Outro dia o ensino do jornalismo no mundo fez 100 anos. Agora, no Brasil, recentemente a Universidade de Brasília (UnB) descobriu o projeto original de Pompeu de Sousa, criador do primeiro curso de Comunicação Social do país lá mesmo, na novíssima capital, em 1961.
Na verdade, é um texto de Alberto Dines, escrito em 1965, que detalha alguns conceitos do curso concebido por Pompeu, introdutor do lide no jornalismo brasileiro (no Diário Carioca, em 1950) e também criador do primeiro manual de redação de que se tem notícia nestas paragens.
O propósito do curso, que ora reproduzo, era nobre: “Dedicar-se-á, pois, a Faculdade de Comunicação de Massas ao estudo e ensino das ciências, artes e técnicas concernentes a todos os veículos e instrumentos que, transmitindo informação, opinião, sugestão, recreação e arte, em escala industrial, intra-relacionem e inter-relacionem as massas humanas, recebendo e exercendo influências geradoras ou condicionadoras de estados-de-espírito coletivos das mesmas. Estudará e ensinará, portanto, a melhor utilização de todos estes veículos e instrumentos: jornais, revistas e periódicos de toda natureza, agências noticiosas, agências de publicidade e propaganda, rádio, cinema, televisão, ou, ainda, outros quaisquer que o progresso da tecnologia venha a criar ou desenvolver.”
Há de se perguntar o porquê da presunção do trecho “ensinará (…) a melhor utilização de todos estes veículos”, mas acho que não vem ao caso. Nem hoje, mais de 40 anos depois, haveria resposta.
O mais interessante é notar o óbvio (para a época) ensinamento restrito às ciências, artes e técnicas concernentes a todos os veículos que “transmitem em escala industrial”. Se transposto para os dias de hoje, deixaria de fora precisamente o mais bacana: as coisas escritas de cueca, em casa, e que estão verdadeiramente revolucionando a profissão graças à difusão gratuita e imediata proporcionadas pelas novas tecnologias.
Por sinal, o grosso das faculdades ainda não atentou para isso.