo Horizonte que vai reunir, além do acervo da emissora, um estúdio-palco de onde serão transmitidos seus principais programas. O local ainda abrigará cursos e eventos especiais com capacidade para 250 pessoas.

Um telão de 4 m de largura por 2,5 m de altura receberá os torcedores em dias de transmissões – obviamente com a Itatiaia como “trilha sonora”, um ganho institucional para a emissora e, claro, para os anunciantes.

Ainda no mês passado comentei aqui sobre o Libération, cujos acionistas pretendiam dar mais vida à redação criando um espaço de uso coletivo onde as pessoas pudessem encontrar os jornalistas e, também, trazer mais valor à marca do veículo (a redação rechaçou a proposta categoricamente).

O The Guardian possui um café, e o jornal alemão Taz, pioneiro nesse tipo de iniciativa, também.

A exploração de vínculos sociais pode não ser uma tendência apenas no que se refere à virtualidade. E todo mundo tem a ganhar com ela.

Efeito colateral

Editor do The Guardian, Alan Rusbridger deu uma entrevista sobre o caso Snowden que mostra bem a pressão psicológica a que todos os jornalistas envolvidos nesse escândalo de espionagem estão submetidos – ele mostrou até uma placa de computador destruída por agentes britânicos.

O café do Guardian e a coexistência

A notícia de que o Guardian abriu um pequeno café em Londres poderia ser a ocasião ideal para materializar, num veículo importante, experiências de convívio entre jornalistas e leitores como os que pequenos veículos da Alemanha e da Suíça já protagonizaram.

Num tempo de coexistência pro-am, mas via redes sociais, espaços de verdade frequentados por ambos ajudariam bastante no processo de construção coletiva do que conhecemos como noticiário.

A ideia do café, por sinal, é bastante antiga, mas funcionaria melhor se, estrategicamente, estivesse localizado ao lado da redação. Infelizmente, o local serve apenas à marca institucional do diário.

O primeiro passaralho a gente nunca esquece

Pela primeira vez em 190 anos, o jornal britânico The Guardian poderá passar pelo drama de um passaralho (para quem não é do jornalismo, a demissão em massa de coleguinhas).

Sobrevivendo na corda-bamba, a empresa (que tem no papel 70% de seu faturamento anual de 200 milhões de libras) está se preparando definitivamente para a vida sem jornal. Antes disso, porém, alguns ajustes amargos deverão ocorrer. Entre eles, a demissão de pessoal, já que voluntariamente apenas 34 pessoas se desligaram de seu quadro.

O objetivo inicial é cortar 7 milhões de libras do orçamento (algo em torno de R$ 23 milhões).

E você sabe o que cortes, num empresa jornalística, significam, né?

Isso mesmo: um produto pior, menos investimento em reportagem, pouco material exclusivo etc.

É triste a realidade da nossa profissão.

Onde foi parar a equipe do tabloide criminoso?

Nesta semana fez um ano que o News of the World, tabloide de Rupert Murdoch, fechou as portas depois de um rumoroso escândalo que teve como tema central o uso de métodos nada habituais de investigação jornalística – como a quebra de sigilos telefônicos.

Roy Greenslade, no Guardian, conta onde foi parar e o que anda fazendo aquela equipe que, um dia, esteve à frente do jornal de um milhão de exemplares.

Redatores atolados em tarefas on-line

O Guardian se dedicou outro dia a explicar a nova função dos redatores on-line do periódico (“agora, o deadline é a cada momento do dia”).

Afora a constatação acima, óbvia, o jornal destaca a necessidade de compreensão de SEO, outra habilidade que os jornalistas jamais pensaram que deveriam ter – consiste em escolher palavras que tornem o conteúdo mais visível ao público no oceano da internet.

E dá-lhe empacotamento de conteúdo, etiquetagem, conteúdo relacionado, adição de vídeos e áudios etc…

Não é fácil, senhores.

Modelo aberto do Guardian é um fracasso, diz jornalista

Autora do livro “The Revolution will be Digitised”, Heather Brooke se desencantou com o modelo “open journalism” do Guardian, antes saudado por ela própria como a salvação do ofício.

Significa que Brooke pulou o muro em direção aos defensores dos paywalls, a cobrança por conteúdo em meios on-line – um dilema de nossa era, cobrar ou não cobrar.

“É um modelo de negócios fracassado, as notícias não são de graça”, decretou a jornalista e escritora.

É por isso que o modelo poroso, que permite uma quantidade definida de acessos antes de mandar a conta, parece ser o mais equilibrado e passível de promover o necessário ajuste de relações consumidor-mídia no que diz respeito sobre o valor de nosso trabalho.

WikiLeaks em guerra contra a mídia tradicional

Julian Assange segue firme em seus cavalos de batalha contra a mídia tradicional, a mesma que, registre-se, tornou seu projeto WikiLeaks célebre.

Agora, Assange acusa o The Guardian de ter sido desleixado e deixar vazar um código de segurança que abriu 251 mil documentos até então não publicados, revelando o nome de diplomatas e colocando outras pessoas em situação constrangedora (para não dizer perigosa).

O jornal britânico se defende e diz não saber como o arquivo que continha o material, removido de seu servidor, reapareceu no BitTorrent _e daí, caiu na rede.

O WikiLeaks já havia rompido com o The New York Times porque o jornalão se recusou a seguir o cronograma de publicações de outros documentos sugerido por Assange.

Convenhamos: quem trabalha com vazamentos não deveria, a priori, se incomodar com um.

Guardian faz especial sobre fotógrafos de guerra

O Guardian colocou no ar um especial bacana sobre fotógrafos que cobrem conflitos, “O tiro que quase me matou“.

Para ver e guardar.

Lições de integração do Guardian

Alan Rusbridger, diretor do Guardian (provavelmente o jornal que melhor entendeu a necessidade da convergência entre papel e on-line), deu uma belíssima entrevista ao El Pais.

Nela, lamenta que tenha menosprezado o poder do Twitter e defende uma web aberta e colaborativa _até como antídoto ao altíssimo custo do jornalismo investigativo de qualidade.

Comandado por Rusbridger, o processo de integração do jornal britânico começou na marra (seus jornalistas foram obrigados a abrir contas em redes sociais e a interagir com os leitores). Não é uma prática recomendável (o engajamento dos entusiastas e o convencimento paulatino dos demais, na minha opinião, é mais eficiente).

Mas deu certo: o Guardian é um belo exemplo de como fazer.