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Caiu a ficha?

Demorou, mas a ficha do jornalismo profissional começa a cair: o avanço tecnológico tirou da imprensa a condição de filtro universal e único mediador. Isso é ótimo, mas tem gente que acha muito ruim.

O exemplo é o da administração Obama, que usa as ferramentas da web para falar diretamente aos cidadãos, sem a necessidade de contar, para isso, com a mediação da imprensa.

Daí que exista quem veja manipulação, como mostrou artigo do brilhante site Politico. Abaixo, reproduzo um parágrafo.

“President Barack Obama is a master at limiting, shaping and manipulating media coverage of himself and his White House. Not for the reason that conservatives suspect: namely, that a liberal press willingly and eagerly allows itself to get manipulated. Instead, the mastery mostly flows from a White House that has taken old tricks for shaping coverage (staged leaks, friendly interviews) and put them on steroids using new ones (social media, content creation, precision targeting). And it’s an equal opportunity strategy: Media across the ideological spectrum are left scrambling for access.”

Bom ou ruim, é inexorável.

Não, o e-mail não morreu

Não, o e-mail não morreu. E as eleições americanas deram outra demonstração disso.

Foi desta maneira que a campanha de Barack Obama conseguiu arrecadar a maior parte dos US$ 690 milhões que o atual presidente dos EUA amealhou na internet.

Comandada por Toby Fallsgraf, a campanha tinha 20 redatores debruçados na tarefa de “fisgar” potenciais doadores por meio de textos que, inicialmente, lhe chamassem a atenção.

Antes disso, testavam os subjects com uma amostragem de seu mailing. E, claro, sempre erravam – é assim a vida on-line – sobre quais teriam mais retorno.

A propósito, o subject campeão de reações (leia-se doações) foi “Eles [os republicanos] vão arrecadar mais”.

Vossa excelência, o eleitor

Das três perguntas que a Columbia Journalism Review faz sobre as eleições americanas, provavelmente a que mais me interessou foi “será que os repórteres não estão passando mais tempo com os candidatos do que com os eleitores?”.

Isso parece ser a pura verdade, aqui ou lá. Agora, que venho de uma temporada do outro lado do balcão, percebi claramente que a prioridade da cobertura é o projeto político, não a quem ele se destina – e mais, se é apropriado e se enquadra nas perspectivas das pessoas.

Mais reflexões sobre a cobertura jornalística nossa de cada dia…

Obama leva internet na maleta a países que censuram a rede

Uma das iniciativas menos conhecidas, mas não menos importante, do governo Barack Obama está dentro de uma mala com aparência inofensiva.

O projeto “internet na maleta” está levando a países onde o acesso à web é censurado a possibilidade de criar uma minirrede com vasto potencial de acesso sem fio.

“Há uma oportunidade histórica de promover uma mudança positiva. Uma mudança que os EUA apoiam”, afirma Hillary Clinton, a secretária de Estado de Obama, que investiu por ora cerca de US$ 2 milhões no projeto.

A foto encenada de Barack Obama e considerações sobre ética no jornalismo

A foto de Pablo Martinez, da AP: montada

Essa é boa, mas é velha: fotógrafos das agências noticiosas AP e Reuters revelaram que a imagem de presidente Barack Obama durante discurso em que anunciou ao povo americano a morte de Osama Bin Laden foi montada.

Neste caso, dizem os profissionais, foi o próprio personagem quem sugeriu a encenação, posterior ao discurso de fato.

Nos EUA, a ação fere o código de ética da Associação Nacional de Fotógrafos.

Na prática, e em boa medida capitaneada pelos próprios fotógrafos, a encenação de situações para registro em imagem é frequente e recorrente globalmente.

Mais recentemente, na era da superexposição digital, protagonistas do noticiário também passaram a adotar a prática, com a complascência dos profissionais.

Eleição no Brasil reabilitou o e-mail, diz empresa americana

O relato do trabalho da Blue State Digital na campanha de Dilma Rousseff, revelado por Fernando Rodrigues, tem um ponto que é sensacional _e que, se verdadeiro, derruba um paradigma recente de uso de ferramentas digitais.

Lá pelas tantas, a empresa que ajudou Barack Obama a se eleger em 2008 conta que, nessa incursão em eleições brasileiras, “ao se conectar a mais de 1 milhão de pessoas, o programa de e-mail produziu mais tráfego [audiência] do que o Twitter, Facebook e Orkut [da campanha] combinados”.

É uma informação que vai de encontro a tudo o que se anda escrevendo, analisando e levantando sobre o uso do correio eletrônico.

Ora, se numa ação específica durante seis meses foi possível atrair mais gente a um site usando o velho conceito de newsletter do que agregando pessoas em redes sociais, está seriamente em xeque a afirmação de que caiu assustadoramente o uso do e-mail, objeto de pensatas ponderando que a ferramenta foi abandonada pelo público jovem em detrimento, justamente, da vida conectada em tempo real nas mídias sociais.

Cabe observar esse fenômeno com muito mais atenção a partir de agora.

Se for isso mesmo, não só o mail, como a newsletter, estão plenamente reabilitados.

