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Nizan: ‘Quem não muda com o tempo são os malucos’

A Meio&Mensagem convocou um time de personalidades para entrevistar Nizan Guanaes, alguém cada vez mais indispensável no cenário de transformação da comunicação. Imperdível.

Conheça o homem comum mais citado pela imprensa na história

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Para ele, aparecer na mídia é uma missão de vida. Tanto que já deu o ar da graça em mais de 100 reportagens desde 1995, quando a mania começou. Agora, Greg Packer foi banido de vez do noticiário – ou até conseguir burlar as recomendações de agências de notícias que proibiram seus repórteres de entrevistá-lo.

O ex-funcionário de manutenção de estradas não tem limites para figurar numa reportagem: acampa em filas para ser o primeiro, por exemplo, a comprar uma nova versão do iPhone, frequenta o funeral de celebridades e, claro, inventa muitas histórias.

Em 2010, um atento repórter do New York Times contou como evitou que o onipresente Packer aparecesse de novo numa matéria. Quer dizer, ele conseguiu o que queria, mas por outros meios…

Entrevista sem perguntas

Como devemos agir diante de uma entrevista coletiva sem perguntas (aquelas em que o personagem apenas lê uma declaração formal)?

A Associación de Prensa de Madrid tem as dicas.

(via António Granado).

O arquivo vivo das entrevistas

Jornalista precisa gravar todas as suas entrevistas por uma questão de precisão e segurança, mas o que fazer com aquele arquivo imenso que, algum tempo depois, serve apenas para ocupar espaço em seu disco rígido?

Um projeto nascido nos EUA se dispõe a resgatar e retrabalhar o baú de preciosidades dos coleguinhas.

Ouvir, em vez de ler, uma entrevista dá outra contextualização à conversa. Nesse ínterim, nada supera as pausas, o silêncio da entrevista.

A Playboy entrevista Steven Jobs

“My God! I drew a circle!”.

Era Andy Warhol gritando em êxtase ao ser apresentado, em janeiro de 1985, a uma grande invenção: o mouse. Ou melhor, o mouse (criado anos antes por Douglas Engelbart) associado a um Macintosh, da Apple.

Quem apresentava a revolução ao homem que notabilizou a sopa pronta Campbell’s era, claro, Steve Jobs.

Tudo sob o olhar atento do repórter David Sheff, que publicou na Playboy americana em 1º de fevereiro de 1985 uma entrevista com o então enfant terrible da revolução da computação pessoal (e ainda chamado “Steven” pela mídia).

A conversa aborda todos os bodes na sala que ele colocara ali – a ponto de ser escanteado ao comando de um time que, teoricamente, cuidaria de produtos menos importantes da empresa – mas que saiu-se com o Macintosh, se não um campeão em vendas (pudera, caríssimo), um produto diferenciado.

“Você nunca guarda rancor de um filho”, diz, ao falar sobre as brigas dentro da companhia.

Em 17 de setembro daquele ano, a Apple demitiu Jobs.

O resto é história.

Aula gratuita de ética jornalística

É por essas e por outras que recomendo às pessoas: não deem entrevistas, você não sabe diante de que tipo de profissional estará. No Tocantins, um repórter açodado foi advertido severamente pelo entrevistado. “Vá estudar”. Merecido, e que sirva de reflexão antes de atrapalharmos as pessoas.

‘O jornalismo impresso vende informação, não papel’

Uma entrevista que concedi a alunos da faculdade de jornalismo da UniverCidade, do Rio.

– O senhor estreou como repórter da Folha da Tarde, trabalhou no Diário do Grande ABC, na Gazeta Esportiva, entre outros; e inovou usando o jornalismo na transmissão de dados online. Como ocorreu essa transição do jornalismo impresso para o online?
Na verdade, ainda estamos em pleno processo de acomodação. Eu não diria transição porque, ao meu ver, o termo pressupõe a substituição de uma coisa pela outra, quando na verdade o que há é a complementaridade entre os dois suportes. O jornalismo on-line começou basicamente como uma mera transposição do conteúdo em papel, a ponto de os sites nem sequer serem atualizados em tempo real (apenas uma vez por dia, mesmo timing do produto impresso). Com o passar dos anos – importante lembrar que a internet comercial chega ao Brasil em 1996 – o conceito de minuto a minuto foi se consolidando, mas mais importante do que ele é a compreensão das ferramentas que a plataforma multimídia colocou à nossa disposição. O meio on-line comporta absolutamente todas as outras mídias (TV, rádio, livro etc), e saber se mobilizar nesse mundo é algo que leva tempo. Pior: nem bem sabemos o que fazer na web e surgiram os celulares e seua aplicativos. Daí toca a aprender a explorar esse novo ambiente. E surgem os tablets. Enfim, é uma corrida sem chegada.

