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Um banco de reportagens

Já está na rede o Banco de Investigações Jornalisticas da América Latina, um repositório de 300 reportagens premiadas pelo Instituto de Imprensa e Sociedades.

Do jeito que a coisa anda, grandes reportagens – cada vez mais ausentes do dia a dia da mídia – só serão mesmo encontradas em bancos de dados.

Narcoestado mexicano

A britânica Sky mergulhou na tragédia da guerra do narcotráfico no México e traz um dado impressionante numa série de reportagens: estima-se em 27 mil o número de desaparecidos no país em ações vinculadas à violência dos cartéis da droga.

Bom jornalismo custa caro

Dois anos e US$ 750 mil depois, uma equipe de jornalistas divulgou a mais extensa investigação sobre os perigos do Tylenol. Jornalismo que faz a diferença, desde os tempos do telégrafo (antes, na verdade), consome muito tempo e dinheiro.

Nossas matérias ainda são longas demais?

Outro dia contamos aqui que a quantidade de reportagens de mais de 2.000 palavras despencou 86% no Los Angeles Times.

Há, ainda, gente que considere isso pouco. Ou melhor, que aponte que persiste nos jornais a cultura da matéria longa.

O motivo, explica Alan Mutter, é que não usamos os complementos que a tecnologia nos deu, como infográficos e vídeos, para contar as histórias melhor e de maneira mais prática.

Faz sentido.

Nada como um dia após o outro

Não acho bacana colegas questionarem colegas. Muito menos em busca de reconhecimento em formato de comenda. Aproveito para falar sobre o assunto exatamente hoje, dia em que os vencedores do Prêmio Esso 2012 receberão suas merecidas distinções em concorridíssimo evento no Copacabana Palace.

Ocorre que cinco jornalistas da TV Record discordaram da decisão de premiar outros cinco colegas, estes da Folha de S.Paulo, por uma série de reportagens sobre a saída de Ricardo Teixeira da presidência da CBF após um reinado de 22 anos à frente da entidade que comanda o futebol brasileiro – foram da TV, é verdade, as primeiras matérias sobre o tema.

Não vou nem sequer entrar no mérito do julgamento, visto que não tive acesso ao conteúdo completo de nenhuma das duas séries. Chama-me a atenção, porém, que o trabalho ora considerado injustiçado (por seus autores, diga-se) não tenha chegado entre os finalistas em sua categoria, de televisão.

Mas vou me ater unicamente ao aspecto comportamental. Definitivamente fico com vergonha alheia de quem move montanhas por causa de uma premiação. Julgamentos são assim mesmo, e mais, não determinam absolutamente nada sobre capacidade profissional. Ainda mais no jornalismo, quando se tem de matar dois leões por dia.

Meu conselho aos colegas da Record: a melhor resposta é sempre a edição de amanhã. Mãos à obra.

O jornalismo hiper-realista (ou lições para entrevistar a sua mãe)

Já ouviu falar em jornalismo hiper-realista? É o que defende a chilena Andrea Lagos.

“Há alguma coisa mais divertida do que sair na rua e conversar, não entrevistar?”.

Não deixa de ser um ponto de vista.

‘Invasão alienígena’ no rádio completa 40 anos

Hoje é um dia histórico para o rádio: há 40 anos, a Difusora de São Luís (Maranhão) levou ao ar sua adaptação de “A Guerra dos Mundos”, de H.G.Wells.

Como ocorrera em 1938, quando a versão de Orson Welles terrificou ouvintes nos EUA, a encenação maranhense – com bem mais ingredientes jornalísticos – foi tomada pela audiência como se fosse verdade.

Tive a oportunidade de contar essa história nesta semana, numa das reportagens mais prazerosas que realizei nos meus quase 22 anos de profissão.

Mas vamos ao que interessa: ouça uma versão de cerca de 45 minutos editada e remasterizada por Manoel Pereira dos Santos, o Pereirinha, que comandou os brilhantes efeitos sonoros da emissão.

Será mesmo o fim da matéria?

Essa aqui passou batida, mas é bem interessante: Jeff Jarvis, da Universidade de Nova York, discute o fim da matéria (no jargão jornalístico, como chamamos a reportagem).

Num longo texto, Jarvis (nosso velho conhecido, e que já há algum tempo não nos visitava nestas páginas) discorre sobre uma série de exemplos em que repórteres foram orientados a fazer exatamente isso _ reportar _ seja via Twitter, Tumblr, posts e fotos e vídeos em blogs etc.

A conclusão é que a conexão entre uma história não se perde se não nos ativermos à ditadura do textão fechado.

Tendo a concordar que a leitura, hoje, é fragmentada. A tese, portanto, me parece bem válida.

Ainda sobre a crueldade oculta do jornalismo…

…a foto abaixo dispensa qualquer tipo de comentário. Mas é nosso trabalho.


E assim continuamos aquela conversa sobre obituários

Mais um vídeo com cara de novos tempos

Faz tempo que teço loas a bons exemplos de novas narrativas jornalísticas, ao mesmo em que me preocupa tanto quanto a você de que forma vamos fazer jornalismo em vídeo _em dispositivos móveis ou na web.

Nem aprendemos como fazer na web, aliás, e já nos deparamos com vários outros desafios…

O atropelamento de um grupo de ciclistas na noite passada, em Porto Alegre, foi registrada pelo CicloDocs (um canal no YouTube) com uma edição nervosa, excelente, adequada.

É um bom complemento para um texto que já conta muito, como o da Zero Hora.

Exemplifica bem o que eu defendo como o caminho do vídeo jornalístico em plataformas multimídia (Notebook, PC, Mac, celular, iPad etc).

Se queremos integração papel/on-line, a produção em vídeo tem de seguir esse caminho no dia a dia _claro que conteúdos especiais, resolvidos unicamente em vídeo, podem ter tratamento de matéria de TV. Mas sou xiita: acho fora de lugar.