Quem é a Webma

SOBRE MIM
Ajudo marcas, governos e pessoas a se comunicarem melhor. Jornalista e professor, atuo na indústria de comunicação desde antes da Internet. Sou especialista em marketing político, público, corporativo e digital, relacionamento com públicos de interesse e gerenciamento de comunidades. Trabalhei nas principais redações a agências de comunicação do Brasil. Fui Head de Digital na Prefeitura de São Paulo e no Sport Club Corinthians Paulista. Sou sócio do CAMP (Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político). Coordenei cursos de pós-graduação na Faap, em SP. Hoje estou diretor-executivo de digital da Máquina CW, do Grupo BCW Brasil.

EXPERIÊNCIA
Lidero equipes multidisciplinares em projetos de comunicação político-públicos e privados. Atendi, como diretor de estratégia da FSB, políticos, governos e prefeituras de 20 Estados brasileiros. Participei em várias funções, desde coordenador a roteirista, de 18 campanhas eleitorais no Brasil e no exterior.

No jornalismo tradicional fui editor-adjunto de Política da Folha de S.Paulo, editor de Esportes de O Estado de S. Paulo, editor-executivo do Portal Terra, editor de mídia social e interação na TV Globo e editor-executivo de A Gazeta Esportiva, entre outras passagens por veículos relevantes.

Leciono a disciplina “Estratégia de comunicação corporativa e marketing político-público” no curso de pós-graduação “Comunicação e a Nova Ordem Informacional” na Faap, em São Paulo.

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A foto de Lula com a vidraça quebrada é jornalismo?


Não foi Gabriela Biló quem inventou a dupla exposição. A técnica, aliás, nasceu no segundo seguinte à invenção da fotografia, façanha que por sinal está prestes a completar 200 anos, em 2026.

O objetivo da dupla exposição é a construção de cenas, por meio de montagem, daquilo que não estava ao alcance do fotógrafo por uma questão de perspectiva. Não é um recorte da realidade, mas uma montagem que, portanto, pode ser usada para construir uma percepção que não é necessariamente verdadeira.

Voltando a 2023: em janeiro, a fotógrafa Gabriela Biló, um dos expoentes da nova geração de fotógrafos que prestam serviço a jornais (no caso, a Folha de S.Paulo), emplacou na primeira página uma imagem que mostra um sorridente presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajeitando sua gravata atrás de uma vidraça quebrada por vândalos no infame 8 de janeiro. O problema é que essa cena jamais aconteceu.

É muito diferente das fotos de Wilton Júnior e Dida Sampaio, ambas polêmicas, mas as duas produzidas por uma ação de perspectiva, não de montagem. Em agosto de 2011, Júnior cobria uma cerimônia de formatura de cadetes na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), e capturou uma cena em que a então presidente parecia estar sendo atravessada por uma espada – naquele momento, após oito meses de governo Dilma já havia trocado cinco ministros por denúncias de corrupção.

A sacada de Sampaio foi parecida: em maio de 2016, Dilma (então às voltas com a iminente concretização de seu impeachment) foi retratada com a cabeça em chamas durante um evento de apresentação da tocha olímpica – os Jogos Olímpicos aconteceriam dali a dois meses no Rio de Janeiro.

A diferença entre as três imagens é gritante. A perspectiva de uma cena que efetivamente aconteceu e que promove diálogo entre o protagonista e fatos aos quais está relacionado transforma as fotos de Dilma em algumas das maiores já produzidas pelo fotojornalismo brasileiro. Assim como a de Lula, se ele tivesse sido retratado efetivamente por trás de uma das vidraças estilhaçadas no Planalto.

A partir do momento em que estamos falando de uma montagem, não estamos mais falando de jornalismo. Não me darei ao trabalho aqui de discorrer sobre a tola alegação de que o trabalho de Biló – uma fotógrafa brilhante, diga-se – colabora para “o clima de belicosidade e incita à violência”. Tolice pura. O que me interessa aqui é que este trabalho de Biló não é jornalístico.

Enquanto as duas fotos de Dilma que usei como exemplo para debater o tema representam pontos de vista, a de Lula não passa da vista de um ponto. Foi colocada, literalmente, onde não deveria.

