Arquivo do mês: maio 2015

A era do aluno-cliente

A era do aluno-cliente, que sempre tem razão, tem me afastado gradativamente da universidade.

Despreparados acadêmica e profissionalmente, os expoentes dessa geração não buscam crescimento intelectual, apenas insumos para responder ao chefe da vez e aparentar diligência.

Tolos: esse tipo de conhecimento raso está disponível em um dos trilhões de tutoriais do YouTube – e praticamente de graça.

O problema é que no YouTube não é possível lavar diplomas e deletar a vida escolar pregressa.

O objetivo parece sempre ser baixar a altura do sarrafo. O aluno-cliente nunca é original…

A era do aluno-cliente, que sempre tem razão, tem me afastado gradativamente da universidade.

Aprisionados

Há alguns problemas com relação ao Instant Articles, programa pelo qual o Facebook colocou pra dentro da plataforma nove importantes players produtores de conteúdo jornalístico, dando sequência ao seu malévolo plano de se transformar no único site que os usuários da rede deverão acessar – hoje, mais de 90% das pessoas que têm acesso à internet já passam por ali diariamente.

O conflito mais grave é ético: sendo o Facebook um ambiente que censura conteúdo, como produtos jornalísticos podem considerar fazer acordo com Zuckerberg – a troco de 30% de tudo o que for vendido em publicidade em cada artigo?

A questão de fundo, e a que considero mais importante, é filosófica: precisamos mesmo estar dentro do Facebook, sob seu controle?

Acontece

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Em apenas três dias, dois analistas de mídia social foram vítimas de um perigoso acontecimento: aquele momento em que se mistura a timeline pessoal com a de páginas que o profissional administra.

quem_erroNo sábado, a Revista Quem parecia, em sua página no Facebook, se lamentar de que o nascimento da princesa Charlotte Elizabeth Diana tivesse ocorrido no final de semana – mas era ele, sempre ele, crente que estava publicando em sua instância pessoal.

Ontem foi a vez de o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, vociferar contra uma notícia postada pelo jornal O Globo no Twitter. Não, não era Pezão – de novo o analista foi traído ao confundir suas abas de trabalho.

Acontecimentos deste tipo me fazem lembrar alguns “seguros” utilizados para se evitar esse drama. O mais severo deles é simplesmente recomendar que o operador não use as redes pessoais durante o trabalho. É como pedir ao confeiteiro que não prove a massa do bolo.

Outro recurso bastante usado é o de dois browsers – ele não impede, porém, a confusão de ocorrer. Trabalhar com backgrounds diferentes cria (no caso do Twitter) um belo contraste, mas resolve?

Só resta rezar?

O WP sob Bezos

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Marty Baron, diretor do Washington Post, fala sobre os primeiros 18 meses sob a égide de Jeff Bezos, dono da Amazon que comprou o tradicional jornal norte-americano.

“Fazer impresso e digital ao mesmo tempo é um desafio”, diz ele, cuja publicação constatou a “confirmação de clichês” como o baixíssimo índice de leitura integral de “reportagens típicas” (só 1,5% dos leitores) e o fato de não existir “poção mágica” para enfrentar a mudança do ecossistema noticioso.