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Uma bomba na redação – 37 anos antes do Charlie Hebdo

O ataque ao Charlie Hebdo não foi o primeiro a uma publicação, digamos, satírico-anarquista. Em 1977, a sede da revista espanhola El Papus (em muito parecida com o semanário francês) foi palco de um atentado a bomba quando ocorria a reunião de pauta (outra semelhança). O zelador do prédio morreu e outras 17 pessoas ficaram feridas.

Não houve condenados pelo crime, atribuído a um grupo de extrema-direita que já havia feito ameaças a jornalistas da publicação – lembremos que a Espanha recém havia saído dos sombrios 40 anos de ditadura sob as mãos de ferro de Franco. Um cenário onde a intolerância grassava.

O documentário “El Papus, anatomia de um atentado“, revisita esse clima de terror, tenta explicar o porquê da impunidade e, especialmente, reverencia a irreverência da publicação, capitaneada pelo trabalho de talentosos cartunistas (como o jornal francês). A El Papus acabaria fechando as portas em 1986.

“Como não sabiam desenhar, tinham de usar uma arma. Dizem que a caneta tem mais poder que a arma. Claro que não, a arma é mais poderosa”, diz um entrevistado a certa altura.

Profético.

A internet sitiada

O fim do serviço Google News é apenas o primeiro efeito colateral da legislação que a partir de 1º de janeiro muda muita coisa na internet da Espanha.

A Lei de Propriedade Intelectual estabelece, além da obrigatoriedade de agregadores remunerarem produtores de conteúdo (o motivo da saída de cena do serviço noticioso do Google), a criação de uma superpoderosa comissão que deliberará sobre o fechamento de sites e retirada do ar de links.

Medieval – e aparentemente até o patronato dos jornais achou exagerado.

O crepúsculo de um rei

O documentário francês “Juan Carlos, o crepúsculo de um Rei” aborda toda a trajetória decadente (e com laços tirânicos) da família real espanhola. Excelente trabalho narrativo e de pesquisa de imagens históricas.

No tempo dos super-heróis

Entre 1998 e 2002, o horário nobre das segundas-feiras tinha dono na Espanha: a série “Periodistas“, que retratava a vida cotidiana no fictício jornal “Crónica Universal”, de Madri.

Um tempo em que jornalistas ainda eram retratados como super-heróis, saltando de carros em movimento, sendo perseguidos, sempre próximos do perigo e destinados a uma missão: tornar a Terra um planeta mais justo para se viver.

Ah, a ficção…

Seis anos de cadeia por linkar na internet

O que você acha de seis anos de cadeia para proprietários de sites que linkarem (e auferirem alguma vantagem comercial) para material com direitos autorais protegidos na web?

é realidade na Espanha.

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Um hotel em que tudo (tudo mesmo, até a decoração) gira em torno do Twitter.

Existe, e fica na Espanha.

Jornalismo: a realidade coletiva

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Não precisa falar muita coisa: Mario Tascón, em seu 233Grados.com, reparou: vejam como, na Espanha, o Google completa a busca “sou jornalista e…”.

Revelador.

O preço de um erro

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Custou R$ 650 mil – afora o incalculável passivo de imagem – a publicação de uma foto fake do presidente venezuelano Hugo Chávez pelo jornal espanhol El Pais na semana passada. É a imagem que você vê acima (ela foi negociada por R$ 40 mil).

A empresa que edita o jornal saiu à caça dos exemplares já na rua, e promoveu uma reedição de emergência sem a barbaridade. Em seu site, a imagem ficou impávida como Muhamad Ali por eternos 30 minutos.

É o que nos conta o próprio jornal, em reconstituição passo a passo da decisão de publicar a imagem, oferecida por uma agência que não prima exatamente pela primícia noticiosa – o mais surpreendente para mim, e isso já se sabia desde aquele dia, é que a ficha do periódico só caiu por causa da repercussão em redes sociais. Ou seja, o jornal estava completamente nu. E foi descoberto.

Estamos numa época, portanto, em que as pessoas avisam em tempo real  que o jornalismo profissional fez uma barbeiragem. Mais: uma era em que as pessoas, atuando juntas, acabam fazendo o que a gente deixa de fazer.

Para piorar, um italiano assumiu o “atentado jornalístico” justificando que sempre faz isso: espalha cascas de banana para checar quais os níveis de filtragem e apuração da imprensa formal.

É uma grande história porque extrapola o campo do folclore das barrigas jornalísticas e penetra no turbulento mundo da conspiração política.

Preocupante ou auspicioso?

Jornalismo de moda existe?

O MediaLab de Barcelona reuniu profissionais para discutir o futuro do jornalismo de moda – no caso, o espanhol. O resultado: muitas críticas e bastante pessimismo.

Por aqui o questionamento é ainda anterior: temos, efetivamente, um “jornalismo” de moda ou tudo é jogado no mesmo balaio das “publicações femininas”?

Espanha diz que uso de câmera oculta é inconstitucional

A câmera oculta, em moda no jornalismo brasileiro, acaba de ser declarada inconstitucional na Espanha.

A corte vê dois problemas na prática: a não identificação do jornalista e o uso sem autorização de imagens.