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Inspirador do Pasquim será digitalizado

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O jornal que inspirou o Pasquim vai ter a memória preservada. A Biblioteca Central da UFMG já está digitalizando a doação da coleção completa da publicação, que nos 50 e 60 ironizou os costumes e a política mineira e nacional.

Um personagem se destaca nessa história: Terezinha, a irmã de um dos fundadores, que foi espirituosa o suficiente para resgatar da redação, no dia do golpe de 1964, a coleção de exemplares – que provavelmente seriam destruídos pelos militares.

O acervo deverá ser disponibilizado on-line em breve.

Allende, JB e coragem, 40 anos depois

No dia em que a deposição do presidente chileno Salvador Allende completa 40 anos, é sempre bom relembrar a aula de coragem e jornalismo que Alberto Dines, comandante do finado Jornal do Brasil, deu na edição do diário que relatava o golpe.

A notícia sobre a manobra que jogou o Chile num período sombrio com nome e sobrenome, Augusto Pinochet, não poderia ser o título principal da capa do periódico, ordenou a censura pilotada pela ditadura brasileira.

Pois bem, Dines criou o jornal sem manchete.

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O mea-culpa de O Globo

Muito importante o editorial do jornal O Globo no qual o veículo admite que ter apoiado o golpe militar de 1964 foi “um erro”.

“Desde as manifestações de junho, um coro voltou às ruas: “A verdade é dura, a Globo apoiou a ditadura”. De fato, trata-se de uma verdade, e, também de fato, de uma verdade dura”, começa o texto, um produto da era da transparência total – imposta pelo avanço tecnológico.

Mais. “À luz da História, contudo, não há por que não reconhecer, hoje, explicitamente, que o apoio foi um erro, assim como equivocadas foram outras decisões editoriais do período que decorreram desse desacerto original. A democracia é um valor absoluto. E, quando em risco, ela só pode ser salva por si mesma”.

Palmas.

Vítima de dois atentados, jornalista hondurenha vai para o exílio

Depois de sofrer dois atentados em três meses (num dos quais morreu sua filha adolescente), a jornalista hondurenha Karol Cabrera pediu asilo político ao Canadá, para onde já embarcou.

Defensora do golpe que derrubou o presidente Manuel Zelaya há quase um ano, Karol comandava programas na TV e no rádio local.

Sete jornalistas já foram mortos em Honduras desde 1º de março deste ano. O governo diz que os assassinatos nada têm a ver com a atividade profissional das vítimas.

E na vida real, para que servem as redes sociais?

Até que ponto uma manifestação nascida na web, mais especificamente em redes sociais, tem o poder de alterar a vida real?

É uma questão crucial para gente, como eu, que aposta todas as fichas na capacidade da internet de interligar pessoas e provocar transformações de verdade.

Hoje incorporo, mais uma vez, Andrew Keen (claro, sempre ele) para lançar uma provocação sobre essa pretensão. Keen lembra da avalanche de protestos virtuais _notadamente via microblog e sites de relacionamento como o Facebook_ após a polêmica reeleição de Mahmoud Ahmadinejad para mais um mandato presidencial no Irã.

O que sobrou daquele barulho todo? “O patético simbolismo de avatares tingidos de verde no Twitter e um grupo de oposicionistas ocidentais que insiste em manter ‘Teerã’ como sua localização no perfil do site”, ataca.

Eu acrescento ainda a mobilização virtual por conta do golpe em Honduras. Enquanto no microblog as discussões pegam fogo claramente com a premissa de que se está denunciando a ilegalidade ao mundo, o movimento que apeou Manuel Zelaya do poder completa, em dias, dois meses. Impávido como Muhammad Ali.

Evidente que a pequena reflexão de Keen, como lhe é hábito, exclui do campo de visão o extraordinário incremento que as redes sociais, e a era da publicação pessoal, deram à difusão e a interpretação da informação. Sem contar que a web é, sob qualquer métrica, o meio de comunicação mais eficiente da história da humanidade para mobilizar e organizar pessoas.

Enquanto isso, nós aqui achando que colocar o #forasarney no Trending Topics do Twitter nos dará alguma reputação e notoriedade. E Sarney inaugurando site pago com dinheiro público para se defender.

Só a constatação, para diminuir um pouco nossa empolgação, de que não se pode chamar de revolucionário quem, efetivamente, ainda não fez uma revolução de carne e osso.

Quem é mais nocivo à democracia: Hugo Chávez ou o exército imbecil de adoradores de Lula?

Novas ameaças do ditador da Venezuela, Hugo Chávez, contra veículos jornalísticos que criticam seu governo. Ontem, em seu “programa” de TV (que não passa de doutrinação barata), o mandatário foi categórico ao afirmar que poderá cassar concessões _como já o fizera com a Univisión.

Uma coisa é a crítica, e outra, a conspiração“, disse.

O que me dá medo é que essa é exatamente a lógica da turba irracional e burra que, cega por opção própria, incensou Lula a outro patamar, transformando em golpe qualquer tentativa de opinião ou análise racional do que está acontecendo no Brasil.

Dia desses falei, numa resposta na caixa de comentários do site, que não aceito patrulhamento de nenhuma espécie. Nem sei se seria o caso hoje, já que nem sequer entrei no mérito do governo Lula, mas de seu séquito de adoradores que, paspalhos e imbecilizados, não têm condições de viver num estado democrático de direito.

Deveriam, pois, mudar de bibelô e se bandearem todos para Caracas. Lá, sim, eles terão um presidente que pensa _e mais do que isso, que age_ como eles.