Arquivo do mês: janeiro 2023

Quem é a Webma

SOBRE MIM
Ajudo marcas, governos e pessoas a se comunicarem melhor. Jornalista e professor, atuo na indústria de comunicação desde antes da Internet. Sou especialista em marketing político, público, corporativo e digital, relacionamento com públicos de interesse e gerenciamento de comunidades. Trabalhei nas principais redações a agências de comunicação do Brasil. Fui Head de Digital na Prefeitura de São Paulo e no Sport Club Corinthians Paulista. Sou sócio do CAMP (Clube Associativo dos Profissionais de Marketing Político). Coordenei cursos de pós-graduação na Faap, em SP. Hoje estou diretor-executivo de digital da Máquina CW, do Grupo BCW Brasil.

EXPERIÊNCIA
Lidero equipes multidisciplinares em projetos de comunicação político-públicos e privados. Atendi, como diretor de estratégia da FSB, políticos, governos e prefeituras de 20 Estados brasileiros. Participei em várias funções, desde coordenador a roteirista, de 18 campanhas eleitorais no Brasil e no exterior.

No jornalismo tradicional fui editor-adjunto de Política da Folha de S.Paulo, editor de Esportes de O Estado de S. Paulo, editor-executivo do Portal Terra, editor de mídia social e interação na TV Globo e editor-executivo de A Gazeta Esportiva, entre outras passagens por veículos relevantes.

Leciono a disciplina “Estratégia de comunicação corporativa e marketing político-público” no curso de pós-graduação “Comunicação e a Nova Ordem Informacional” na Faap, em São Paulo.

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A foto de Lula com a vidraça quebrada é jornalismo?


Não foi Gabriela Biló quem inventou a dupla exposição. A técnica, aliás, nasceu no segundo seguinte à invenção da fotografia, façanha que por sinal está prestes a completar 200 anos, em 2026.

O objetivo da dupla exposição é a construção de cenas, por meio de montagem, daquilo que não estava ao alcance do fotógrafo por uma questão de perspectiva. Não é um recorte da realidade, mas uma montagem que, portanto, pode ser usada para construir uma percepção que não é necessariamente verdadeira.

Voltando a 2023: em janeiro, a fotógrafa Gabriela Biló, um dos expoentes da nova geração de fotógrafos que prestam serviço a jornais (no caso, a Folha de S.Paulo), emplacou na primeira página uma imagem que mostra um sorridente presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajeitando sua gravata atrás de uma vidraça quebrada por vândalos no infame 8 de janeiro. O problema é que essa cena jamais aconteceu.

É muito diferente das fotos de Wilton Júnior e Dida Sampaio, ambas polêmicas, mas as duas produzidas por uma ação de perspectiva, não de montagem. Em agosto de 2011, Júnior cobria uma cerimônia de formatura de cadetes na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende (RJ), e capturou uma cena em que a então presidente parecia estar sendo atravessada por uma espada – naquele momento, após oito meses de governo Dilma já havia trocado cinco ministros por denúncias de corrupção.

A sacada de Sampaio foi parecida: em maio de 2016, Dilma (então às voltas com a iminente concretização de seu impeachment) foi retratada com a cabeça em chamas durante um evento de apresentação da tocha olímpica – os Jogos Olímpicos aconteceriam dali a dois meses no Rio de Janeiro.

A diferença entre as três imagens é gritante. A perspectiva de uma cena que efetivamente aconteceu e que promove diálogo entre o protagonista e fatos aos quais está relacionado transforma as fotos de Dilma em algumas das maiores já produzidas pelo fotojornalismo brasileiro. Assim como a de Lula, se ele tivesse sido retratado efetivamente por trás de uma das vidraças estilhaçadas no Planalto.

A partir do momento em que estamos falando de uma montagem, não estamos mais falando de jornalismo. Não me darei ao trabalho aqui de discorrer sobre a tola alegação de que o trabalho de Biló – uma fotógrafa brilhante, diga-se – colabora para “o clima de belicosidade e incita à violência”. Tolice pura. O que me interessa aqui é que este trabalho de Biló não é jornalístico.

Enquanto as duas fotos de Dilma que usei como exemplo para debater o tema representam pontos de vista, a de Lula não passa da vista de um ponto. Foi colocada, literalmente, onde não deveria.