Primeiro podcast de ficção da comunicação pública conta histórias de SP

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A explosão global do formato podcast resgatou uma tecnologia de princípio dos anos 2000, quando a banda de internet passou a permitir algo mais além de texto e fotos. Na verdade, nunca foi nada além do que o velho rádio sempre fez – comunicar por meio de áudio.

Em 2020, e na era do streaming, passou a fazer ainda mais sentido pensar em comunicação embalada em formatos que possam ser consumidos enquanto o usuário faz outra coisa (seja estar preso no congestionamento, malhando na esteira da academia ou, por que não, tomando banho).

Mas estava faltando algo além do talk radio (o tradicional bate-papo radiofônico), que virou o grande (pra não dizer o único) modelo de concepção de conteúdo de voz. Estava.

A Cidade de São Paulo (nova marca da prefeitura) lançou, na semana de seu aniversário de 466 anos, uma iniciativa inédita na comunicação pública: a série “Idas&Vindas”, podcast ficcional com estética de radionovela que conta, em oito episódios, histórias sobre a formação da cidade e sua gente baseadas em fatos reais.

A série já está disponível no site da Cidade e, a partir de sexta (24/1), também poderá ser acessada de forma gratuita nas principais plataformas de streaming, como Spotify, Deezer e Google.

O projeto, que tive o prazer de coordenar, rompe a ditadura do talk radio e oferece uma nova perspectiva para o uso da ficção na comunicação – e inclusive fora dela, como na rede de ensino e também na promoção do turismo.

Adendo importante: não sou inimigo do talk radio! Tanto que a Cidade de São Paulo produz conteúdo informativo em áudio com frequência semanal desde abril de 2019. São dois programas: o Aproveite Sâo Paulo, pílulas de um minuto que têm o objetivo de descrever serviços e equipamentos públicos para orientar o cidadão, e o Acontece em SP, um bate-papo semanal com convidados sobre assuntos que dizem respeito à cidade.

Perguntas sem resposta

“Nenhuma pergunta sem resposta”. A frase, uma espécie de mantra de quem gerenciou comunidades on-line no princípio dos 2000, foi por mais de um década uma espécie de regra não escrita do ofício de administrar a presença e a atuação de marcas e governos em serviços de redes sociais.

Da mesma forma que o avanço da tecnologia e a possibilidade de democratizar o acesso e a distribuição de notícias (por meio do que se habituou chamar de jornalismo participativo), acreditou-se que efetivamente estávamos ingressando numa era da história da humanidade onde todos, graças a dispositivos ao alcance das mãos, transformaríamos o mundo num lugar melhor e mais justo para se viver.

Um mundo em que as pessoas estariam realmente interessadas em compartilhar experiências, em trazer a público indagações legítimas, em registrar fatos do dia a dia sem viés, em fazer parte de comunidades simplesmente por acreditar e querer pertencer, por algum motivo, a um grupo específico.

Nesse cenário, “nenhuma pergunta sem resposta” era a senha para as marcas que tinham decidido descer para o play e brincar. Se você não agisse como um pitbull das redes sociais, perseguindo os usuários em busca de mais um check no gerenciamento de comunidade, estava fazendo aquilo errado.

Mas a era da inocência acabou. O jornalismo participativo se converteu numa voz enviesada e no núcleo principal da distribuição de notícias falsas, e a pressão pela interatividade total se mostrou um equívoco. O motivo: infelizmente as pessoas não tinham só boas intenções ao se relacionar com as marcas. Associado a isso, funcionalidades como a possibilidade de edição de comentários (presente em Facebook e Instagram) transformaram a área de comentários num perigoso e pantanoso terreno.

É triste, mas não é o fim: por óbvio existe (ainda bem!) legitimidade na maior parte dos relacionamentos digitais, mas é evidente que o fim da era da inocência precisou trazer, embutida, uma reorientação estratégica para fugir das cascas de banana que o tempo todo são jogadas para que marcas e governos escorreguem. Assim como a notícia falsa, há a interação falsa, enviesada e com objetivos nada edificantes.

No mundo digitalm, algumas perguntas podem (e devem) ficar sem resposta.

