Arquivo do mês: fevereiro 2009

Webmanário, 1

O Webmanário completa hoje, 28 de fevereiro, um ano de vida. O projeto, concebido para ser coletivo, por uma série de fatores caiu no meu colo.

 Inicialmente previsto para abrigar a produção jornalística dos alunos do Unifai, onde leciono, a ideia ruiu por uma incrível sucessão de desencontros e desentendimentos entre os professores do curso.

O principal deles: o nome. Justamente aquilo que eu não abriria mão. Inclusive esse “incidência zero” aí no menu lateral brincava, há um ano, com o fato de não existir nenhuma referência na Internet ao termo Webmanário.

Era bem divertido quando foi ao ar pela primeira vez. O que, um nome que não aparece no Google? Perfeito, não?

Não era o planejado, mas eu tinha acabado de ganhar um blog _e um projeto pessoal de discutir o presente do jornalismo com colegas de redação, da universidade, alunos.

Perdão, um blog não, jamais diga que o Webmanário é um blog (pelos motivos que tantas vezes discutimos aqui mesmo nesta página).

Isso explica o “jornal-site-revista-laboratório” que acompanha o perfil deste produto. Era uma espécie de slogan para apresentar os trabalhos dos alunos _que provavelmente passeariam por todos esses formatos. Como ficou intrigante, mantive.

O Webmanário original (então apenas uma extensão das disciplinas por mim ministradas, daí o trocadilho do nome, ou seja, tinha relevância uma vez por semana _justamente quando eu dava aula) cresceu. Com a ajuda de diversos companheiros de academia, de jornal, de copo. E ganhou leitores além daqueles que me conheciam e comigo se relacionavam.

Como uma incrível coincidência, ontem, quando fechou-se o ciclo de um ano, o site registrou a maior visitação de sua história. Pena que relatando um fato triste, a morte do jornal Rocky Mountain News, de Denver.

Nas próximas semanas, vou incorporar uma série de novidades ao Webmanário. A primeira delas, uma área “acadêmica” no menu lateral, com links para pesquisadores brasileiros e estrangeiros que têm ajudado a pensar o jornalismo na era da conversação e da publicação pessoal.

Pessoas que têm dividido os anseios sobre os rumos desta profissão em que, por sinal em meses, entrarei na segunda década desempenhando diariamente.

Mas o agradecimento maior é a você. O Webmanário chega a um ano com 409 posts publicados, média de mais por um dia, porque eu acredito que um produto on-line precisa ser assim, atualizado diariamente. Você, que esteve aqui comigo, também.

Muito obrigado.

O jornalismo morreu

O jornalismo morreu. A cada F5 na página, uma nova frase sobre os moribundos (no hemisfério norte) jornais impressos.

Como esta: “Se por um acaso não lhe contaram, os jornais impressos estão mortos. Nós sabemos, eles sabem. Apenas estamos fingindo que está tudo bem para sermos educados”.

Depois do fechamento do Rocky Mountain News, de Denver, não dá para não sentir um frio na espinha.

Cenas trágicas da última edição de um jornal

Choro e desespero na última edição do Rock Mountain News

Choro e desespero na última edição do Rocky Mountain News/Foto: Reuters

Sempre que um negócio vai à falência, há uma tristeza natural não apenas entre os funcionários, mas também na comunidade. Se é assim com a pizzaria do lado da sua casa, imagine com um jornal.

Pois o Rocky Mountain News, que um dia já ganhou o prêmio Pullitzer (provavelmente o mais prestigioso do jornalismo mundial), teve cenas trágicas nesta quinta, quando a redação foi reunida e comunicada de que a edição desta sexta-feira é a última da história do veículo.

Publicado desde 23 de abril de 1859, o periódico não suportou um prejuízo total de US$ 16 milhões no ano passado.

Na reunião com os funcionários, que teve narração ao vivo via Twitter, a pergunta que não quer calar: já que a edição impressa é economicamente inviável, por que não fazer um produto exclusivamente on-line?

A resposta, de um dos diretores da empresa, é devastadora. “Se achássemos isso possível, não estaríamos aqui hoje”.

R.I.P., Rocky Mountain News.

