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Agências de notícias, um raio x

Praticamente 30 anos depois do primeiro trabalho do gênero, a academia brasileira volta a se debruçar sobre o tem em “Agências de Notícias: perspectivas contemporâneas brasileiras”, e-book que já está a disposição para download (ele não é gratuito: em troca exige acesso a informações pessoais de seu perfil no Google e um longo cadastro).

A coletânea reúne artigos de oito autores que pretende traçar uma linha do tempo que vai da estruturação desse tipo de empreendimento jornalístico até o momento atual, no qual pontuam no cenário experiências alternativas (e enviesadas) que de toda forma oxigenaram o formato surgido muito antes da crise do jornalismo tradicional – paradoxalmente, justamente para conter custos e que teve como efeito colateral maligno a pasteurização do conteúdo midiático.

Redes sociais e ad blockers ameaçam jornalismo tradicional

Uma combinação entre ascensão das redes sociais, migração para o mobile e rejeição da publicidade digital está impactando como nunca antes – como se isso fosse possível – a indústria de notícias e produção de conteúdo tradicional. As descobertas estão em mais uma rodada do relatório Digital News, realizado anualmente pela Reuters.

Desta vez, 50 mil consumidores de notícias em meios digitais foram ouvidos e, entre os resultados, está a espantosa constatação de que nada menos do que 51% deles admitem recorrer às redes sociais para se informar. Um terço dos participantes da pesquisa admite que recorrerá a um ad blocker (bloqueador de anúncios on-line) para se livrar de “visitas indesejadas” enquanto navega.

Mas tem mais: entre os que falam inglês (um mercado ultracompetitivo), só 9% se dizem dispostos a pagar para leer conteúdos – esse número pode até dobrar em países com idiomas menos globais, caso do Brasil.

O relatório completo pode ser consultado aqui.

Aprenda a falar em emojês

Que o emoji é uma poderosa ferramenta de engajamento social, todos sabemos. Mas de que forma eles são interpretados? Um estudo da Universidade de Minnesota se debruça sobre esse tema, chegando a conclusões pertinentes.

Como um texto, os emojis não são “lidos” da mesma forma pelas pessoas. A plataforma onde é publicado (seja equipamento ou rede social) também impacta decisivamente a forma como a mensagem será interpretada pelo receptor.

E qual é o limite para sua utilização? Depende do tom de voz da marca. Quem conversa com os jovens tem muita mais liberdade no uso desse “alfabeto” tão importante quanto o nosso. Perfis mais “sérios”, por outro lado, não deveriam abandonar o recurso por completo, mas talvez encontrar figuras que, para além do bom e velho ok, fossem imunes a mal-entendidos.

De toda forma, não dá para pensar em gestão de presença em redes sociais sem emojis. De jeito nenhum.

Nos EUA, opinião é coisa da web

Saudada como a salvação dos jornais impressos, a opinião tem cada vez menos espaço nas publicações americanas – que estão optando pela web para desovar esse tipo de conteúdo.

A constatação, revelada em pesquisa do Pew, desmente mais uma “máxima” da era da informação total.

Mais problemas nos comentários

Isso é muito antigo: a melhor maneira de se manter um nível melhor de comentaristas de notícias on-line é zelar pelo lugar onde eles comentam, seja limpando a área, seja interagindo a demandas que surgem ali dentro. Tudo muito difícil, devido ao volume.

Não é o que fez o Huffington Post, que agora optou por impedir os comentários anônimos. Não vai resolver, como outras pessoas também acham

US$ 38 bilhões

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Se você já desconfiava, agora pode ter certeza: o Google é a maior empresa de mídia em faturamento com publicidade de acordo com levantamento realizado pela consultoria ZenithOptimidia.

Pelos números de 2011, a empresa pôs no cofre quase US$ 38 bilhões, ficando muito à frente dos congêneres Yahoo (15º na mesma lista), Microsoft (26º) e Facebook (28º).

Conclusão: conteúdo importa, mas busca importa muito mais.

Os males da monocultura

Você confia sua vida on-line ao Google e, no primeiro problema, sai xingando muito no Twitter.

Uma queda parcial dos serviços da empresa de Sergei Brin e Larry Page, nesta semana, nos fez lembrar mais uma vez os males que a monocultura traz. A verdade é que muita gente parece simplesmente não ter plano b na web.

Isso é ruim em primeiro lugar pela própria democratização da rede – há serviços idênticos em toda parte, basta procurá-los.

Em segundo, e fica o alerta: suas coisas on-line podem não ser tão seguras assim. Não é o caso do Google, mas ninguém está livre de perder arquivos cruciais por causa do fechamento de serviços. Isso às vezes acontece de forma totalmente inesperada.

Pense nisso antes de espernear.

A propósito, desta feita a queda parcial dos serviços do Google, tudo leva a crer, esteve concentrada nos servidores de provimento, não dos da empresa.

Curso: o jornalismo esportivo na era da entrevista coletiva

Os personagens do esporte estão blindados por assessores de federações, dos clubes e babás pessoais. São celebridades, ninguém mais chega perto deles. Nesse cenário, como produzir um jornalismo criativo, inteligente e útil para o consumidor de notícias, deixando de lado a pasteurização atual?

É essa a temática central do curso on-line de três horas (das 9h às 12h) que comando no dia 2 de julho sob o selo do Comunique-se.

Se você tiver mais interesse pelo tema, conheça o curso de pós-graduação em Jornalismo Esportivo oferecido pela Faap – e coordenado por mim (as inscrições para a turma de setembro já estão abertas).