A saída educacional para o jornalismo impresso nos EUA

No ambiente de crise que cerca a imprensa em papel nos Estados Unidos surgiu, como uma das possíveis saídas, a hipótese de veículos ligados a escolas de jornalismo ganharem mais fôlego para, digamos, perpetuar a profissão.

A conta é simples: se forem convertidas em entidades educacionais (e, portanto, sem fins lucrativos), as empresas jornalísticas passam a poder receber subsídios governamentais, além de doações filantrópicas que fazem parte da cultura americana.

Já existe, inclusive, um belo exemplo: o St.Petersburg Times, que pertence ao Poynter Institute.

O jornal faturou dois prêmios Pulitzer no ano passado _a Flórida inteira, seu Estado natal, havia ganho quatro em toda a história. É do St.Petersburg Times a ideia do mentirômetro que acompanhou as promessas de Barack Obama (e agora já tem “filhotes” em oito Estados americanos).

Para o Brasil, onde não existe a cultura da doação, provavelmente não adiantaria nada vincular veículos jornalísticos a faculdades de comunicação (que possuem produtos restritos e de nicho) _e muito esperar pela adesão a um modelo não lucrativo.

Mas é interessante conhecer as propostas para que superemos o pior momento do jornalismo impresso em todos os tempos.

A Economist photoshopou Obama, e daí?

A capa de 19 de junho da The Economist, revista noticiosa mais importante do mundo (e das poucas que só ganham leitores com o passar do tempo), provocou furor ao descobrir-se, via The New York Times, que a publicação alterou uma fotografia em que o presidente Barack Obama aparecia cabisbaixo ao lado de mais duas pessoas tendo como fundo plataformas petrolíferas _imagem ideal (a alterada, claro) para ilustrar uma reportagem sobre o desastre ambiental de responsabilidade da petrolífera britânica BP em solo americano e suas implicações políticas.

É um pecado menor, e peço aqui que me entendam. Repórteres-fotográficos talvez jamais entenderão (há aquele consenso de que fotografia é obra de arte e não pode ser editada), e fui instado a falar sobre isso por Gustavo Roth, editor-adjunto de Fotografia da Folha de S.Paulo, que sempre colabora com o Webmanario.”Se queimaram feio, hein…?”, me disse Roth, ele próprio antenadíssimo no que rola nos meandros de nossa profissão, seja aqui, nos EUA ou no Uzbequistão.

Vou ser polêmico agora: será? Não acho, mas não acho mesmo. Há, claramente, um erro, mas que embute uma tentativa de acerto. Aliás, Pedro Dias Leite, o homem que faz o caderno Poder da Folha fechar na hora e fechar bem, tinha me avisado um pouco antes da história _compartilhando a visão de que o episódio está longe de ser o maior absurdo do jornalismo moderno.

Talvez a mesma representação com um trabalho de arte em cima (uma estilização impressionista ou pop, sei lá) resolveria a coisa sem questionamentos filosofais que, na verdade, só nós jornalistas temos.

Photoshopado, Obama estava lá e continua lá, cabisbaixo, com uma plataforma de petróleo no Golfo do México como cenário de fundo. Excluíram-se personagens menores _literalmente, como a presidente da Câmara de representantes de uma cidade da Louisiana e uma autoridade local da Guarda Costeira já eliminada no corte do fotograma.

Impossível pensar em fazer uma coisa dessas sem supor que irão descobrir: a foto em questão, tirada em 28 de maio, é de um fotógrafo da agência Reuters, Larry Downing, e provavelmente foi distribuída para todo o mundo.

Eu não faria isso desse jeito numa publicação noticiosa, mas faria, sim, propondo um trabalho de ilustração sobre foto, pra se livrar de uma vez por todas da capivara do “alterar a realidade”, que no final das contas pauta o debate e de quem é muito difícl se desvencilhar.

Mas a capa mexida, no final das contas, não escondeu o Obama triste e enrolado tendo ao fundo o motivo de suas preocupações.

Fotógrafos expõem proximidade com o poder nos EUA

No dia 20 agora, quatro ex-fotógrafos presidenciais dos EUA exibirão como era a vida na Casa Branca nas administrações de Lyndon Johnson, Gerald Ford, George H.W. Bush, Bill Clinton e George W. Bush.

“Behind The Lens: White House Photography From LBJ To Obama” é o evento, que será abrigado pela Universidade do Texas, em Austin.

David Hume Kennerly (Ford), Robert McNeely (Clinton), David Valdez (Bush pai) e Eric Draper (Bush filho) também falarão sobre seus tempos de proximidade com o poder.

Ah, o verdadeiro chamariz para o bate-papo é Barack Obama, cujo álbum fotográfico oficial da posse acabou de ser lançado _e com imagens do pessoal acima.

A década em sete minutos

A década em sete minutos. Um especialzão bem ao estilo internet preparado pela Newsweek.

De Elián González a Barack Obama numa linguagem rápida, uma resposta que ainda estamos procurando para uma possível linguagem própria de vídeos na web.

Ah, claro: e o beijaço de Madonna e Britney Spears que parou o mundo em 2003 _e que eu paralisei aí em cima para ilustrar este post.