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A era do eu sozinho

Vice-presidente sênior da CNN mundial, Parisa Khosravi é uma testemunha viva de como a tecnologia permitiu que se fizesse – em vários casos – mais com muito menos.

Explico: formada em 1987 (cinco anos de mim, portanto!), ela começou a carreira numa época em que coberturas exigiam muitos equipamentos e, principalmente, equipes numerosas.

“Hoje, em muitos casos, uma ou poucas pessoas conseguem fazer o mesmo trabalho.”

No caso da TV, é uma referência clara ao entorno que acompanhava o repórter, hoje solitário com seu dispositivo móvel com câmera full HD.

Para outras mídias, porém, esse relato é mais do que um alerta: é real, o que tem feito os profissionais, cada vez mais, se desdobrarem.

Vida que segue.

Dicas para verificar a autenticidade de conteúdo publicado em mídia social

O Poynter (o centro de estudos de jornalismo que tem um jornal) fez uma compilação, a cargo de Craig Silverman, sobre verificação de conteúdo em redes sociais – principal matéria-prima do jornalismo cidadão.

São ao todo oito links com procedimentos de grandes empresas de comunicação (como BBC e CNN) e ouras dicas valiosas. Divirta-se.

CNN bomba sua “rede social de notícias”

No quinto aniversário do iReport, seu canal de jornalismo colaborativo, a CNN anunciou mudanças no que chama de “a única rede social de notícias” da web.

Agora, os repórteres-cidadãos têm homes personalizadas que além de catalogar o material que produzem, facilitam o contato.

O iReport é, de fato, a experiência mais bem-sucedida de convívio pro-am que se tem notícia na internet,

CNN domina premiação de design de notícias

Palavra do júri da SND (Society for News Design): a CNN tem os melhores site de notícias e aplicativo para iPad eetre os produtos jornalísticos.

Entre os celulares, a aplicação do The Guardian para versões touch foi a ganhadora.

 

 

Um movimento a favor do conteúdo original

Tem alguma coisa acontecendo.

A CNN recém anunciou que deixou o contrato com a agência de notícias Associated Press expirar. Antes, o Rue89 _site jornalístico colaborativo francês que acaba de lançar uma revista em papel_ já tinha aberto mão da France Presse.

A rede de TV pioneira no jornalismo a cabo tinha uma relação de 30 anos com a AP, uma cooperativa centenária bancada por grande parcela dos veículos americanos.

O Rue89 foi criado no dia da eleição Sarkozy x Ségolène (2007) por ex-jornalistas do Libération e desde então tem feito todo tipo de experimento, com excelente interação com seu público.

Para a velha mídia e para a nova mídia, abrir mão dos serviços de agências noticiosas presentes em todo o mundo significa clamar por conteúdo próprio e, portanto, exclusivo. Chega de pasteurização.

O rei está morto, viva o rei

A notícia de que Larry King, 76 anos, deixará de apresentar seu talk-show na CNN, dada pelo próprio jornalista, movimentou a internet.

É o tipo de anúncio que mexe com a audiência. Afinal, foram 25 anos na mesma hora, no mesmo canal, todos os dias _ao todo, King tem 53 anos de carreira e já conduziu mais de 40 mil entrevistas.

O Mashable registrou bem o buzz de quem, involuntariamente, se converteu em notícia.

E nessa hora do tudo rápido, para ontem e cheio de pirotecnia, é bom pra gente lembrar que credibilidade ainda é a coisa mais importante nessa profissão.

Anúncio surpreende e constrange a CNN


Agora aconteceu com a CNN: um anúncio de uma companhia de seguros alusivo à morte apareceu bem ao lado da notícia de uma morte real, a do ator Dennis Hopper.

Isso só reforça aquela minha cruzada contra automações em produtos jornalísticos. Claro, nesse caso houve uma infeliz coincidência _ao contrário daquela outra vez, o caso do link patrocinado.

Não dá: tudo tem que ser editado por jornalistas. Senão cenas constrangedoras como essas continuarão se repetindo.

O Brainstorm9 foi quem viu primeiro.

Um golpe no jornalismo cidadão?

Essa é muito boa para a pequena coleção de argumentos dos que costumam desvalorizar o jornalismo cidadão por uma suposta falta de credibilidade: no domingo, o iReport, espaço colaborativo da CNN, deixou passar uma história sobre Randall Stephenson, CEO da AT&T, que teria sido encontrado morto em sua “mansão multimilionária”.

Era mentira, um trote, mas o mais curioso é que a AT&T (provedor de acesso à web mais utilizado nos Estados Unidos) tomou suas próprias providências e bloqueou um dos fóruns mais movimentados da web americana na qual a informação já bombava e era debatida com fervor (do iReport a “notícia” foi excluída rapidamente).

