Arquivo da tag: Financial Times

Como o mobile está mudando o consumo de notícia

Um material interessante que compara o acesso via desktop e mobile a Financial Times e Guardian.

A constatação, óbvia, é: vamos produzir urgentemente com foco em dispositivos móveis.

Assinantes dão mais dinheiro ao Financial Times do que anunciantes

O conteúdo econômico, aquele que ninguém está disposto a compartilhar, deu mais um salto na escala que marca o quanto é possível fazer dinheiro com material fechado a assinantes _notadamente em plataformas em tempo real.

O “Financial Times” anunciou nesta semana que prevê, pela primeira vez, ter mais receitas com o dinheiro de seus usuários do que com publicidade.

Hoje, a carteira de cerca de 1,5 milhão de assinantes do conteúdo on-line do FT já responde por 30% de todo o bolo do faturamento do site.

Resta agora entender a especificidade do número _e do conteúdo, claro.

Informação generalista ainda é aquela dura de vender num universo de tanta oferta.

E, por favorf, não use a equivocada comparação com o modelo iTunes. Na nossa barraca não costuma ter coisas tão atrativas assim.

Financial Times prevê crepúsculo do jornal impresso para 2015

Pintou a mais sombria previsão para o futuro do jornal impresso: o Financial Times está intensificando sua presença on-line porque acredita que o papel não irá além de 2015.

O motivo, claro, são altos custos que o processo industrial de um produto jornalístico impresso exige. Em tempos de vacas magras, já há editores considerando um absurdo a quantidade de dinheiro e tempo que se dispende numa operação dessa.

O planejamento do Financial Times encontra eco em outras publicações importantes, como relata o Paid Content (ótimo site que cobre a indústria do conteúdo). O texto lembra um caso emblemático do Guardian, que quando adquiriu uma nova rotativa, em 2005, anunciou que seria a última (ela tem uma vida útil aproximada de 20 anos).

Previsões sobre o futuro do jornal impresso pululam, mas talvez a mais famosa (que nem sequer era uma previsão, mas uma elocubração) é a do mestre Philip Meyer, que em seu livro “Os Jornais podem Desaparecer?” refletiu que, talvez, a última edição impressa de um veículo jornalístico chegaria à soleira da porta da casa do último leitor no primeiro trimestre de 2043.

De minha parte, sigo com a convicção de que o jornal não vai acabar. Ele cada vez mais deixará de ser um produto de massa para atender um público bem específico, que continuará pagando para receber notícias impressas todos os dias.

ATUALIZAÇÃO: Importante, o Thiago Araújo, aí nos comentários, avisa que houve um pronto desmentido sobre a sombria previsão.

O jornal de 17 milhões de exemplares por dia

Escrito em hindi, o Dainik Jagran atinge 55 milhões de leitores por edição

Escrito em hindi, o Dainik Jagran atinge 55 milhões de leitores por edição

Durante décadas (e isso persiste até hoje) a resposta à pergunta “qual o jornal de maior tiragem no mundo?” era fácil: o japonês Asahi Shimbun e seus 8 milhões de exemplares diários.

Pois estamos todos desatualizados.

O diário mais vendido do planeta, e já há algum tempo, é o indiano Dainik Jagran (“A Verdade”), que põe nas ruas todos os dias impressionantes 17 milhões de cópias _um alcance de quase 55 milhões de leitores. O jornal é escrito em hindi, língua dominada por 41% dos 1,2 bilhão de habitantes do país asiático.

O Financial Times relata que o negócio do jornal anda de vento em popa, impulsionado por um crescente grupo de engajados políticos e recém-alfabetizados: ele faturou 15% a mais no último quadrimestre, com relação ao lucro auferido no mesmo período do ano passado.

Sim, a Índia (como Brasil e China) ainda não conhece a crise dos jornais impressos como se vê nos EUA e na Europa. Claro, há milhares de pessoas saindo da linha de pobreza todos os dias e conquistando só agora acesso a informação paga.

Os números indianos são especialmente pedagógicos nesse aspecto: em 1976, só 35% da população era alfabetizada. Hoje, esse número dobrou.

Longa vida ao Dainik Jagran.

Jornal dominical mais antigo do mundo está ameaçado

O jornal de domingo mais antigo do mundo (sua primeira edição foi às ruas em 4 de dezembro de 1791) está ameaçado.

As perdas do Guardian, proprietário do bicentenário The Observer (jornal publicado só aos domingos na Inglaterra), teriam feito a empresa considerar enxugar ou mesmo extinguir o vetusto semanário.

O rombo do grupo foi de R$ 227,3 milhões no ano fiscal de 2008, encerrado no primeiro semestre de 2009.

Segundo o Financial Times, ainda não há decisão sobre o futuro do Observer, mas a alternativa que prevê seu fechamento está sendo debatida.

Melancias, laranjas e jornalismo

A Folha de S.Paulo reproduziu ontem texto do New York Times que trata da possível cobrança de conteúdo on-line por jornais dos Estados Unidos _movimento (e isso não está no texto) que poderá ser visto pela Justiça americana como cartelização.

De novo, o texto compara laranja e melancia: diz que os modelos de Wall Street Journal e Financial Times (ambos têm vasta carteira de clientes que pagam para ler material exclusivo) provam que é possível taxar o leitor on-line.

Esquece-se o autor da matéria que informação financeira é uma das poucas que as pessoas não estão dispostas a compartilhar. Logo, dentro desse nicho é sim possível cobrar pedágio. Fora dele, jamais.

Outra patinada do texto, e que tem sido frequente quando se fala sobre o assunto, é acreditar no modelo iTunes para o noticiário, como se música e notícia fossem a mesma coisa.

Não, não são. O prazo de validade é seu principal diferencial: notícia acaba assim que é lida. Logo, é incorreto comparar as duas coisas.

É difícil a compreensão de que não há volta com relação ao conteúdo gratuito na internet.

Oito casos de convergência analisados bem de perto

Já saiu do forno o livro “Jornalismo Integrado: Convergência de Meios e Reorganização de Redações“, editado pela Universidade de Navarra.

A obra estuda em profundidade oito casos de jornais que optaram por integrar suas redações em papel e on-line. São eles: Daily Telegraph, Tampa News Center, Schibsted, O Estado de S.Paulo, The New York Times, Guardian, Clarín e Financial Times.

O estudo de cases é muito relevante neste momento, em que diversos outros veículos estão optando pela fusão de conteúdos para, enfim, atingir a tão sonhada convergência (quando todo o trabalho jornalístico é pensado em várias dimensões e plataformas).

Como aperitivo, o capítulo sobre o Daily Telegraph, considerado modelo mundial no tema.

ATUALIZAÇÃO: Minha amiga Ana Estela, aí embaixo, nos comentários, faz uma observação bem importante: “Era bom ressalvar que o livro é francamente integracionista e que tem gente ali no meio que vende consultoria para quem quer fazer Redações integradas… Ou não?”

Sim, completamente. Salaverría, por exemplo, viaja o mundo vendendo um modelo que não foi ele quem criou. Tem sido assim com alguns outros personagens de Navarra: ocuparam bastante espaço, mas com um discurso difuso e que, muitas vezes, assemelha-se a autoajuda.