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Audiência fake destrói credibilidade do mundo digital

Para que servem números robustos se eles não têm conteúdo?

É meu mantra eterno em redes sociais – copas do mundo de mais fãs ou seguidores não servem pra nada e são o combustível de compra de adesões ainda menos republicanas.

É assim também na web segundo a narrativa da Bloomberg, que investigou como internautas artificiais estão desidratando os investimentos de anunciantes em mídia on-line.

Os numerões são falaciosos: dados bem concretos sobre práticas como o remarketing mostram (sempre de acordo com a reportagem) que boa parte das impressões que embasam extraordinárias performances de ROI correspondem a bots, ou seja, não-humanos.

Há todo tipo de truque, até pop-ups do tamanho de um pixel, imperceptíveis.

Nas redes há um drama parecido: a terra onde um pacote de curtidas e retuítes está ao alcance de qualquer bolso, sem suor, não pode ser auspiciosa.

Números robustos sem conteúdo não valem nada.

O preço de um erro

chavez_elpais_fake

Custou R$ 650 mil – afora o incalculável passivo de imagem – a publicação de uma foto fake do presidente venezuelano Hugo Chávez pelo jornal espanhol El Pais na semana passada. É a imagem que você vê acima (ela foi negociada por R$ 40 mil).

A empresa que edita o jornal saiu à caça dos exemplares já na rua, e promoveu uma reedição de emergência sem a barbaridade. Em seu site, a imagem ficou impávida como Muhamad Ali por eternos 30 minutos.

É o que nos conta o próprio jornal, em reconstituição passo a passo da decisão de publicar a imagem, oferecida por uma agência que não prima exatamente pela primícia noticiosa – o mais surpreendente para mim, e isso já se sabia desde aquele dia, é que a ficha do periódico só caiu por causa da repercussão em redes sociais. Ou seja, o jornal estava completamente nu. E foi descoberto.

Estamos numa época, portanto, em que as pessoas avisam em tempo real  que o jornalismo profissional fez uma barbeiragem. Mais: uma era em que as pessoas, atuando juntas, acabam fazendo o que a gente deixa de fazer.

Para piorar, um italiano assumiu o “atentado jornalístico” justificando que sempre faz isso: espalha cascas de banana para checar quais os níveis de filtragem e apuração da imprensa formal.

É uma grande história porque extrapola o campo do folclore das barrigas jornalísticas e penetra no turbulento mundo da conspiração política.

Preocupante ou auspicioso?