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A comunicação na favela, do alto-falante às redes sociais

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Com edição de Raquel Paiva, a revista Viva Favela de dezembro aborda a comunicação nas comunidades, com ênfase na Maré, na Rocinha e no Alemão, refazendo uma trajetória comunicativa que vai do serviço de rádio comunitária em alto-falantes ao poder e alcance das redes sociais. Ótima leitura.

Uma pauta diferente

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Sempre apontamos para a mesmice das pautas, um dos fatores que também colaboram com a destruição do jornalismo, mas de repente a revista Autoesporte aparece levando a Interlagos (algo que nem o próprio piloto fez) os dois carros que Ayrton Senna possuía no Brasil ao morrer, um Honda NSX e um Audi S4 Avant (o primeiro veículo exportado ao país pela marca). Preciosidades com menos de cinco mil quilômetros rodados mantidas pela família.

Belíssima história pra contar.

A publicidade on-line sobe

Cresceu 22%, de 2012 para 2013, o investimento do governo federal em publicidade na web. Ainda assim, a plataforma fecha a lista de mídias preferenciais para a comunicação da administração Dilma Rousseff – a TV ficou com 65%, seguida de rádio (7,6%), jornal (7%), revista (6,3%) e web (6%).

Como se trata do quarto maio anunciante do país (atrás de Unilever, Casas Bahia e Laboratório Genomma), o dado é expressivo e pode sginificar uma tendência de a publicidade on-line, enfim, deixar o final da fila.

Circulação de revistas cai quase 5% no Brasil

O meio revista no Brasil não teve um bom 2012: a circulação dessas publicações caiu 4,6% no ano passado no Brasil.

Para o IVC, o número não representa a realidade, pois faltam dados das edições digitais que nem todas empresas repassaram.

A conferir.

O furo de Yoani

“Protesto faz parte da democracia, agressividade não”, disse Dado Galvão. “É uma cidade pacata”, queixou-se. “É o que a ‘Veja’ disse que ia acontecer”.

A recepção hostil à dissidente cubana Yoani Sánchez no Brasil confirmou, nas palavras do cineasta que a convidou para visitar o país, que a revista deu um grande furo.

Bom jornalismo é tão eficiente quanto ativismo político.

Agora, as manifestações contra Yoani apenas reforçam sua posição. Em Cuba, elas não prosperariam. Só a democracia permite que as pessoas se manifestem, ainda que de forma imbecil.

As origens do fotojornalismo brasileiro

Ainda dá pra ver até março, na sede paulista do instituto Moreira Salles, a exposição As Origens do Fotojornalismo no Brasil: Um Olhar Sobre ‘O Cruzeiro’, que foca na revista de informação que circulou entre 1928 e 1975 e detém, até hoje, os recordes absolutos de tiragem (versus população do país) com várias edições acima de um milhão de cópias.

Por mais importante que O Cruzeiro tenha sido para o mercado editorial brasileiro, em particular, e para o fotojornalismo nacional, em especial, não se pode perder jamais de vista o caráter chapa-branca da publicação. Assim como Manchete, turbinada pela ditadura militar, O Cruzeiro nasceu patrocinada por um ditador, Getúlio Vargas, e boa parte de seu sucesso e furos de reportagem podem ser creditados a favorecimentos mil.

Era uma época romântica do jornalismo: repórteres tinham autonomia para fretar aviões, e jornalistas em geral tinham liberdade para mentir (ficou o famoso o caso do “disco voador” na Barra da Tijuca, claramente uma manipulação deliberada da revista).

Fotógrafo da publicação, Flávio Damm fala sem rodeios sobre as armações de David Nasser (repórter venal e simpático à ditadura) e companhia em busca de mais vendas nas bancas.

Isso não significa que O Cruzeiro não tenha exercido sua importância e que ela não deva ser reconhecida. Mas não se pode esquecer de que forma, em boa medida, foi construída.

Leituras

Rita Figueiras presta um excelente serviço ao debate com o artigo “Intelectuais e redes sociais: novas media, velhas tradições”, publicada no volume 6 da Matrizes, revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo.

No texto, a pesquisadora defende que as redes sociais – do outro lado da moeda questionadas pela qualidade da informação ali distribuída, via de regra considerada pífia – são “lugar onde intelectuais encontram espaço para exercerem o seu papel de consciência reflexiva da sociedade contemporânea”, ou seja, um espaço público que efetivamente pode ter relevância.

Na mesma edição, Henry Jenkins dá o ar da graça com o artigo “Lendo criticamente e lendo criativamente”, que cumpre bem o papel de discutir a fan fiction e sua possível utilização em sala de aula.

Mas tem mais: em “As estratégias dos grupos de comunicação na alvorada do Século XXI”, Jean-Yves Mollier traça um panorama bacana da questão das fusões e a intromissão de grupos de midia no mercado editorial.

Jornalismo ilustrado ganha revista

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O jornalismo ilustrado ganhou um ilustre (com o perdão do trocadilho) representante: a revista Symbolia, disponível desde o começo da semana nas versões PDF e tablet.

A publicação nasce tendo na mira um público de leitores de comics, jornalistas e amantes da tecnologia em geral.

Saudações para uma boa novidade que se insere no campo das novas narrativas jornalísticas. Que dure.

Fotocópias: a discussão sobre a apropriação indevida na fotografia

Um blog que “denuncia” apropriações indevidas de fotos conquistou o primeiro lugar da categoria internet do prestigiado Prêmio Simón Bolívar, entregue anualmente na Colômbia.

O Fotocopias Colombianas está no ar há pouco mais de um ano e, no fundo, coloca sobre a mesa a discussão sobre o que é plagiar e o que é se inspirar – um conceito, convenhamos, bastante difícil de desenhar.

O vídeo acima mostra a editora de uma das publicações apontadas se justificando numa entrevista a uma emissora de rádio. E explana, com claridade, que as referências estão aí, aos milhões. Basta saber usá-las com critério.

A propósito, a história completa está no Ética Segura.

Como assim, vendemos papel?

A partir das 10h de amanhã, Victor Navasky faz palestra na ESPM (rua Joaquim Távora, 1.240, em São Paulo).

Ex-editor da combativa (e de oposição) revista The Nation, Navasky é assertivo ao garantir que o jornalismo na internet não pode substituir uma revista de opinião como a que a ajudou a notabilizar e qulificar nas três décadas em que trabalhou por lá.

“O papel da pequena publicação de opinião, numa sociedade democrática, é realizar o jornalismo interpretativo na extensão que for necessária, explorar ideias intensivamente, não nessas frases curtas. Estamos na era do Twitter e do jornalismo tecnologizado, e as pessoas dizem que a crítica da imprensa está on-line. Mas você a recebe em mensagens de 140 caracteres”, exagera o jornalista.

A web (ou os aplicativos, seus derivados) é apenas um suporte, que comporta do livro aos 140 caracteres. Ali fazemos o jornalismo que queremos fazer. Sem amarras. É isso que parece ainda não ter sido compreendido.

Por Navasky, é compreensível: à beira dos 80 anos, ele é de pelo menos duas gerações atrás e viu todo esse avanço tecnológico aparecer de repente – eu próprio, com metade da idade, passei parte da minha existência num mundo cuja única tela era da TV.

Admitir que o jornalista não vende papel é um passo para entender como nossa vida mudou.