Arquivo do mês: fevereiro 2014

Webmanario, 6

Seis anos. Isso mesmo: hoje esta página, que nasceu como apoio a uma disciplina que ministrei na Unifai em 2008, completa seis anos na rede. Só me resta dar os parabéns para mim!

Engajamento artificial e conteúdo refém

Eu diria que estamos diante do texto definitivo sobre engajamento artificial e conteúdo refém da audiência. Daniel Sollero analisa com bastante propriedade o que estamos fazendo na rede – e o que deveríamos fazer.

Imperdível.

Apenas um jornal ruim

Mario Sergio Conti semana passada, na Folha, acrescenta o ingrediente definitivo para entender a crise do Libération, sobre a qual discorri brevemente outro dia. Em resumo: trata-se de um jornal ruim

“De Mao a Rothschild

A debacle do ‘Libération’ não se deve apenas às forças que assediam os jornais em toda parte
A maior façanha do jornal francês “Libération” é ser publicado. De crise em crise, o noticiário pífio, os tristes títulos com trocadilhos e as batalhas internas geraram um turbilhão perpétuo de asneiras. Ninguém, no gozo de faculdades mentais apenas razoáveis, cogitaria saber pelo “Libé” o que se passa, digamos, na Ucrânia. Ou mesmo em Nice.

Nas últimas semanas, as vendas caíram abaixo de 100 mil exemplares, a trincheira que separa o jornal da catástrofe. A publicidade minguou a microcifras e a macrodívida tornou-se super-hiper. Como um tenentinho em Waterloo, tombou mais um diretor de Redação. Foi preciso reagir rápido à fúria dos credores. Os donos do jornal se juntaram ao Napoleão disponível, o decorador hipster Philippe Starck, e surtaram.

Propuseram transformar a redação do “Libération” num café antenado, o “Flore do século 21”. O espaço cultural multifunções abrigaria palco de televisão, rede social, incubadora de start-ups, estúdio de rádio e “lounge” com computadores. Que tal? “Espaço cultural multifunções” não é uma boa ideia para o Itaquerão depois da Copa?

Numa mistura adúltera de parnasianismo gaulês com MBA ianque, os proprietários disseram que, ou bem se tinha “outra visão”, e se “monetizava a marca”, ou então era a “falência”. A Redação retrucou com um gênero literário fora de moda, o manifesto iracundo, e o fez preceder por uma patética manchete: “Nós somos um jornal”. Dá para jurar: não parece.

Criou-se a editoria Nós Somos um Jornal. Ela publica todos os dias análises sisudas e profusas dos suspeitos de sempre. Os teclados estão de prontidão nas barricadas jornalístico-culturais parisienses. Cogita-se ocupar a Redação. Cantarão “A Marselhesa”? Um rap? É tudo bem engraçado. Sobretudo porque não é o nosso jornal que soçobra: Suave, mari magno…

A debacle do “Libération” não se deve apenas às forças que assediam os jornais em toda parte: a internet, os jornais gratuitos do metrô, o envelhecimento dos leitores fiéis. O jornal é vítima da sua própria história, que parece uma parábola.

Na esteira do Maio de 68, ele foi fundado para, conforme dizia, “dar a palavra ao povo”. Não aceitava publicidade e todos tinham direito de voto na Redação. Ele se definia como “uma emboscada na selva da informação”. Uma frase de Marx lhe servia de mote: “A primeira liberdade para a imprensa consiste em não ser uma indústria”. Sartre foi o seu primeiro diretor de Redação.

A efervescência social –entre 1971 e 1975, houve quatro milhões de dias de greves setoriais na França– manteve o jornal vivo. Com o refluxo, vieram os problemas. Sartre, doente e com divergências, se afastou. Ex-estudantes maoístas se assenhoraram do jornal.

Descobriram, encantados, que a revolução cultural chinesa era um mito. A utopia ao alcance da mão estava na Califórnia. Era lá a terra das bandas de garagem, da ecologia, das drogas, do narcisismo assumido, dos costumes liberados, da informática e do espiritualismo new age. Sindicatos e salários, emprego e condições materiais de vida viraram velharias no “Libé”. O historiador Pierre Rimbert define assim a sua receita editorial: “Conformismo político, ortodoxia econômica e excentricidades culturais”.

O jornal aceita publicidade e subsídios estatais, e uma empresa que se envolve nas tramoias da política institucional. “Libération’ é a destruição positiva do esquerdismo”, explicou, em 1986, Serge July, o seu diretor de Redação. Foi ele quem convenceu Édouard de Rothschild a investir no jornal. Rothschild é herdeiro de uma fortuna bancária, um diletante cujo interesse é a criação de cavalos. Virou o maior acionista, o dono de fato do jornal. O banqueiro demitiu July. Agora, cansou-se do hobby e quer se livrar do “Libération”.”

Comunicação Multimídia: pós-graduação na Faap

Seguem abertas as matrículas para o curso de pós-graduação em Comunicação Multimídia da Faap, o primeiro do país calcado no conceito de convergência entre os campos comunicativos.

Saiba mais e se inscreva!

Jornalismo para tablets

Organizado por Rita Paulino e Vivian Rodrigues, o livro “Jornalismo para tablets: pesquisa e prática” reúne 11 artigos acadêmicos que discutem a mais recente plataforma de distribuição de conteúdo.

Que seja eterna enquanto dure.

A força dos RPs (e do e-mail)

Como os jornalistas veem e usam as redes sociais?

É o que aborda o levantamento “Social Journalism Study 2013“.

Entre as descobertas, o predomínio dos RPs como fonte de confirmação de notícias e o uso ainda bastante robusto do e-mail.

Jornalismo e vínculos sociais

A ideia dos acionistas do Libération – de explorar os vínculos sociais para salvar seu jornal impresso – não é nova: já em 2009, conforme relatei aqui, o jornal alemão Taz fez funcionar um café público no prédio da redação para aproximar sua equipe do consumidor de notícias.

É algo a que o jornalista médio tem horror. Afinal, o jornalista médio escreve para si próprio.

O povo do Blue Bus está discutindo o assunto também. E quem torce o nariz para a ideia? Sim, justamente o… jornalista médio.

BBC e conteúdo patrocinado

Neste momento a BBC, rede pública de comunicação da Grã-Bretanha, discute se a inclusão de conteúdo patrocinado em suas programações de TV e rádio ameaça de alguma forma a independência da emissora.

O sindicato dos jornalistas britânicos é categórico e diz que sim, que a decisão ameaça os serviços “world service” da rede – que já há alguns anos exibem anúncios.

De novo, como se reiventar?

Como fotografar pessoas

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Gostei dessas dicas do documentarista Russ Taylor sobre a arte de registrar pessoas.

Se há algo que a popularização da fotografia destruiu, desgraçadamente, foi o conceito da candid photo, da imagem não-posada. Hoje as redes sociais estão forradas de instantâneos não espontâneos, o que é um saco – e um tiro no pé, fuja disso.

Menos é mais

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O americano John Stanmeyer conquistou o prêmio principal do World Press Photo 2014 (que premia as melhores fotos do ano anterior) com uma imagem singela: imigrantes na costa do Djibuti se esforçam para conseguir sinal em seus celulares e, assim, falar com parentes em outros países.

Empanado nos últimos anos por imagens com excesso de photoshop e que provocaram polêmica, o concurso – o mais importante do fotojornalismo mundial – enfim entendeu o mundo à sua volta e optou pela simplicidade.

A vencedora na categoria informação geral (abaixo), de Alessandro Penso, é outra representante da categoria: um abrigo para refugiados sírios em Sófia (Bulgária).

Menos é mais.

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