Encantamento versus prestação de contas

Encantamento versus prestação de contas. Reside aí a principal diferença entre a comunicação de marca e a comunicação pública – com uma intersecção que as aproxima, mas também as distingue.

Enquanto a primeira recorre às diversas ferramentas de comunicação para consolidar e conquistar novos consumidores, a outra, financiada integralmente pelo cidadão, precisa demonstrar claramente o que está devolvendo em serviços, políticas, programas e ações.

Mais: a comunicação pública é composta por entes que são obrigados por lei a realizar determinadas entregas – como nas áreas de saúde e educação. Para completar, seus clientes se relacionam com eles quer queiram ou não. Ainda que você não deseje (ou perceba), em algum momento sua vida depende diretamente dos governos federal, estadual e municipal.

Essa relação obrigatória, financiada pelo público e regulada por lei está bem distante do dia a dia da comunicação privada na busca da aproximação e do engajamento das pessoas. Estamos falando do mesmo trabalho, mas com abordagens absolutamente diferentes.

Não por acaso o “não faz mais do que a obrigação” é um comentário bastante frequente entre usuários que interagem com governos nas redes sociais. A margem para enveredar por outra agenda é muito pequena – e cheia de controvérsia. O que deve ser valorizado: a conexão com o cidadão por meio de uma linguagem menos hermética ou a adoção de uma pauta totalmente social media, que amplia seu público mais ao mesmo tempo aumenta a incompreensão?

Essa conversa não se encerra aqui, voltarei ao tema em breve.

Atenção, esta página não morreu…

… apenas migrou, no dia a dia, para o LinkedIn e para o Twitter, onde sigo compartilhando informação relevante sobre a transformação digital.

Vem comigo!

Ferramentas para ensinar a combater fake news

Imperdível: curadoria mundial feita pela plataforma argentina Chequeado coloca no ar hoje, Dia Internacional do Fact-Checking, o acesso a cerca de 200 atividades (vídeos e planos de aula entre elas) para ajudar professores a ensinar seus alunos a chegar à verdade dos fatos, desmascarando boatos e fake news. Em português o conteúdo está a cargo da Agência Lupa.

Repito: imperdível.

A mudança é para nós mesmos

Por que ano após ano aguardamos um momento específico para diagnosticar e propor mudanças que muitas vezes terão forte impacto em nossa vida pessoal e profissional? Por que não mudar constantemente em vez de esperar o estourar de champanhes – será que é porque ele parece nos fazer acordar de nossa letargia?

Do alto de 49 anos novos bem vividos posso lhe garantir que amanhã será exatamente igual a hoje se você não tomar providências. A troca do calendário, portanto, não pode fazer nem fará nada por você. Tudo continuará como sempre foi depois de você vestir branco, pular sete ondas e beber como se não houvesse amanhã.

Simbolismos são importantes, mas não promovem transformações. Pelo contrário, muitas vezes se constituem em amarras porque adoramos símbolos – e anunciar mudanças em meio a eles ajuda a conferir credibilidade às decisões. Está aí um dos grandes problemas desse modelo: as mudanças são para nós mesmos, não para os outros. Não precisam de discurso ou anúncio oficial, mas de ação.

Uma boa resolução de Ano Novo para 2019 é não ter mais resoluções de Ano Novo, mas resoluções contínuas para a vida cotidiana. Se um processo não está legal no trabalho, porque não meter o dedo na ferida e tentar resolvê-lo? Se um hábito pessoal te incomoda, que mal há em se mobilizar o quanto antes para mitigá-lo?

Cheguei até aqui também graças a uma série de reinvenções – por sinal, 2018 assistiu a mais um par delas sem que pra isso precisasse tocar a musiquinha de “hoje é um novo tempo” na TV.

Mas não, adoramos símbolos, e o da mudança de calendário tem um força tá grande que é capaz de adiar transformações importantes até a Corrida de São Silvestre e a contagem regressiva. Pior, transmite a sensação de mudança ainda que nada mude.

Você não precisa de um Réveillon para tomar decisões, e isso é um alívio: temos todo o ano para rever caminhos e propor novas abordagens. Mas se a gente não mudar, de pouco importa o calendário fazê-lo.

