Aqui na minha Pequim, onde inclusive há pouco mataram um pobre-diabo ladrãozinho de motos num estacionamento fétido, a discussão é outra. Os chineses aproveitaram a Olimpíada para revelar ao mundo que foram eles, não Gutemberg, os inventores da imprensa _lembram das alegorias na impressionante (e fake) cerimônia de abertura dos Jogos?
“Sem dúvida, fomos os chineses quem inventamos a imprensa. Os europeus dizem que foram eles porque só estudam sua própria história, não a da Ásia”, disse Shi Jinbo, membro da Academia de Ciências Sociais da China, à agência espanhola EFE.
É grande o rol de invenções que os chinses se atribuem. Além da “máquina de imprimir”, entram nessa lista a pólvora, o macarrão, a pizza e até o futebol.
De acordo com a versão chinesa, o precursor da impressão é Bi Sheng (990-1050), que já usava tipos móveis no século 11. O historiador Shi conta que há inúmeros livros e mesmo peças metálicas (os tipos) como prova. “Todos são anteriores ao século 13”, diz.
A teoria de que o processo que originaria o jornal nasceu na China ganha respaldo do acadêmico britânico Timothy Barret, mas não pelas mãos de Sheng. Barret acaba de lançar um livro no qual aponta a imperatriz Wu (625-705) como a real descobridora da imprensa. “Seu feito foi sufocado por puro machismo”, diz o autor de “The Woman Who Discovered Print“.
No Ocidente, a invenção segue creditada a Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg (1400-1468).
Enquanto a paternidade volta a ser discutida, já estamos pensando na herança: afinal, a imprensa ainda será útil para as gerações que estão chegando?