– Com um papel importante na consolidação dos novos processos jornalísticos e como pesquisador de novas mídias, o senhor acredita que o jornalismo impresso corre o risco de acabar? Necessita de renovação? O que precisa mudar?
O jornalismo impresso há muito deixou de ser um produto de massa, e nem por isso acabou. Assim como o rádio não acabou com o papel e não foi exterminado pela TV. As mídias são complementares. Por uma questão de sustentabilidade (seu processo industrial é caro e danoso para o meio ambiente), é natural supor que o jornalismo impresso passaria por uma retração. Porém, em países emergentes como o Brasil, ele ainda tem décadas de expansão. É bem diferente da situação do hemisfério norte, onde a própria penetração da banda larga (e há um estudo ótimo de Alan Mutter sobre o tema) colabora para a queda de circulação dos jornais. Jornalista não vende papel, vende notícia. Pouco importa em que suporte se está. Acho que em grande medida os impressos têm sabido trabalhar de forma complementar com seus sites e oferecer, nas bancas e a assinantes, produtos diferenciados recheados com mais análise e opinião – algo que, fora os blogs, deixa a desejar na web.
– Quais atividades o senhor realiza no jornalismo multimídia e, principalmente, quais realiza hoje e que não desempenhava no jornalismo impresso?
Meu próprio cargo atual só existe por causa do avanço tecnológico (sou editor de mídia social e jornalismo colaborativo), mas posso ser considerado uma exceção entre os colegas. Muito antes da internet eu já gravava áudios e vídeos e fotografava. Nesse aspecto, pessoalmente, não incluí em minha rotina como jornalista multimídia nada que eu já não fizesse antes (claro que para outras mídias que não apenas o jornal).
– O jornal impresso é limitado pelo tamanho das colunas ou pelo tempo, mas na internet, sobretudo blogs, não há limites, como garantir a qualidade da informação? Como perceber os interesses por trás de determinada ideia?
É o grande problema da internet: a falsa impressão de que ela comporta tudo. Não é verdade, existe limite físico de armazenamento de dados. Não só o limite da existência do elemento químico com a qual as mídias armazenadoras são produzidos, mas o próprio limite financeiro de se bancar expansão eterna de servidores para atender a uma demanda específica. No caso do jornalismo on-line, a sensação de que ele proporciona espaço para tudo provoca a catastrófica mania de se publicar tudo, relegando a edição para o último plano. Ora, editar é o ato de escolher, e na internet nós jornalistas deveríamos fazer mais opções – digo entre publicar e não publicar – para limpar um pouco a rede de bobagens. É o grande buraco do jornalismo on-line. Quando à motivação de pessoas que usam a rede para apurar/difundir/analisar informação, preciso deixar claro que eu considero, antes de mais nada, um direito fundamental da pessoa, jamais um monopólio dos jornalistas. Interesses estão por trás de ideias muito antes da internet, é um apanágio da humanidade. Checagem e amplo conhecimento do que pode motivar, por exemplo, uma denúncia é um dos passos para reduzir esse risco.
– E ainda, um bom jornalista passa a ser redefinido como alguém que é bom o suficiente em qualquer mídia. Quais características um jornalista deve possuir para se sair bem no meio multimídia?
Reiterando, o jornalismo trabalha com informação, não com papel, ondas magnéticas ou banda larga. O bom jornalismo como o conhecemos continua com os mesmos critérios. Só há dois tipos de jornalismo: o bom e o ruim.

Técnicas jornalísticas nas novelas

O coleguinha Aguinaldo Silva, também novelista, contou à revista Veja como usa técnicas jornalísticas na criação de seus folhetins televisivos _até recortar notícias de jornal. Ele foi repórter policial de O Globo e trabalhou na edição pernambucana do Última Hora.

Sobre a revista, confesso que a capa me chocou.

Abaixo, trecho da entrevista de Silva.

A repórter inescrupulosa Marcela (Suzana Pires) é uma resposta aos jornalistas de que o senhor não gosta?
Não! Mas ri muito quando alguém escreveu que não existe jornalista como aquela. Ora, trabalhei 18 anos como repórter. Desde os meus tempos, existem as jornalistas periguetes nas redações. Geralmente, são as que casam com os editores.

A experiência de jornalista, então, ajuda o senhor no trabalho de novelista?
Digo que sou jornalista e estou novelista. O que faço nas novelas é jornalismo. Meus personagens têm lide: quando entram, já avisam quem são, o que são e a que vieram. Além de criar em cima do que vivi, tenho a mania de recortar notícias que podem render novelas ou tramas.

O jornalismo hiper-realista (ou lições para entrevistar a sua mãe)

Já ouviu falar em jornalismo hiper-realista? É o que defende a chilena Andrea Lagos.

“Há alguma coisa mais divertida do que sair na rua e conversar, não entrevistar?”.

Não deixa de ser um ponto de vista.

O cara que desmascarou o Creative Commons

Robert Levine, ex-editor das revistas “Wired” e “Billboard”, é o novo integrante da cruzada contra o conteúdo “surrupiado” na internet.

Mas seu livro “Free Ride: How Digital Parasites are Destroying the Culture Business, and How the Culture Business Can Fight Back” traz uma contribuição de verdade ao debate.

Nele, Levine faz jornalismo e, em sua apuração, descobre que entidades incensadas como libertárias (caso do Creative Commons) são patrocinadas pela indústria de tecnologia _a principal interessada em compartilhar conteúdo sem desembolsar nada pelo direito autoral.

“Não sei se vender o conteúdo vai funcionar, mas sei que distribuí-lo de graça na internet não vai”, disse Levine em entrevista à Folha de S.Paulo.