E mais: saiba como contratar cursos e palestras do Webmanario.

Redatores atolados em tarefas on-line

O Guardian se dedicou outro dia a explicar a nova função dos redatores on-line do periódico (“agora, o deadline é a cada momento do dia”).

Afora a constatação acima, óbvia, o jornal destaca a necessidade de compreensão de SEO, outra habilidade que os jornalistas jamais pensaram que deveriam ter – consiste em escolher palavras que tornem o conteúdo mais visível ao público no oceano da internet.

E dá-lhe empacotamento de conteúdo, etiquetagem, conteúdo relacionado, adição de vídeos e áudios etc…

Não é fácil, senhores.

‘O jornalismo impresso vende informação, não papel’

Uma entrevista que concedi a alunos da faculdade de jornalismo da UniverCidade, do Rio.

– O senhor estreou como repórter da Folha da Tarde, trabalhou no Diário do Grande ABC, na Gazeta Esportiva, entre outros; e inovou usando o jornalismo na transmissão de dados online. Como ocorreu essa transição do jornalismo impresso para o online?
Na verdade, ainda estamos em pleno processo de acomodação. Eu não diria transição porque, ao meu ver, o termo pressupõe a substituição de uma coisa pela outra, quando na verdade o que há é a complementaridade entre os dois suportes. O jornalismo on-line começou basicamente como uma mera transposição do conteúdo em papel, a ponto de os sites nem sequer serem atualizados em tempo real (apenas uma vez por dia, mesmo timing do produto impresso). Com o passar dos anos – importante lembrar que a internet comercial chega ao Brasil em 1996 – o conceito de minuto a minuto foi se consolidando, mas mais importante do que ele é a compreensão das ferramentas que a plataforma multimídia colocou à nossa disposição. O meio on-line comporta absolutamente todas as outras mídias (TV, rádio, livro etc), e saber se mobilizar nesse mundo é algo que leva tempo. Pior: nem bem sabemos o que fazer na web e surgiram os celulares e seua aplicativos. Daí toca a aprender a explorar esse novo ambiente. E surgem os tablets. Enfim, é uma corrida sem chegada.

– Com um papel importante na consolidação dos novos processos jornalísticos e como pesquisador de novas mídias, o senhor acredita que o jornalismo impresso corre o risco de acabar? Necessita de renovação? O que precisa mudar?
O jornalismo impresso há muito deixou de ser um produto de massa, e nem por isso acabou. Assim como o rádio não acabou com o papel e não foi exterminado pela TV. As mídias são complementares. Por uma questão de sustentabilidade (seu processo industrial é caro e danoso para o meio ambiente), é natural supor que o jornalismo impresso passaria por uma retração. Porém, em países emergentes como o Brasil, ele ainda tem décadas de expansão. É bem diferente da situação do hemisfério norte, onde a própria penetração da banda larga (e há um estudo ótimo de Alan Mutter sobre o tema) colabora para a queda de circulação dos jornais. Jornalista não vende papel, vende notícia. Pouco importa em que suporte se está. Acho que em grande medida os impressos têm sabido trabalhar de forma complementar com seus sites e oferecer, nas bancas e a assinantes, produtos diferenciados recheados com mais análise e opinião – algo que, fora os blogs, deixa a desejar na web.
– Quais atividades o senhor realiza no jornalismo multimídia e, principalmente, quais realiza hoje e que não desempenhava no jornalismo impresso?
Meu próprio cargo atual só existe por causa do avanço tecnológico (sou editor de mídia social e jornalismo colaborativo), mas posso ser considerado uma exceção entre os colegas. Muito antes da internet eu já gravava áudios e vídeos e fotografava. Nesse aspecto, pessoalmente, não incluí em minha rotina como jornalista multimídia nada que eu já não fizesse antes (claro que para outras mídias que não apenas o jornal).
– O jornal impresso é limitado pelo tamanho das colunas ou pelo tempo, mas na internet, sobretudo blogs, não há limites, como garantir a qualidade da informação? Como perceber os interesses por trás de determinada ideia?
É o grande problema da internet: a falsa impressão de que ela comporta tudo. Não é verdade, existe limite físico de armazenamento de dados. Não só o limite da existência do elemento químico com a qual as mídias armazenadoras são produzidos, mas o próprio limite financeiro de se bancar expansão eterna de servidores para atender a uma demanda específica. No caso do jornalismo on-line, a sensação de que ele proporciona espaço para tudo provoca a catastrófica mania de se publicar tudo, relegando a edição para o último plano. Ora, editar é o ato de escolher, e na internet nós jornalistas deveríamos fazer mais opções – digo entre publicar e não publicar – para limpar um pouco a rede de bobagens. É o grande buraco do jornalismo on-line. Quando à motivação de pessoas que usam a rede para apurar/difundir/analisar informação, preciso deixar claro que eu considero, antes de mais nada, um direito fundamental da pessoa, jamais um monopólio dos jornalistas. Interesses estão por trás de ideias muito antes da internet, é um apanágio da humanidade. Checagem e amplo conhecimento do que pode motivar, por exemplo, uma denúncia é um dos passos para reduzir esse risco.
– E ainda, um bom jornalista passa a ser redefinido como alguém que é bom o suficiente em qualquer mídia. Quais características um jornalista deve possuir para se sair bem no meio multimídia?
Reiterando, o jornalismo trabalha com informação, não com papel, ondas magnéticas ou banda larga. O bom jornalismo como o conhecemos continua com os mesmos critérios. Só há dois tipos de jornalismo: o bom e o ruim.