ATUALIZAÇÃO: Nos comentários, a amiga @kikacastro mostra as capas dos dois jornais de Denver relatando a morte do Rocky Mountain. Leia mais notícias sobre esse triste fim.

Público banca mais uma experiência no jornalismo

Começou mais uma experiência de jornalismo financiado pelo leitorado nos Estados Unidos (as outras, que você já conhece, são o Spot.Us e o Jornalismo Representativo).

Jornalistas demitidos de impressos que fecharam as portas ou estão moribundos no Arizona criaram seus próprios veículos on-line para tocar a vida. E o Heat City trabalha com o conceito de microdoações para fazer pautas pinçadas entre sugestões do público _exatamente como funciona o Spot.us.

Vamos acompanhar e ver no que dá. Uma coisa é certa: a cultura da doação é americana. Não cola no resto do mundo.

Experiências da integração

“A integração [entre redações] não é uma maneira de economizar dinheiro. É um investimento no futuro, uma estratégia de crescimento para produzir melhores produtos e um jornalismo melhor”.

No momento em que o maior jornal brasileiro, a Folha de S.Paulo, finaliza os detalhes para integrar suas equipes em papel e on-line, é bacana ler algumas experiências da Innovations in Newspapers, empresa que ganha a vida vendendo soluções (como projetos gráficos, por exemplo) para jornais mundo afora.

Segundo o Blog do Gjol, esta série terá continuidade no blog da companhia.

Save the Media, Gina

Gina Chan, em seu Save the Media, tem contado sobre sua rotina de networked j0urnalist e o que acha indispensável para exercer a profissão na era da conversação e da vida em comunidades on-line .

É para poucos, mas que considero bem próximo do ideal.

Quanto a “salvar a imprensa”, é um pensamento ingênuo bem próximo do que exibe Charlie Beckett (correto na teoria, exagerado na prática) no livro “Supermedia“.

A monetização do jornalismo

Em pleno domingo de Carnaval, cerca de 350 pessoas discutiram os novos rumos do jornalismo no Chicago Journalism Town Hall.

O evento teve acompanhamento via microblog e se propôs a discutir, inicialmente, propostas de monetização que possam ajudar o jornalismo (o americano, em especial) a sair da crise.

A conversa acabou girando sobre novas tecnologias e possibilidades que o jornalismo pode aproveitar na Web. Tudo muito em cima do caso de Chicago, mas várias ideias (reunidas pelo Kiyoshi Martinez) podem prosperar em outras regiões.

A questão que não devemos perder de vista é encontrar novos modelos de negócios para que nossa profissão consiga sobreviver com saúde financeira à era da conversação e da publicação pessoal.

Aqui, uma visão mais conservadora do evento.  Aqui, o debate em áudio.

A blogagem está em transição

Eis uma análise muito legal sobre as mudanças que o microblog está impondo à blogagem.

Aliás, este post tem menos de 140 caracteres…

Bebê-enceradeira, mais uma aberração da Web

A incrível (e falsa) história do bebê-enceradeira foi parar na capa do UOL

A incrível (e falsa) história do bebê-enceradeira foi parar na capa do UOL

Se alguém te dissesse que uma empresa criou um macacão de nenê com uma espécie de esfregão acoplado para seu rebento “ajudar na limpeza da casa” enquanto engatinha, você acreditaria?

Pois o UOL acreditou. E manteve em sua homepage por horas, nesta sexta-feira, a inacreditável chamada “Japoneses criam macacãozinho para ajudar na limpeza”.

Trata-se de um hoax, bastante conhecido por sinal, que circula há pelo menos cinco anos. Numa das versões, o esfregão era apenas um componente de segurança para evitar acidentes rasteiros.

O produto não existe. E, mais uma vez, o jornalismo on-line foi feito de bobo.

Fim da era dos jornais, começo da era da corrupção

Dica de leitura de hoje de @agranado: fim da era dos jornais, começo da era da corrupção.

O autor, Paul Starr, faz aquela relação entre jornais fortes e governos democráticos e fiscalizados.

É o argumento principal daqueles que entendem que os jornais impressos precisam ser salvos a qualquer custo.

Tolos: eles se esquecem de que não existe mais esse monópolio. Governos e governados falam entre si diretamente, sem intermediários.