As discussões sobre a linha editorial de Veja e de sua congênere Carta Capital (idênticas, mas com sinais políticos trocados) são inspiradoras para o debate sobre a imparcialidade no jornalismo, que nasceu partidário e nunca livrou-se totalmente dessa tendência _só a academia ainda acredita nisso, em tese.
Não é, claro, um fenômeno brasileiro. O ativismo jornalístico existe onde quer que esta atividade profissional seja desempenhada. Veja o caso da Venezuela, cujo presidente, Hugo Chávez, expulsou ongueiros da Human Rights Watch, que diz fiscalizar o cumprimento dos direitos humanos no planeta.
Mesmo distante (no caso, no Chile), o engajado Manuel Cabieses (diretor da irrelevante revista política Punto Final) levantou a voz para comprar a briga. Defendeu Chávez, atacou a ONG. Lado certo ou errado?
No jornalismo, não há lado. Há o todo.
É constrangedor assistir à profissão se partidarizar como em seus primórdios. Qual a credibilidade de um jornalismo sectário, comprometido com convicções de outrem?