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O preço de um erro

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Custou R$ 650 mil – afora o incalculável passivo de imagem – a publicação de uma foto fake do presidente venezuelano Hugo Chávez pelo jornal espanhol El Pais na semana passada. É a imagem que você vê acima (ela foi negociada por R$ 40 mil).

A empresa que edita o jornal saiu à caça dos exemplares já na rua, e promoveu uma reedição de emergência sem a barbaridade. Em seu site, a imagem ficou impávida como Muhamad Ali por eternos 30 minutos.

É o que nos conta o próprio jornal, em reconstituição passo a passo da decisão de publicar a imagem, oferecida por uma agência que não prima exatamente pela primícia noticiosa – o mais surpreendente para mim, e isso já se sabia desde aquele dia, é que a ficha do periódico só caiu por causa da repercussão em redes sociais. Ou seja, o jornal estava completamente nu. E foi descoberto.

Estamos numa época, portanto, em que as pessoas avisam em tempo real  que o jornalismo profissional fez uma barbeiragem. Mais: uma era em que as pessoas, atuando juntas, acabam fazendo o que a gente deixa de fazer.

Para piorar, um italiano assumiu o “atentado jornalístico” justificando que sempre faz isso: espalha cascas de banana para checar quais os níveis de filtragem e apuração da imprensa formal.

É uma grande história porque extrapola o campo do folclore das barrigas jornalísticas e penetra no turbulento mundo da conspiração política.

Preocupante ou auspicioso?

A desimportância das homepages, revisitada

Um novo levantamento nos Estados Unidos traz a última quantificação sobre a (ir)relevância das home pages para alavancar a audiência de fatos noticiosos.

Na média, 75% dos acessos ocorrem de fontes externas e, portanto, apenas 25% dizem respeito a notícias que o usuário viu na página principal e teve interesse em clicar.

Partindo desse ponto, a Associação Mundial de Jornais comenta o barulho provocado pela capa da última edição impressa da revista Time e diz que, entre as revistas, a primeira página ainda é a rainha.

Jack Lail fala sobre o assunto (o hábito das primeiras páginas) num post bastante recente.

Mais importante do que a morte do ditador

Tudo bem, o jornal é um tabloide popular…

Time cita própria capa de 33 anos atrás


A revista Time da semana passada revisitou a si própria na capa, uma montagem sobre a crise econômica, relembrando trabalho de 1978.

Tudo se recicla no jornalismo.

As mil capas do Babelia, sinônimo de suplemento cultural

Babelia, o suplemento cultural do jornal espanhol El Pais, completou mil edições (e quase dez anos) e disponibilizou esse exuberante acervo de capas.

É um cadernão clássico de cultura que, por anos, seguiu um princípio de diagramação da primeira página na verdade presente até hoje na publicação.

Para consultar e usar como referência.

Nada se cria…

Referências são sempre benvindas, seja no mundo das revistas, seja na web.

Mas foi impossível não notar que a capa mais recente da australiana GQ é cara de uma da Harper’s Bazaar de 1969…

O jornalismo qualquer coisa


A capa carioca de sexta-feira do popular Meia Hora, agora também paulistano, merece figurar em qualquer tipo de coleção sobre jornalismo.

“Espírito de Eliza amarra o Mengão”, diz a manchete, sob a linha fina “Pai de santo alerta os rubro-negros”.

Mais, na chamada: “Jovem estaria assombrando o Fla para atingir Bruno, diz Sérgio de Ogum. Torcida tem que pedir axé nos jogos”.

Maravilhoso.

Saiba mais sobre o Caso Bruno e Eliza Samudio

A resposta de São Paulo à capa de O Pasquim

Foi muita coincidência, e não dá pra deixar de falar: no dia em que eu, provocado, relembrava a histórica manchete de O Pasquim “Todo paulista é bicha”, o jornal popular Meia Hora chegava às bancas (a poucas, procurei e não achei) de São Paulo.

O tabloide popular é um sucesso no Rio e, agora, tenta repetir a fórmula na terra do spray (sim, até a garoa evoluiu).

E qual a capa do kit promocional (ou seja, os jabás enviados às redações e formadores de opinião) do jornal? A manchete “Todo paulista é virado“, na verdade uma marmita com o próprio prato, clássico da cidade.

Impossível não morrer de rir.

Esclarecimento necessário: não recebi a quentinha do Meia Hora, mas desejo ao produto muitos anos de vida nestas bandas.

(via @leogodoy)

Todo paulista é bicha, mas leia antes as letras miúdas

O carioquíssimo Bernardo Mello Franco, gaiato que só ele (e ótimo repórter, diga-se), decidiu do nada enviar ontem uma capa histórica da imprensa brasileira. A manchete choca: “Todo paulista é bicha”.

Bem, choca quem, como eu, apesar de gaúcho (mais motivo pra piada), fala com esse sotaque da Mooca.

Tudo a ver com a irreverência do jornal que, vitaminado pelo humor carioca-mineiro de gente como Jaguar, Ziraldo e o Sérgio Cabral do bem (o pai), sobreviveu entre 1969 (meses antes de eu nascer) e 1991 com linguagem irreverente que seria precursora do chamado “humor moderno”, hoje representado no Brasil por um bando de gente chata que se faz passar por jornalista (enquanto a turma do Pasquim, formada basicamente por jornalistas, também tinha orgulho da opção pelo humorismo).

Imagine essa capa vista de longe, na banca _aliás, Bernardo não mandou tão do nada assim, ela é de 14 de julho de 1971, ou seja, fez anos outro dia.

Letrinhas miúdas (“que não gosta de mulher” aparecia entre TODO PAULISTA e É BICHA) aliviavam o insulto. Mas pra quem via de longe…

A propósito, foi o Pasquim quem popularizou (para alguns, foi o criador) do termo bicha como sinônimo de homossexual.

E eu agora pergunto: nos tempos do modorrento politicamente correto, isso seria possível?

Capas de jornais como jornalismo comparado

Capas de jornais são sempre inspiradoras. Quando comparadas, ainda mais.

É esse o negócio do Mídia Mundo, trabalho solitário e ininterrupto de Eduardo Tessler na internet.

Tessler está por trás da concepção de vários redesenhos de jornais brasileiros, Diário de S. Paulo incluído _ainda por vir, mas com direito a novo formato e conceito (será mesmo o fim do  “aconteceu ontem”?).

Uma história a se acompanhar.