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Pesquisadores sugerem boicote a jornais pró-impeachment

Neste momento, professores de jornalismo debatem, numa lista de e-mail, a pertinência de se boicotar pesquisas acadêmicas que envolvam jornais que, de uma forma ou de outra, tenham apoiado o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Isso significa deixar de analisá-los em pesquisas, além de mergulhar a academia de vez em seu próprio obscurantismo e obsolescência.

A argumentação, que nasceu meramente política, ganhou nos últimos dias contribuições (como a que descrevo abaixo) que têm como intenção supostamente direcionar o debate para um critério científico.

“A mídia mainstream/hegemônica ainda é bastante hegemônica também nos estudos acadêmicos da comunicação, talvez até mais do que a diversidade de mídias atuantes/relevantes no país levaria a crer. Mais objetos (para além da mídia “mainstream”) trariam uma diferença revigorante.”

É realmente lamentável o estado a que chegamos.

O buraco negro do direito de resposta

Projeto de lei que versa sobre o direito de resposta sancionado nesta quarta (12/11) pela presidente Dilma Rousseff tem dois aspectos interessantes a se levar em consideração no que diz respeito à digitalização da informação.

Primeiro, explicita que não abarca comentários em sites, ou seja, deixa de fora um manancial importante de calúnia e difamação com a qual a mídia formal jamais soube lidar.

Mais importante, o projeto trata especificamente de “empresas jornalísticas”, o que exclui blogs e outras iniciativas pessoais – como perfis em redes sociais. Um buraco negro sem fim.

Rola?

Tenho me divertido muito com os últimos remixes criados a partir de registros jornalísticos como a já célebre ode à mandioca, lavra da presidente Dilma Rousseff, ou a protocolar entrevista pós-jogo nada protocolar protagonizada pelo jogador Marinho.

Somei a isso a iniciativa de um pessoal de Uganda que, para driblar a proibição da censura à leitura de determinadas notícias, decidiu contá-las em ritmo de rap – daí que viraram os rap-orters.

Sonhei com um produto que tratasse as notícias dessa forma. Boa parte delas, ao menos. Há fôlego?

A publicidade on-line sobe

Cresceu 22%, de 2012 para 2013, o investimento do governo federal em publicidade na web. Ainda assim, a plataforma fecha a lista de mídias preferenciais para a comunicação da administração Dilma Rousseff – a TV ficou com 65%, seguida de rádio (7,6%), jornal (7%), revista (6,3%) e web (6%).

Como se trata do quarto maio anunciante do país (atrás de Unilever, Casas Bahia e Laboratório Genomma), o dado é expressivo e pode sginificar uma tendência de a publicidade on-line, enfim, deixar o final da fila.

Observatório participativo?

Começamos mal: em vez de o governo dialogar com as pessoas nas redes em que elas estão, eis que anuncia a criação de um tal “observatório participativo” (se é que isso é possível). Na prática, é um novo espaço, que terá de ser ocupado novamente.

Não funciona. E me faz lembrar UOL e Globo, que certa vez tentaram criar um Orkut e um Twitter próprios – ambos naufragaram, óbvio.

Alerta vermelho

O governo brasileiro despachou um emissário a algumas das mais importantes redações do país. Nelas, estão ocorrendo reuniões que, a princípio, surpreenderam os interlocutores.

Na pauta, a preocupação com a saúde financeira da indústria editorial no país. Até aí, legítimo interesse no desenvolvimento do Brasil num momento em que o crescimento de 0,9% do PIB no ano passado traz em si toda uma carga de preocupação.

O emissário, porém, traz uma informação nada agradável: que grupos atuantes na área “em estado pré-falimentar” têm procurado a presidente Dilma Rousseff à guisa de uma solução, quiçá uma mão salvadora – que poderia vir por meio de linhas de crédito especial do BNDES.

Se isso é verdade, teremos pela frente um caminho ainda mais turbulento na profissão. Aperte os cintos.

