Não, um jornalista não torce para ninguém morrer (quer dizer… depende, vai). Mas ele tem de estar preparado para a hora da morte de uma pessoa relevante.
É o caso do New York Times. Além, é claro, de manter atualizadas bases de dados que precisarão apenas de pequenos retoques quando a celebridade se for, o jornal está investindo fortemente em vídeo-obituários _o formato estreou há dois anos, com o comediante Art Buchwald.
“Olá, eu sou Art Buchwald e acabo de morrer”, diz, o morto brincalhão logo no início do vídeo que inaugurou a sessão, sugestivamente batizada de Last Word, ou última palavra.
A ideia é excelente e funciona assim: primeiro, é claro, o jornal identifica personalidades que estejam, digamos, pela bola sete. É evidente que se trata de uma negociação complicada. Há pessoas, como Buchwald, que entram completamente no espírito do documentário (neste caso, basicamente uma entrevista relembrando passagens da vida do personagem).
Outras, como o comentarista e escritor William F. Buckley, preferem declinar o convite do NYT _a propósito, Buckley morreria meses depois de ter se recusado a falar sobre sua vida e obra.
Segundo David Rummel, produtor-chefe de notícias e documentários do NYT, já há 30 vídeo-obituários prontos e mais dez em produção.
O assunto voltou à tona esta semana porque o jornal revelou, sem divulgar o nome, que já entrevistou um ex-presidente para a seção.
Os Bush (pai e filho) informaram que não deram qualquer tipo de entrevista ao NYT.
Sobraram Carter e Clinton.
Façam suas apostas.