Arquivo do mês: outubro 2009

A tola definição de jornalismo no dicionário

Jornalismo [De jornal2 + -ismo.]
S. m. 1. Atividade profissional da área de Comunicação Social (q. v.) que visa à elaboração de notícias para publicação em jornal, revista, rádio, televisão, etc., acompanhadas ou não de comentários.
2. Os conhecimentos relativos ao jornalismo (1).
3. Os jornalistas: 2

Inspirado por um post da brilhante Mindy McAdams, decidi ir ao dicionário para checar a definição da palavra “jornalismo”. E, assim como ela, também me decepcionei com o que encontrei.

Para começo de conversa, o Aurélio diz expressamente que se trata de uma “atividade profissional”, o que já sabemos que não é verdadeiro. Ou será que as tantas experiências de jornalismo cidadão não serviram para nada?

Outra bola fora do dicionário é cravar que a atividade “visa à elaboração de notícias para publicação em jornais” e outras plataformas. Uma meia verdade, mas que exclui uma série de outras atividades jornalísticas mais ou menos recentes _como organizar dados, por exemplo.

Além disso, o dicionário se esquece de citar justamente a mídia mais importante de todas, que além de conter todas as outras em si ainda mudou radicalmente a forma como o ser humano se comunica.

Eu ainda prefiro a singeleza de dizer que jornalismo é o ato de apurar/analisar/difundir notícias. Simples assim.

A representação gráfica da catástrofe dos jornais

O infográfico abaixo fala por si só. Jason Preston, de quem emprestei a referência, diz que não é uma boa ideia ser o Los Angeles Times nestes tempos bicudos. Por outro lado, ser o Wall Street Journal parece ser uma ótima num momento em que os impressos perdem inegavelmente a relevância.

Infografia para daltônicos

Numa recente aula de infografia que debatia o uso de cores em quadros estatísticos, surgiu uma pergunta curiosa: e se o leitor for daltônico?

Parecia absurdo, mas fui pesquisar. Sim, existem orientações específicas de usabilidade para atender a esse tipo de público.

E o site We Are Color Blind (“Nós Somos Daltônicos”) reúne algumas dessas informações.

Pra mim isso sim é uma grande novidade. E mais forma de atender a um público absolutamente de nicho (a deficiência visual, que dificulta o reconhecimento de determinadas cores, atinge cerca de 8% da população masculina mundial).

‘Inventing LA’ mostra o poder que o jornal impresso já teve

inventing_LA

Inventing LA é um documentário do premiado diretor Peter Jones que conta a fantástica história da família Chandler, que há quatro gerações dá as cartas no Los Angeles Times, um dos jornais mais importantes dos Estados Unidos mesmo hoje, quando centenas de demissões tolheram postos de trabalho em sua redação.

É extraordinário como são parecidas as trajetórias de herdeiros do ramo do jornalismo. Neste caso, eles são vistos como espécies de heróis que, à frente do periódico, foram atores principais da transformação da pequena cidade em metrópole global.

Quem conhece como se faz linguiça, entretanto, é incapaz de não perceber a metodologia daqueles que estiveram à frente da publicação com um impressionante poder e influência sobre a sociedade.

Tempos que não voltam mais.

Banner on-line completa 15 anos hoje

Hoje o banner publicitário na internet completa 15 anos. Em 27 de outubro de 1994, o site HotWired (a primeira revista web da história, fundada em 1994) criou o formato, cobrando US$ 60 mil (os valores são da época) da AT&T por 24 semanas de exibição.

No início, a novidade provocou problemas hoje inimagináveis. Claro, boa parte dos potenciais anunciantes nem sequer possuía um site. Logo, linkar pra onde o banner? Alguns optaram por sites ainda em construção, estratégia certamente catastrófica.

Saudado como a grande possibilidade de monetização das operações digitais, o banner ainda persiste, hoje sem carregar o peso dessa (falsa) responsabilidade.   Pudera: Jakob Nielsen, mestre da usabilidade, comprovou em suas pesquisas que o usuário simplesmente ignora essas mensagens publicitárias _tudo que está fora do campo de visão do padrão f é como se não existisse.

Amado e odiado, o banner veio pra ficar? Não responda ainda: a publicidade on-line também evoluiu. E está descobrindo maneiras mais efetivas de chamar a sua atenção.

NYTimes entrega edição nas mãos de cooperativa de frilas

Grandes grupos de mídia estão apostando no outsourcing (a boa e velha terceirização) para reduzir seus custos.

Agora é o The New York Times quem anunciou que recorreu a uma cooperativa de jornalistas para prover conteúdo específico para a edição regional de Chicago do jornalão.

Antes do NYT, o Los Angeles Times já tinha fechado um acordo com o ProPublica, uma ONG que produz jornalismo investigativo, para melhorar seu conteúdo.

É uma tendência. Parece que investigar, e o custo que isso provoca dentro da redação, vai gradualmente se tornando uma tarefa para gente de fora do dia a dia do jornal.