Estadão fatura mais um prêmio – merecido – de fotojornalismo

Depois de ganhar o Prêmio Esso, o jornal O Estado de S. Paulo faturou mais um concurso de fotografia (o Prêmio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha) com a sensacional imagem de Wilton de Sousa Junior que mostra a presidente Dilma Rousseff descendo a rampa do Palácio do Planalto – e isso em agosto, quando denúncias de corrupção e superfaturamento atingiam mais um ministro de sua equipe (Wagner Rossi, ex-titular da pasta da Agricultura).

Essa é daquelas que a gente chama de fotaça.

África do Sul torna crime jornalismo investigativo

Reproduzo matéria publicada ontem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.

Preocupante, mas distante do tal “controle social da mídia” que, sabiamente, a presidente Dilma Rousseff engavetou em nosso país.

“O Parlamento da África do Sul deixou de lado objeções de líderes históricos da luta contra o apartheid e aprovou ontem, com maioria esmagadora, uma nova lei de sigilo que, segundo críticos, foi elaborada para proteger a elite corrupta do país do jornalismo investigativo. A nova legislação determina, por exemplo, pena de até 25 anos de prisão aos responsáveis pela publicação de informações de Estado consideradas sigilosas.

O partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) usou sua maioria para garantir a aprovação por 229 votos a favor e 107 contra. Opositores da Lei de Proteção da Informação afirmaram que tentarão derrubá-la na Corte Constitucional, assim que o presidente Jacob Zuma sancionar o texto, como é esperado.

O críticos da nova lei, entre eles Nelson Mandela e o arcebispo Desmond Tutu, batizaram a sessão parlamentar de ontem de “terça-feira das trevas”, em alusão a uma lei similar contra a liberdade de imprensa aprovada nos anos 70, sob o apartheid.

Tutu, que recebeu o Nobel da Paz em 1984 por seu papel decisivo na luta contra a segregação racial, afirmou que, para os sul-africanos, “é vergonhoso pedir que aceitem uma lei que pode ser usada para tornar ilegais as denúncias e o jornalismo investigativo”.

Autorregulamentação, uma saída para melhorar os jornais

A ANJ (Associação Nacional de Jornais) aprovou a adoção, por seus filiados, de uma série de medidas que ajudarão _e muito_ os veículos a se aproximarem mais de sua audiência (e, principalmente, se tornarem mais transparentes).

Medidas como a instituição do cargo de ombudsman (só Folha de S.Paulo e O Povo possuem essa figura importante para criar atalhos entre redação e leitores, além de importante filtro de controle de qualidade dos jornais).

A ANJ estabeleceu um prazo para que essas recomendações (entre elas, a criação de um espaço fixo com correções de reportagens, coisa que incrivelmente, entre os grandes, só a Folha possui) sejam adotadas.

Apesar de ter sido uma reação à ameaça do “controle social da mídia”, balela introduzida na agenda no governo Lula e que Dilma Rousseff deixou adormecer, se cumpridas, as medidas ajudarão a melhorar bastante a combalida qualidade de nossas publicações.

Eleição no Brasil reabilitou o e-mail, diz empresa americana

O relato do trabalho da Blue State Digital na campanha de Dilma Rousseff, revelado por Fernando Rodrigues, tem um ponto que é sensacional _e que, se verdadeiro, derruba um paradigma recente de uso de ferramentas digitais.

Lá pelas tantas, a empresa que ajudou Barack Obama a se eleger em 2008 conta que, nessa incursão em eleições brasileiras, “ao se conectar a mais de 1 milhão de pessoas, o programa de e-mail produziu mais tráfego [audiência] do que o Twitter, Facebook e Orkut [da campanha] combinados”.

É uma informação que vai de encontro a tudo o que se anda escrevendo, analisando e levantando sobre o uso do correio eletrônico.

Ora, se numa ação específica durante seis meses foi possível atrair mais gente a um site usando o velho conceito de newsletter do que agregando pessoas em redes sociais, está seriamente em xeque a afirmação de que caiu assustadoramente o uso do e-mail, objeto de pensatas ponderando que a ferramenta foi abandonada pelo público jovem em detrimento, justamente, da vida conectada em tempo real nas mídias sociais.

Cabe observar esse fenômeno com muito mais atenção a partir de agora.

Se for isso mesmo, não só o mail, como a newsletter, estão plenamente reabilitados.