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Cai a última fronteira do conteúdo publicitário

Houve um tempo em que até anúncio na primeira página era visto como um indício de perda de independência dos jornais impressos. Esse tempo acabou.

Agora, cai a última fronteira: o Washigton Post anunciou que permitirá a exploração de conteúdo pago em seu site, seja em vídeos, blogs ou infográficos.

Será que o disclaimer “conteúdo produzido por anunciantes” bastará?

Nunca é demais lembrar que de informes publicitários o jornalismo impresso já estava cheio, e há décadas.

Não há, exatamente, uma novidade na decisão do WaPo – na verdade, a dúvida é se a separação entre conteúdo editorial e publicitário é suficientemente claro on-line (eu diria que não).

Novidades sobre o paredão do conteúdo pago

Excelente texto de Mathew Ingram para se atualizar sobre a questão do paywall – o paredão de conteúdo pago -, agora mais em voga do que nunca.

Modelo aberto do Guardian é um fracasso, diz jornalista

Autora do livro “The Revolution will be Digitised”, Heather Brooke se desencantou com o modelo “open journalism” do Guardian, antes saudado por ela própria como a salvação do ofício.

Significa que Brooke pulou o muro em direção aos defensores dos paywalls, a cobrança por conteúdo em meios on-line – um dilema de nossa era, cobrar ou não cobrar.

“É um modelo de negócios fracassado, as notícias não são de graça”, decretou a jornalista e escritora.

É por isso que o modelo poroso, que permite uma quantidade definida de acessos antes de mandar a conta, parece ser o mais equilibrado e passível de promover o necessário ajuste de relações consumidor-mídia no que diz respeito sobre o valor de nosso trabalho.

E a discussão sobre o conteúdo pago chega à universidade

Quem diria: o debate sobre o conteúdo pago ou gratuito chegou à academia.

Coube à prestigiosa Universidade de Harvard (EUA) meter o dedo na ferida: num comunicado à sua comunidade científica, a instituição pede que os pesquisadores priorizem a publicação de trabalhos em revistas de conteúdo aberto.

O motivo: acabou o dinheiro para financiar as altíssimas assinaturas das publicações pagas – só para Harvard, elas custam quase R$ 11 milhões anuais.

No Brasil, quem paga a conta é a gente (é bem verdade que na Inglaterra a verba para isso também vem em boa parte de impostos).

Anualmente, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) desembolsa todos os anos de seu orçamento cerca de R$ 133 milhões para permitir que 326 instituições acessem 31 mil revistas científicas.

Essa sim é uma novidade no debate do conteúdo pago. E que pode mudar alguma coisa nos rumos que a coisa está tomando, embora a políticia dos micropagamentos que passa a ser adotada em massa parece estar dando algum resultado prático.

Cobrar por conteúdo? Não, obrigado, diz Washington Post

Num momento em que o tabu do conteúdo pago de alguma forma tem sido enfrentado por veículos que em maior ou menor escala puseram a registradora para funcionar, o ombudsman do Washington Post vai na contramão e diz que, se fosse para fazer uma previsão, o jornal jamais irá cobrar pelo acesso à sua página on-line.

Assinantes dão mais dinheiro ao Financial Times do que anunciantes

O conteúdo econômico, aquele que ninguém está disposto a compartilhar, deu mais um salto na escala que marca o quanto é possível fazer dinheiro com material fechado a assinantes _notadamente em plataformas em tempo real.

O “Financial Times” anunciou nesta semana que prevê, pela primeira vez, ter mais receitas com o dinheiro de seus usuários do que com publicidade.

Hoje, a carteira de cerca de 1,5 milhão de assinantes do conteúdo on-line do FT já responde por 30% de todo o bolo do faturamento do site.

Resta agora entender a especificidade do número _e do conteúdo, claro.

Informação generalista ainda é aquela dura de vender num universo de tanta oferta.

E, por favorf, não use a equivocada comparação com o modelo iTunes. Na nossa barraca não costuma ter coisas tão atrativas assim.

O rádio brasileiro em seis artigos

O Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) “invadiu” o Journal of Radio And Audio Midia com seis artigos que tratam de aspectos variados do rádio brasileiro, como digitalização, modelo all news e rádio comunitária.

Dá uma passada por lá pra ver se vale a pena pagar por algum trabalho (sim, os artigos são vendidos _ salve, Rupert Murdoch).

O artífice do paredão pago

Bill Keller não desiste. Em entrevista à Folha de S.Paulo, um dos artífices do paredão de conteúdo pago do NYTimes _que tem, entre seus diferenciais, entrada aberta via mecanismos de busca e redes sociais_ faz a comparação errada entre o modelo do iTunes para vender música e a possibilidade de cobrar por material jornalístico generalista.

Música, relembremos, não é perecível e via de regra é executada centenas de vezes pelo comprador _que lê uma única vez o noticiário do dia (e só naquele dia) em muitos lugares disponíveis.

Feito o parêntesis, em boa medida a ideia de Keller tem prosperado (como falei outro dia aqui). É uma ótima notícia para o jornalismo que tenta desesperafdamente se tornar sustentável em outras plataformas que não papel, TV e rádio.

Um paywall que funciona

Dados divulgados pelo NYTimes dão conta de que a cobrança por conteúdo esquematizada pela companhia está funcionando: as assinaturas full (jornal impresso + acesso integral ao site) cresceram 15% desde a implantação do sistema.

Aparentemente, oferecer o conteúdo on-line como um plus é a visão mais inteligente do que deve ser um paredão do conteúdo pago _do qual, via de regra, sou crítico feroz.

Neste caso, ao mesmo tempo dá-se uma sobrevida ao produto papel, tão combalido.

Assim, usuários mais “fanáticos”, digamos, pagam por todos os outros que seguem ingressando de graça no veículo via buscas no Google.

Multiassinatura mascara cobrança on-line

O conceito de multiassinatura pode mascarar a cobrança pelo conteúdo on-line.

A Time, por exemplo, agora oferece um pacote que inclui impresso, site e aplicativos.

Quem não pagar, vai ler a revista na web com três semanas de atraso.