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A transparência alheia

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Não é a primeira vez (nem será a última) que players importantes da internet, como o Facebook, são acusados de intervir nos resultados originados da chamada “inteligência coletiva”, ou seja, a soma da produção de todos os usuários.

Já aconteceu com o Twitter e vai continuar acontecendo porque, conforme já escrevi, esses serviços estão distantes de qualquer aspecto de transparência pela qual muitas vezes levantam as vozes.

David Uberti nota, em texto publicado pelo CJR, que o poder que esses serviços têm de ditar a agenda pública de discussão extrapola qualquer capacidade de controle – isso faz sentido se a mensagem principal não sair do nosso horizonte: Facebook e Twitter não são apenas plataformas abertas para que exponhamos em praça pública nosso brilhante pensamento vivo.

Ao contrário, são poderosos instrumentos de consolidação de pensamento e disseminação de mensagens-chave, provavelmente numa escala que a comunicação humana jamais foi capaz de alcançar. Tudo isso envolto numa embalagem que alardeia uma neutralidade cuja veracidade é impossível acurar.

Mas é assim que a tecnologia funciona.

Aprisionados

Há alguns problemas com relação ao Instant Articles, programa pelo qual o Facebook colocou pra dentro da plataforma nove importantes players produtores de conteúdo jornalístico, dando sequência ao seu malévolo plano de se transformar no único site que os usuários da rede deverão acessar – hoje, mais de 90% das pessoas que têm acesso à internet já passam por ali diariamente.

O conflito mais grave é ético: sendo o Facebook um ambiente que censura conteúdo, como produtos jornalísticos podem considerar fazer acordo com Zuckerberg – a troco de 30% de tudo o que for vendido em publicidade em cada artigo?

A questão de fundo, e a que considero mais importante, é filosófica: precisamos mesmo estar dentro do Facebook, sob seu controle?

Proibido fotografar

A África do Sul proibiu a mídia, sob ameaça de processo, de fotografar a casa do presidente, Jakob Zuma. Não é uma medida de segurança: a mansão, descobriu-se, foi reformada graças à injeção de R$ 44 milhões em dinheiro público.

Allende, JB e coragem, 40 anos depois

No dia em que a deposição do presidente chileno Salvador Allende completa 40 anos, é sempre bom relembrar a aula de coragem e jornalismo que Alberto Dines, comandante do finado Jornal do Brasil, deu na edição do diário que relatava o golpe.

A notícia sobre a manobra que jogou o Chile num período sombrio com nome e sobrenome, Augusto Pinochet, não poderia ser o título principal da capa do periódico, ordenou a censura pilotada pela ditadura brasileira.

Pois bem, Dines criou o jornal sem manchete.

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O dia em que o jornalismo derrotou o futebol

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A última estratégia da presidente argentina, Cristina Kirchner, em sua escalada persecutória ao bom jornalismo foi bem original – mas saiu pela culatra.

Na semana passada, e tudo leva a crer que a pedido do governo, um jogo do campeonato argentino entre Boca e Newell´s teve seu horário alterado para coincidir com a emissão de Periodismo para Todos, o programa que Jorge Lanata (foto) conduz na TV e que invariavelmente pisa no calo da viúva de Nestor praticando investigação e mostrando desmandos estatais, como o passeio de malas de dinheiro na Casa Rosada.

A julgar pelo Ibope, os argentinos têm preocupações muito mais nobres do que um joguinho de futebol: Lanata venceu a guerra de audiência com quase 25 pontos de rating, contra 16 da partida.

Redação ou hospital?

“O jornalismo mudou muito. Hoje, quando vou a uma redação me sinto num hospital”.

A definição é do escritor uruguaio Eduardo Galeano, que trabalhou como jornalista nos anos de chumbo em seu país (foi editor do diario Época, censurado pela ditadura civil-militar nos anos 70).

Notícias da Coreia

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Kim Jong Un ainda não apertou o botão (da bomba atômica), mas seus jornalistas publicam loucamente na KCNA, a agência de notícias oficial norte-coreana.

Óbvio que não fica nessa tristeza: o avanço da tecnologia deu aos cidadãos – até aos pobres norte-coreanos – meios de fugir dessa coisa funesta.

Manual antiprocesso

Sempre brinquei que o melhor currículo do jornalista é sua quantidade de processos – quanto maior, mais ele incomodou.

Porém o uso de ações de calúnia e injúria como ferramenta de censura está chegando às raias do insuportável.

Daí que é bem-vinda a iniciativa de se criar um manual (em espanhol) para tentar manter os jornalistas fora do banco dos réus por esses motivos.

O cerco à mídia na Argentina

A discussão sobre a Ley de Medios e o cerco à imprensa “independente” na Argentina está pegando fogo.

Para quem trabalha com jornalismo, é impossível achar normal o que está acontecendo no vizinho. Amanhã, e nesse aspecto ainda bem que temos Dilma na presidência, pode ser a gente…

 

 

Inverno árabe na internet

A primavera árabe fez aumentar o monitoramento da internet em vários países da região.

No Kuwait, três ativistas políticos foram presos por supostas ofensas à lei local – centenas de outros têm sido intimados e podem responder a processos judiciais.

No Bahrain, um tweet brincando com passarinhos e gaiolas expõe a tensão que cerca quem discorda do governo e usa a rede para debater e mobilizar.

A coisa está apenas começando, senhores.