Precisamos falar de propósito

Pra minha geração propósito profissional certamente passava pela construção de uma carreira longa e estável (no setor privado ou público) com o objetivo de deixar o quanto antes a casa dos pais e acumular riqueza para garantir o futuro – por futuro leia-se uma combinação dos termos “poupança”, “fundo de garantia” e “casa própria”.

Isso certamente significava concordar com uma série de códigos que, vistos pela perspectiva de hoje, seriam gatilhos fáceis de evasão no mundo corporativo. Hoje as pessoas falam não e recusam imposições no ambiente de trabalho com muito mais facilidade do que fazíamos – e você não sabe como fico feliz com isso.

É preciso contextualizar: sou de 1969, nascido dois dias após a internet – a primeira conexão entre computadores, lado a lado, é de 29 de outubro daquele ano. Fora o telefone, os únicos comunicadores a distância que conhecia ao iniciar minha aventura no mundo do trabalho eram as ondas curtas (a internet do meu tempo) e o walkietalkie (esse com um alcance bem limitado, a metros).

Compreensível, portanto, o zelo do patronato da época com o presenteísmo, aquele fenômeno que exige sua presença física ainda que as tarefas possam ser desenvolvidas com mais eficiência em outras circunstâncias – nunca é demais lembrar da cultura da interrupção e seu efeito devastador para a produtividade humana.

Mas não é só isso. Propósito profissional, diferentemente do entendimento de quando tive de construir essa estrada, agora está diretamente associado ao propósito pessoal. Essa foi a principal transformação. Houve atalhos, é verdade – agradeça à globalização, que diminuiu as distâncias do mundo e nos deu acesso a oportunidades de migração e empregos locais antes inimagináveis.

Para contextualizar de novo, ir para o exterior não era uma opção – ou melhor, era, mas só pra gente muito abastada. Ou então pros meus colegas religiosos do Batista Brasileiro, fundado por americanos e com ligações muito fortes com aquele país. Eu não era batista e sei como temporadas fora do Brasil transformaram culturalmente esses colegas.

Com nobres exceções, minha geração também não entendia muito bem o conceito de doação. Principalmente a de tempo, hoje uma das moedas mais importantes para as corporações quando estão recrutando profissionais. Doar era um ato, não uma atitude. E ainda por cima reservado a missionários.

Do ponto de vista de RH, não havia outra via possível: éramos todos tratados de forma homogênea, sem personalidade. Demonstrar a personalidade era um incômodo, queria-se gerenciar iguais. E aceitávamos bovinamente. Desculpe, não fiz por mal.

O conceito atual de propósito permite fazer uma provocação que, na minha máquina do tempo, não faria qualquer sentido: ganhar mais significa ter mais dinheiro no bolso?

Propósito não é sobre dinheiro. É sobre você.

A democracia dos stickers

A comunicação digital é tão dinâmica que nem bem saímos das fraldas dos emojis e já somos atropelados pelos stickers, a última palavra em interação visual dentro de plataformas fechadas de mensagens eletrônicas – que, em bom português, significa WhatsApp.

Assim como o emoji, não é demais imaginar que a cultura do sticker – recurso liberado pela ferramenta em princípios de novembro e que já se transformou numa epidemia entre seus usários – transborde para todas as outras instâncias de comunicação digital.

O passo seguinte, é claro, é sua adoção pelo mundo off-line, aquele em que as “velhas mídias” emulam suas parentes mais descoladas e recorrem a seus recursos em anúncios de revista ou TV, por exemplo.

Mais do que a surpreendentemente veloz adoção, os stickers têm um caráter democrático que o emoji não foi capaz de trazer. Afinal de contas, há um longo processo para a aprovação e disponibilização de um emoji que passa principalmente pela avaliação de uma terceira parte.

O sticker, por outro lado, já nasceu com o DNA do DYU (faça você mesmo). Estão pipocando soluções para sua personalização, o que jogou muito a favor dessa popularização em tão pouco tempo. Não há dúvida de que hoje já se constituem em peças indispensáveis a um bom enxoval de comunicação.

Até a próxima novidade…