As lan houses ameaçam o futuro dos jornais impressos?

Lan House num bairro brasileiro qualquer: acelerando a lei de Mutter?

Lan house num bairro brasileiro qualquer: acelerando a lei de Mutter?

Alan Mutter relacionou a queda da circulação dos jornais ao avanço da banda larga residencial. Segundo seus estudos, é fato: quando essa penetração ultrapassa 30%, os jornais estão definitivamente feridos de morte.

Daí vejo fotos como a acima, tirada de uma apresentação do publicitário Michel Lent, e fico pensando se o buraco não é bem mais embaixo.

Explico: será que o acesso localizado à web, digo na rua, não pode acelerar esse processo?

Bem possível.

Navegação audiovisual propõe o fim do clique

Imagine navegar num site sem clicar em nada, simplesmente falando ou fazendo gestos.

É a proposta de Andreas Lutz, um designer suíço que _como tanta gente_ se cansou de tantos cliques e propôs a primeira página com navegação audiovisual de que se tem notícia.

Funciona assim: você liga sua webcam e, na base do gestual e de palavras-chave, vai passeando exatamente da forma como se estivesse apertando o companheiro mouse _este vídeo explica direitinho a tecnologia.

A ideia de abandonar o clique não é nova (um projeto do ano passado apresenta exatamente o mesmo desafio).

Porém a tecnologia de associar imagem e voz para capitanear a navegação pode, num futuro bem próximo, revolucionar a maneira como trafegamos na web.

A capa certa na banca de jornal errada

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Foi a sempre ligada Renata Steffen quem achou essa: você pode desenhar a melhor capa do mundo, mas ser derrubado pela exposição da sua revista em banca.

No caso, a capa da PC World remete explicitamente para… a concorrente MacWorld.

Claro que a vibração da Renata tem a ver com o fato da manchete de uma dizer “claramente” que upgrade de verdade é ter um Mac…

Duas coisas realmente novas no webjornalismo nacional

A home page da ESPN Brasil: a busca é a rainha

A home page da ESPN Brasil: a busca é a rainha

Tenho falado isso reiteradamente em aulas, palestras e eventos, mas só agora me dei conta de que nunca publiquei aqui: duas experiências ótimas que estão em curso em sites brasileiros e que, verdadeiramente, representam um oásis na paisagem de mesmice das páginas noticiosas da web nacional.

Foi minha colega Daniela Bertocchi quem me chamou a atenção, há meses, para essas “inovações” _as aspas se justificam porque não são grandes descobertas, mas em se tratando de Brasil, são boas iniciativas.

São duas home pages. A primeira, da ESPN Brasil, que conseguiu se livrar da amarra da página inicial manchetada e cheia de texto e, valorizando acima de tudo a busca _que é a forma como as pessoas navegam na internet, se você ainda não percebeu isso_, apresenta um visual limpo e, ao mesmo tempo, bastante gráfico (as chamadas são fotos, repare).

A outra coisa bacana, e que já está no ar há tempos, é a capa do caderno Link, de O Estado de S.Paulo, que destaca antes de qualquer outra notícia uma nuvem de tags _aqui questiono apenas a escolha das palavras-chave, uma das atribuições do jornalista atual, que poderia ser mais refinada.

Estes dois assuntos estiveram na pauta da visita que fiz, nesta semana, aos alunos do sexto semestre da PUC de Campinas, a convite do “duplo colega” (como ele bem próprio definiu) Edson Rossi, o professor da turma e comandante do Boeing chamado portal Terra.

Na visita, aconteceram algumas coisas extraordinárias.

Pela primeira vez fui confrontado, pelos estudantes, com textos que escrevi aqui no Webmanario. Isso deu um outro caminho à discussão que, como sempre, tratava da importância da conversação com o público para a manutenção de um jornalismo moderno e saudável.

Houve diálogo e troca de impressões e insights _exatamente como eu, e tanta gente, sugere ao ainda arrogante e retrógrado jornalismo profissional praticado hoje.

A conversa começou justamente exibindo a imagem de um ferido nos atentados de Madrid-2004 (como você pode conferir nos slides do papo) checando seu celular, a plataforma do presente (e do futuro) para quem, como a gente, trabalha com distribuição de conteúdo.

Falamos da crise dos jornais e de Alan Mutter, que detectou a “quebra” da circulação dos jornais quando a penetração de banda larga residencial num país atinge 30%, um assunto em que os alunos de Rossi mostraram estar bastante bem informados.

Foi mais uma chance incrível de trocar experiências.

Espero voltar em breve a Campinas e ao agradável campus da PUC.

A home do Link, canal (e caderno impresso) de tecnologia do Estadão: bom exemplo de navegação temática e comandada pelo público

A home do Link, canal (e caderno impresso) de tecnologia do Estadão: bom exemplo de navegação temática e comandada pelo público