Não foi a primeira vez que o iReport foi ludibriado por, digamos, engraçadinhos.

Evidente que a possibilidade de trotes não é uma exclusividade da era da conversação e altíssima tecnologia _eu vou voltar no tempo só até 1983, quando internet era um termo usado apenas por militares e alguns acadêmicos, para citar o caso Boimate, no qual a revista Veja foi enganada por uma brincadeira de 1º de abril.

São inúmeros esses “descuidos” editorais que remontam, certamente, à própria época de Gutemberg.

Não têm a ver, portanto, com a produção colaborativa de notícias. Mas é sempre bom repetir e reforçar, porque senão vai aparecer gente dizendo “tá vendo? eu sabia!”.

Isso não exclui a possibilidade de se fazer uma reflexão sobre qual o melhor processo de inserção do público dentro do noticiário.

O iReport, como se sabe, não possui moderação nem edição posterior, ou seja, as notícias ali publicadas (salvo se são mentirosas _mas de fácil checagem, convenhamos, senão jamais serão descobertas) não passam por qualquer jornalista profissional antes de ir ao ar.

Algumas, de tão boas, vão parar no site da CNN em pessoa (a empresa afirma que, até hoje, de quase 321 mil textos postados, 699 chegaram ao mainstream).

Pessoalmente, eu prefiro a mediação e a convivência pro-am, quer dizer, entre profissionais e amadores, o que dá origem ao jornalismo que conceituo como participativo _ou seja, o público efetivamente está participando de um processo. Falamos mais disso em breve.

Um dia de Michael Jackson

Michael Jackson morreu. Isso sim é notícia. É seguramente o morto mais ilustre (no sentido de alcance global) da minha existência como jornalista, iniciada em 1990. Gênio e louco, teve uma relevância incrível.

E foi uma morte, apesar de inesperada, lenta. Começou com a notícia da internação às pressas, após o cantor ser socorrido “sem respirar” por paramédicos. Às 18h06 já havia matérias sobre o assunto, que bombou na web nos minutos seguintes.

Leia notícias sobre a morte de Michael Jackson

Às 19h20, o site norte-americano TMZ, que cobre celebridades, cravou o passamento (é o pior eufemismo possível para morte). O Twitter, essa máquina de rumores que espalha o mal e o bem, tornou celébre o desconhecido TMZ _propriedade da Warner Bros., um cachorro grande do entretenimento.

Eu diria que foi chute, mas tecnicamente tem de ser considerado furo. E coube ao TMZ a primícia. O site, criticado por incentivar o trabalho de paparazzi mas que possui no currículo outros furos, foi quem noticiou primeiro a tragédia.

Em 17 minutos, o Los Angeles Times, em post publicado num blog de música do jornal, dava a mesma informação. O LA Times ainda tentou, numa sacanagem clássica da internet, se apropriar do furo, atualizando a matéria que falava da internação _publicada uma hora e catorze minutos antes (repare no link da URL, que traz o título original e entrega o truque).

Depois, como ficou feio, o jornal colocou um “update” logo após o título (modificado) que sentenciava a morte do astro do pop.

Só quando o LA Times deu, a CNN virou seu título na tela, citando o jornal e falando em morte (até então, o máximo que se tinha chegado era “coma”). Eram 19h43.

Mas faltava a confirmação oficial. Não, não a de médicos ou legistas, num comunicado oficial. Faltava a chancela da imprensa formal. Ela veio apenas às 20h22, quando a CNN confirmou o óbito com fontes próprias e, enfim, assumiu a informação.

O Jornal Nacional já estava no ar, com os apresentadores fazendo o possível para manter em voo um Boeing sem combustível. Só às 20h29, um minuto antes de entrar no ar o programa gratuito do PSDB (escancarando a vocação do partido em ser figurante), William Bonner, citando a CNN, deu a notícia da morte de Jackson.

A parada do telejornal se mostrou providencial. Às 21h01, entrou no ar último bloco do programa, editado de forma bem satisfatória. Repare no final: Fátima Bernardes errou, dizendo que a emissora daria novas informações “a qualquer momento ou no Jornal Nacional”, no que foi socorrida pelo marido, “no Jornal da Globo”, disse Bonner, que foi além: “Estamos todos abalados com a notícia de última hora”.

Pano rápido.

Hoje é o dia de ver como os jornais impressos vão se sair. Minha única certeza é que quem não manchetou com o assunto cometeu um erro grotesco. Dois jornalões não tinham feito isso até a hora que vi… E outro, ainda aguardo confirmação porque só acredito vendo, teria perpetrado “Peter Pan morreu”.

Se você leu essa manchete em algum lugar, me avise com urgência.