Arquivo da tag: Time

Antes tarde do que nunca

Com anos de atraso, a Time (que inventou a revista semanal como a conhecemos hoje) está fazendo uma convergência em sua redação, fazendo com que todos os jornalistas da casa trabalhem para todas as plataformas.

Ainda é a principal dificuldade das fusões de redações: a compreensão, por parte dos jornalistas, que nossa produção independe do suporte.

No caso da Time, que recentemente demitiu 500 pessoas (ou 6% de sua força de trabalho), as mudanças se fazem mais do que necessárias.

A desimportância das homepages, revisitada

Um novo levantamento nos Estados Unidos traz a última quantificação sobre a (ir)relevância das home pages para alavancar a audiência de fatos noticiosos.

Na média, 75% dos acessos ocorrem de fontes externas e, portanto, apenas 25% dizem respeito a notícias que o usuário viu na página principal e teve interesse em clicar.

Partindo desse ponto, a Associação Mundial de Jornais comenta o barulho provocado pela capa da última edição impressa da revista Time e diz que, entre as revistas, a primeira página ainda é a rainha.

Jack Lail fala sobre o assunto (o hábito das primeiras páginas) num post bastante recente.

Síria, um ano depois

Especial da Time mostra, em imagens, um ano da crise na Síria, ou “a guerra civil em câmera lenta”, como a publicação denominou.

Time cita própria capa de 33 anos atrás


A revista Time da semana passada revisitou a si própria na capa, uma montagem sobre a crise econômica, relembrando trabalho de 1978.

Tudo se recicla no jornalismo.

Multiassinatura mascara cobrança on-line

O conceito de multiassinatura pode mascarar a cobrança pelo conteúdo on-line.

A Time, por exemplo, agora oferece um pacote que inclui impresso, site e aplicativos.

Quem não pagar, vai ler a revista na web com três semanas de atraso.

As fotos mais impressionantes de 2010


Saíram os vencedores de 2010 do World Press Photo, o principal prêmio do fotojornalismo mundial.

De autoria da sul-africana Jodi Bieber e publicada na Time, a chocante imagem da garota afegã Bibi Aisha desfigurada como punição por ter fugido da casa do marido ganhou o prêmio principal.

Confira a galeria com todos os vencedores.

ATUALIZAÇÃO: Oficialmente este é o  World Press Photo 2011. As fotos concorrentes, claro, foram produzidas em 2010.

Por que o Twitter é tão popular no Brasil?

Por que o Twitter é tão popular no Brasil, pergunta a revista Time, se escorando em dados que mostram que, em agosto, 23% dos internautas brasileiros visitaram o site, contra 11% dos americanos.

É uma questão difícil de responder até para quem viu a plataforma surgir do zero (quando ainda tinha pouquíssimos usuários no país) _desde 2007 utilizo o microblog em sala de aula.

O brasilianista James Green, ouvido pela revista, dá um chute arriscado: diz que “a falta de diversidade na mídia” levou os brasileiros ao Twitter.

Tem duas coisas a se considerar aí: primeiro, que o Twitter verdadeiramente “explodiu” e passou a ser conhecido no país apenas a partir do ano passado. É, ainda, muito pouco tempo de uso para se detectar alguma febre.

Junto disso, verificou-se o fenômeno de adoção da ferramenta por personalidades, o que seguramente ampliou seu leque de utilizadores (aqueles que gostam de dizer “tio” para William Bonner, por exemplo).

Qual o seu palpite?

Alguns blogs bons de se acompanhar (e desmascarar)

Quais os blogs mais legais?

A Time atualizou sua lista anual mostrando também aqueles diários que têm mais marketing do que conteúdo.

Ah, e preservou o lugar de destaque do Boing Boing, para mim o melhor de todos _e o que me fez chegar à descrição “coleção de coisas bacanas” para a plataforma.

Para ver e analisar.

Um exemplo de jornalismo corajoso e ousado que já tem 71 anos

O jornalismo, por definição, precisa de ousadia para chocar e mostrar a realidade às pessoas. Vamos recuar muito no tempo para encontrar um belíssimo exemplo disso, como bem lembrou o amigo Wagner Belmonte, meu duplo colega. Pois bem: a revista Time elegeu em 1938 como “Homem do Ano” ninguém menos que Adolf Hitler.

