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Catraca Livre e caça-clique

“O receptor é, sim, uma das chaves para compreendermos o fracasso e o sucesso dos meios de comunicação. E não é pelos cliques que faz, mas sobretudo pelo seu engajamento e pela crítica que elabora ao que consome.”

Sobre o case Catraca Livre no episódio da queda do avião que vitimou a delegação da Chapecoense, fico com o texto “Ponto de Vista: Catraca Livre e a fuga em massa da audiência: como não agir na cobertura de tragédia“, Amanda Miranda e Lívia Vieira para o objETHOS. Nada a acrescentar.

Buscar um incremento de audiência a qualquer custo de fato nos remete à TV dos anos 80 e 90. A questão é que na TV a audiência é passiva – todo o oposto do que acontece nas redes sociais.

Ética jornalística ao vivo

Repórter de TV atrapalha socorro à vítima de acidente e ainda ouve ‘vai estudar’ do entrevistado.

Foi um dos textos mais lidos de 2012 no Webmanario.

Mais um vídeo com cara de novos tempos

Faz tempo que teço loas a bons exemplos de novas narrativas jornalísticas, ao mesmo em que me preocupa tanto quanto a você de que forma vamos fazer jornalismo em vídeo _em dispositivos móveis ou na web.

Nem aprendemos como fazer na web, aliás, e já nos deparamos com vários outros desafios…

O atropelamento de um grupo de ciclistas na noite passada, em Porto Alegre, foi registrada pelo CicloDocs (um canal no YouTube) com uma edição nervosa, excelente, adequada.

É um bom complemento para um texto que já conta muito, como o da Zero Hora.

Exemplifica bem o que eu defendo como o caminho do vídeo jornalístico em plataformas multimídia (Notebook, PC, Mac, celular, iPad etc).

Se queremos integração papel/on-line, a produção em vídeo tem de seguir esse caminho no dia a dia _claro que conteúdos especiais, resolvidos unicamente em vídeo, podem ter tratamento de matéria de TV. Mas sou xiita: acho fora de lugar.

Canibalismo nos Andes: o furo do El Mercurio em 1972

Há uma dica interessantíssima de que havia algo perturbador na história dos 16 sobreviventes dos Andes _os uruguaios que passaram 72 dias perdidos no meio da neve e tiveram de redefinir seus padrões após um acidente com o avião que os levaria de Montevidéu a Santiago.

Os dois primeiros resgatados, Roberto Canessa e Fernando Parrado, gaguejaram na primeira entrevista quando o repórter da TV chilena pergunta como foi possível sobreviver tanto tempo sem comida. Parrado diz claramente “disso não se fala”, com o que Canessa assentiu _e deu uma resposta genérica. Era o dia 20 de dezembro de 1972.

Seis dias depois, o jornal chileno El Mercurio deu o furaço: os sobreviventes dos Andes não eram tão dignos assim, eles tinham se alimentado de restos dos mortos no acidente.

No dia 28, numa entrevista coletiva, houve a admissão de canibalismo. Entre o choque e o aplauso.

Testemunha ocular da história


Impressionantes as imagens e a narração do radialista Herbert Morrison, que acompanhou a tragédia do Hindenburg, o último grande dirigível de passageiros, que pegou fogo em 6 de maio de 1937 em Nova Jersey (EUA). Das 97 pessoas a bordo, 35 morreram.

O resgate do avião que pousou no rio Hudson

Lembra do avião da US Airways que há um ano fez um pouso forçado no rio Hudson, em Nova York? Pois é, surgiu um vídeo bacana, no modo ultravelocidade, que mostra todos os detalhes da trabalhosa operação para retirar a aeronave da água _foi trabalho para três dias, balsas e guindastes imensos, muita gente envolvida na operação.

O formato em si não é novo (o cinema e a televisão já tinham recorrido há décadas ao fastforward para mostrar, em bem menos tempos, evoluções como o brotar de uma flor), mas anda meio esquecido no jornalismo.

Poderia ser usado, por exemplo, com um câmera que monitorasse um local sabidamente vulnerável a enchentes, e editado de modo a mostrar as águas chegando, tomando conta e, depois, partindo.

Um comentário: acho que é o típico formato que exige data e hora em algum canto da tela para posicionar muito bem o usuário sobre a cronologia do incidente.

Bem bacana e, de novo, simples e antigo.

Sensacionalismo nosso de cada dia

Admito que se trata de uma situação atípica (ainda em férias, acompanhei bem por alto o noticiário).

Mas começou com Galvão Bueno, profissional que considero o mais competente da crônica esportiva televisiva nacional. Ao ver Felipe Massa ser embarcado num helicóptero rumo ao hospital após o insólito incidente em Hungaroring, disparou “vai, Felipe. Que deus te leve e que deus te traga com saúde” _a transcrição não é literal.

Leia mais notícias sobre Felipe Massa

Agora há pouco ouvia Milton Neves, na rádio Bandeirantes, dizer que lembrou-se imediatamente de Ayrton Senna ao ver “um lençol” ser estendido durante o atendimento ao piloto brasileiro.

Para quem estava bem longe da notícia, meu caso, soou demais a sensacionalismo.

O teto da igreja caiu, mas onde estava o jornalista cidadão que não viu?

Há três dias falávamos aqui sobre a agilidade do cidadão jornalista (e até sua disputa pelo furo, como se viu no caso do avião que pousou no rio Hudson, em Nova York), e então neste domingo cai o teto de uma igreja evangélica em área densamente povoada (e cercada de prédios), em São Paulo, e a colaboração dos usuários é próxima do zero?

Como reagir a isso?

Enquanto escrevo (são 2h18 da madrugada desta segunda), há um mísero registro fotográfico no Flickr _que nem sequer evidencia, devido ao ângulo, a extensão da tragédia_, enquanto mesmo sob apelos, os guetos de jornalismo participativo dos grandes portais (Eu-Repórter, Minha Notícia, VC no G1 e Vc Repórter) não têm material algum produzido pelo usuário para exibir.

Nos sites de microblog, ao menos, a primeira menção ao incidente surgiu antes que Paulo Henrique Amorim desse a notícia de última hora na TV Record _que foi, até onde sei, quem deu o furo na grande mídia.

No You Tube, maior site de compartilhamento de vídeos, aparentemente há um único arquivo original, afora os tradicionais repliques dos canais do mainstream.

Nesta segunda voltarei ao assunto atualizando as coisa. Se você souber de algo que passou batido nessa análise inicial, avise. Quem sabe limpamos a barra do jornalismo cidadão tupiniquim? Por ora, baita fiasco…

ATUALIZAÇÃO: Voltei, conforme prometido. Tarde, mas voltei. E não há nada a atualizar. De fato, a colaboração no caso do desabamento do teto da sede da Igreja Renascer não teve nenhum episódio novo, nem nas plataformas independentes nem nos portais que oferecem o “gueto colaborativo”. De prático, sobrou a troca de impressões, na caixa de comentários, com Ana Brambilla, que acrescentou ingredientes saborosos para tentar entender essa ausência de jornalismo entre os cidadãos que presenciaram o fato.