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Mais um jornal em papel se vai

O fim da edição impressa do Diário do Comércio, mantido desde 1924 pela Associação Comercial de São Paulo, entra de que forma na conta do esgotamento do formato impresso?

O jornal nunca teve relevância e circulava numa região muito restrita da maior cidade brasileira. Existiu, portanto, apenas como uma ribalta para a associação e seus dirigentes.

Depreende-se daí a ideia de que possuir um jornal impresso não incrementa mais o  status de uma instituição. E só.

Por que comprar um jornal impresso?

Dono de um conglomerado que inclui o time de beisebol Boston Red Sox, John W. Henry apresentou justificativas, neste final de semana, para seu mais polêmico negócio: a compra de um jornal impresso.

No texto, o investidor ressalta em vários momentos um aspecto fundamental da vida (e da morte) dos jornais impressos: sua credibilidade enquanto marca e seu engajamento com a comunidade.

É suficiente para justificar um investimento de US$ 70 milhões?

Nos EUA, opinião é coisa da web

Saudada como a salvação dos jornais impressos, a opinião tem cada vez menos espaço nas publicações americanas – que estão optando pela web para desovar esse tipo de conteúdo.

A constatação, revelada em pesquisa do Pew, desmente mais uma “máxima” da era da informação total.

A ditadura do texto

Transformar em texto aquilo que pode ser contado de forma gráfica (a ditadura do texto, sobre a qual falo bastante aqui) é um erro bastante antigo do jornalismo. Ainda mais com os recursos que temos à disposição hoje.

Pelo visto, no entanto, ele continua incomodando…

O preço de um erro

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Custou R$ 650 mil – afora o incalculável passivo de imagem – a publicação de uma foto fake do presidente venezuelano Hugo Chávez pelo jornal espanhol El Pais na semana passada. É a imagem que você vê acima (ela foi negociada por R$ 40 mil).

A empresa que edita o jornal saiu à caça dos exemplares já na rua, e promoveu uma reedição de emergência sem a barbaridade. Em seu site, a imagem ficou impávida como Muhamad Ali por eternos 30 minutos.

É o que nos conta o próprio jornal, em reconstituição passo a passo da decisão de publicar a imagem, oferecida por uma agência que não prima exatamente pela primícia noticiosa – o mais surpreendente para mim, e isso já se sabia desde aquele dia, é que a ficha do periódico só caiu por causa da repercussão em redes sociais. Ou seja, o jornal estava completamente nu. E foi descoberto.

Estamos numa época, portanto, em que as pessoas avisam em tempo real  que o jornalismo profissional fez uma barbeiragem. Mais: uma era em que as pessoas, atuando juntas, acabam fazendo o que a gente deixa de fazer.

Para piorar, um italiano assumiu o “atentado jornalístico” justificando que sempre faz isso: espalha cascas de banana para checar quais os níveis de filtragem e apuração da imprensa formal.

É uma grande história porque extrapola o campo do folclore das barrigas jornalísticas e penetra no turbulento mundo da conspiração política.

Preocupante ou auspicioso?

Um jornal para crianças

Isso aqui é bem legal: o Tokyo Shimbum desenvolveu um aplicativo que, utilizando a realidade aumentada, “traduz” o noticiário para as crianças e torna a aridez do jornal impresso algo muito mais divertido.

O objetivo é o de sempre: tentar conquistar os “leitores do futuro”. Funcionará?

Nada mais desatualizado do que o jornal de hoje

Neste final/começo de ano vivenciei uma experiência que preciso compartilhar com você agora que retorno de minhas merecidas miniférias. gozadas num ponto isolado do litoral brasileiro.

Sem TV, rádio ou acesso à internet, restou-me travar contato com o noticiário por meio do bom e velho jornal impresso. E, pela primeira vez, tomou conta de i a sensação de estar diante de um produto confeccionado 24 horas antes.

“Nada mais desatualizado do que o jornal de hoje”, sempre disse aos alunos em sala de aula. Desta vez, pude comprovar em pessoa a correção da sentença.

É desesperador travar contato com acontecimentos que, naquele exato momento, estão se desdobrando. Diante de um papel impresso, é inútil aguardar essa evolução.

É, o tempo real mudou definitivamente a percepção que tínhamos de jornalismo. Hoje, é fundamental acompanhar a escalada dos acontecimentos. A notícia exige o tempo real.

O respiro dos impressos nos EUA

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Na mesma edição em que sugeriu a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a The Economist trouxe boas notícias para o jornalismo impresso: sim, os paredões porosos de informação on-line (aqueles que dão acesso a um determinado número de artigos antes de cobrar o usuário), aparentemente, estão funcionando.

Nos EUA, números positivos estão impactando o faturamento de tradicionais veículos em papel – o investimento na web está subindo e, de certa forma, compensando a queda da publicidade em papel.

Mas há outra coisa muita boa no horizonte: os paywalls estariam diminuindo a dependência dos jornais com relação à publicidade. No New York Times, por exemplo, a circulação já responde por 47% do faturamento.

Essa sim é uma novidade muito bem-vinda – é o único caminho rumo à tal ‘independência’.

PS – Na Europa, maior mercado mundial de jornais, as notícias não são das melhores.

Nada como um dia após o outro

Não acho bacana colegas questionarem colegas. Muito menos em busca de reconhecimento em formato de comenda. Aproveito para falar sobre o assunto exatamente hoje, dia em que os vencedores do Prêmio Esso 2012 receberão suas merecidas distinções em concorridíssimo evento no Copacabana Palace.

Ocorre que cinco jornalistas da TV Record discordaram da decisão de premiar outros cinco colegas, estes da Folha de S.Paulo, por uma série de reportagens sobre a saída de Ricardo Teixeira da presidência da CBF após um reinado de 22 anos à frente da entidade que comanda o futebol brasileiro – foram da TV, é verdade, as primeiras matérias sobre o tema.

Não vou nem sequer entrar no mérito do julgamento, visto que não tive acesso ao conteúdo completo de nenhuma das duas séries. Chama-me a atenção, porém, que o trabalho ora considerado injustiçado (por seus autores, diga-se) não tenha chegado entre os finalistas em sua categoria, de televisão.

Mas vou me ater unicamente ao aspecto comportamental. Definitivamente fico com vergonha alheia de quem move montanhas por causa de uma premiação. Julgamentos são assim mesmo, e mais, não determinam absolutamente nada sobre capacidade profissional. Ainda mais no jornalismo, quando se tem de matar dois leões por dia.

Meu conselho aos colegas da Record: a melhor resposta é sempre a edição de amanhã. Mãos à obra.

A loucura do jornal global

Fundador do jornal espanhol El País, Juan Luís Cebrían aparece agora com uma controvertida ideia de salvação do jornalismo impresso que seriam os “jornais globais”. Tiro n’água.

Com exceção de alguns poucos títulos, e de nicho (casos de Financial Times e The Wall Street Journal), não vejo futuro nessa perspectiva. Quem, em são consciência, deixaria de ler seu jornal em papel local para comprar o El País em português – e quase sem conteúdo específico, como o próprio Cebrián revela? Loucura.