Arquivo do mês: setembro 2015

Audiência fake destrói credibilidade do mundo digital

Para que servem números robustos se eles não têm conteúdo?

É meu mantra eterno em redes sociais – copas do mundo de mais fãs ou seguidores não servem pra nada e são o combustível de compra de adesões ainda menos republicanas.

É assim também na web segundo a narrativa da Bloomberg, que investigou como internautas artificiais estão desidratando os investimentos de anunciantes em mídia on-line.

Os numerões são falaciosos: dados bem concretos sobre práticas como o remarketing mostram (sempre de acordo com a reportagem) que boa parte das impressões que embasam extraordinárias performances de ROI correspondem a bots, ou seja, não-humanos.

Há todo tipo de truque, até pop-ups do tamanho de um pixel, imperceptíveis.

Nas redes há um drama parecido: a terra onde um pacote de curtidas e retuítes está ao alcance de qualquer bolso, sem suor, não pode ser auspiciosa.

Números robustos sem conteúdo não valem nada.

Comunicação pública digital em São Paulo

A Medialogue divulgou nesta semana um estudo com conclusões bem pessimistas sobre o uso dos recursos digitais em 46 cidades do Estado de São Paulo.

Na maior parte dos municípios as plataformas de comunicação digital são “como se fossem outdoors instalados no deserto”, ou seja, usufruídas por muito poucos.

A comunicação pública tem um grande desafio pela frente: a entrega qualificada de conteúdo. Em resumo, adaptar as ferramentas existentes para encontrar o cidadão e efetivamente interagir com ele.

Um panorama devastador para a mídia impressa

Os números mais recentes do IVC, o instituto que audita a circulação dos jornais brasileiros, são devastadores para essa mídia. Está tudo vermelho na passada de régua do primeiro semestre.

Líder no segmento com 320.428 exemplares diários de média (182.046 impressos), a Folha de S.Paulo experimentou uma queda de 12,2% – 14% na operação digital.

O Globo, agora, com 312.683, figura na segunda posição, seguido do popular mineiro Supernotícia (299.415). Só então aparece o quatrocentão O Estado de S.Paulo (229.180, destes 152.787 em papel).

Todos os jornalões perderam leitores nas versões digitais – nesse quesito, Supernotícia (17,5%), Zero Hora (33%), Correio Braziliense (110%, mas claramente a base era bem menor), Valor (9%), Gazeta do Povo (230%, idem ao CB) e A Tarde (8%) puseram mais gente pra dentro nos serviços on-line.

E vida (dura) que segue.

Um banco de reportagens

Já está na rede o Banco de Investigações Jornalisticas da América Latina, um repositório de 300 reportagens premiadas pelo Instituto de Imprensa e Sociedades.

Do jeito que a coisa anda, grandes reportagens – cada vez mais ausentes do dia a dia da mídia – só serão mesmo encontradas em bancos de dados.