“Para o bem ou para o mal”, como expressou Henry Luce, fundador da prestigiosa revista, na edição que mostra, em sua capa, uma ilustração do Führer tocando órgão numa catedral enquanto suas vítimas são representadas numa espécie de roda da morte onde são açoitadas.

A imagem, por si só, é chocante, ainda mais em 1939. Mas a decisão de apontar Hitler como o personagem que mais tinha influenciado o ano anterior (a escolha foi revelada na edição de 2 de janeiro do ano seguinte) impacta pela coragem em boa medida fruto de um tempo em que ainda não havia a irritante patrulha do politicamente correto.

Hoje qualquer tipo de eleição jornalística premia o bem, como se o mal não existisse, e provocaria uma reação de nojo e revolta se, por um acaso, se decidisse realçar alguém que foi personagem central por sua coleção de maldades.

Ao mesmo tempo, a brilhante opção da Time há 71 anos foi um tapa na cara dos políticos de diversas nações, incapazes de lidar com a fúria expansionista (e assassina) do chanceler alemão. Além disso, antecipou o que parecia inevitável, mas ainda não estava claro _a Segunda Guerra Mundial começaria exatos oito meses desta capa histórica.

Um brinde ao jornalismo ousado e corajoso.

Reiventar o jornalismo ou o jornalista?

Reiventar o jornalismo. Expressão que já virou clichê e sobre a qual poucos realmente se debruçam. É mesmo necessário? O termo correto é realmente “reiventar”? Só o jornalismo impresso precisa ser reiventado? O jornalismo on-line, então, já está posto, definido e bem criado?

Não é bem assim, mas muitas vezes a gente não percebe. Mas é notório que ainda existe um subtratamento (no papel e na web) às possibilidades trazidas pela tecnologia.

Londres vai discutir o tema em 10 de julho, no encontro News Innovation London. Segundo um dos organizadores, Martin Moore, é a chance de debater possibilidades concretas, não conjecturas.

Falando ainda mais claro: o que se propõe aqui é juntar jornalistas e programadores (mas pode chamar de nerds) que tenham ideias legais e úteis. Às vezes, quando jornalista e nerd são a mesma pessoa, as coisas ficam mais fáceis.

Sim, trata-se também da boa e velha reportagem assistida por computador (RAC ou CAR, na sigla em inglês). Uma série de programas e mashups que, bem alimentados, apresentam a informação em formato e perspectiva diferentes.

Curioso que, há poucos dias, a revista Time se perguntava se os nerds poderiam fazer alguma coisa pelo jornalismo. Já estão fazendo, falta aos jornalistas perceberem o quão prático e proveitoso para o leitor/usuário pode ser essa faceta da interpretação e apresentação de dados.

Mas é claro que não é só isso.

Os caminhos do jornalismo passam também pela gestão da produção colaborativa de informação. Os exemplos a serem debatidos em Londres são o projeto My Football Writer (basicamente uma rede de correspondentes amadores em pequenos clubes em East Anglia, uma região da Inglaterra) e rede investigativa “Ajude-me a apurar”, do Channel 4, bastante aberto à conversação, essa dádiva da era da publicação pessoal e da troca instantânea de informação.

Há ainda a necessária administração de mídias sociais (que é, hoje, onde o povo está na internet).

Todo o resto, os preceitos, todas as receitas que conhecemos como exemplos de bom jornalismo, estão preservados.

Falta reportagem? Sim. Falta investigação? É claro. Faltam clareza e acuidade na redação de textos? Quem acha que sim levante a mão. Tantas coisas faltam hoje ao jornalismo impresso.

Mas será que elas já não vinham faltando quando a internet nem sequer existia?

Pensar o jornalismo como um processo, não como uma plataforma, é tão difícil assim?

Leia também: O jornal vai dormir internet, e a internet acorda jornal

Opine: um jornal precisa de manchete todos os dias?

(este post teve as colaborações de @leogodoy e @rsbarai)