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Ensino de jornalismo analisado sob lupa

O ensino do jornalismo é o eixo temático da mais recente edição da revista Conexão-Comunicação e Cultura,do Centro de Ciências da Comunicação da Universidade de Caxias do Sul.

Num momento em que falamos tanto sobre o diploma de jornalismo e a validade de sua “exclusividade” para a prática da profissão, nada melhor do que debater técnicas e pedagogia de seu ensino.

O corporativismo e o diploma de jornalismo

Escreve Hélio Schwartsman, na Folha de S.Paulo (e reproduzo por assinar embaixo).

“Foi só o STF declarar a inconstitucionalidade da exigência de diploma de jornalista para o exercício da profissão que políticos de todos os naipes se articularam para reintroduzi-la, dessa vez via emenda constitucional. Se a proposta que tramita no Senado for em frente, o mais provável é que volte a ser analisada pela corte, com boa chance de ser derrubada outra vez.

A insistência com que se volta ao tema, porém, é reveladora de um dos grandes problemas do Brasil: assombrados por um espírito levemente fascista, não nos vemos como cidadãos de uma República, mas como representantes de uma determinada categoria profissional ou segmento social que seria detentor de “direitos naturais”. Nesse esquema, a ação política consiste em inscrever em lei as reivindicações oriundas desses “direitos” e esperar que o Estado as implemente. Viramos o país das corporações.

A dificuldade é que, como todo mundo faz o mesmo, o arcabouço legislativo se torna uma barafunda de reivindicações sindicais promovidas a norma geral. Elas são tantas que fatalmente se chocam. É nesse contexto que se inscrevem as guerras entre médicos e enfermeiros em torno das casas de parto ou entre psiquiatras e psicólogos pelo direito de diagnosticar. Pior para os pacientes e para a sociedade.

Para provar que não exagero, uma rápida consulta às bases de dados do Congresso revela dezenas de projetos de regulamentação de ofícios.

Apesar de a Constituição afirmar que a regra geral é a do livre exercício de profissões, legisladores buscam regular (e, portanto, restringir) as carreiras de modelo de passarela, filósofo, detetive, babá, escritor, cerimonialista, depilador etc. Já resvalando no reino da fantasia, busca-se também disciplinar a ocupação de astrólogo e terapeuta naturista.

Pergunto-me como nossos parlamentares puderam esquecer de Papai Noel e das indispensáveis fadas.”

Um ano em dez posts. Feliz 2010!

É, 2009 acabou. No que diz respeito ao Webmanario, foi um ano intenso: mais uma vez, quem acompanhou as discussões sobre jornalismo por aqui encontrou pelo menos um texto novo todos os dias, o que desde sempre foi um propósito deste trabalho _afinal de contas, se está na web, atualize ou morra.

E quais foram as discussões mais apreciadas e que contaram com maior participação de vocês em 2009? Fiz a seleção abaixo com base em dados estatísticos de acesso ao site. Espero que aproveite nossa retrospectiva e que, em 2010, dê as caras por aqui colaborando com novos debates sobre essa profissão que passa por tantas transformações.

Feliz 2010!

1. Um trambolho chamado ‘máquina da UPI’ – Aqui eu contei os primórdios da transmissão de fotos com uma geringonça demorada e barulhenta. Provocou inesperado buzz na rede

2. O fim do diploma e o começo de outro jornalismo – Como não poderia deixar de ser, o debate que se seguiu ao fim da obrigatoridade da formação específica para se exercer a profissão

3.Phelps, maconha e o plantão de domingo – O supernadador foi flagrado em impedimento justamente no meu plantão (e contei como foi a decisão de publicar a notícia)

4. Cenas trágicas da última edição de um jornal – O triste fim do Rocky Mountain News, centenário jornal americano que desapareceu em 2009

5. A ética jornalística e as filhas góticas de Zapatero – Esse post é uma surpresa e foi bombado porque o assunto virou pop na Espanha (graças ao visual, digamos, demodê das filhas do premiê)

6. Esso rouba nome de jornalista para promover campanha jabazeira – Ocorreu com Juca Kfouri, mas poderia ter sido com você

7. O Google Wave e as mudanças no jornalismo – Uma das revoluções do ano e sua experiência prática na revista Época

8. A capa certa na banca de jornal errada – Mais uma vez, post inflado artificialmente. Agora, por fãs de MacIntosh embriagados pelo constrangimento que uma capa de revista submeteu os PCs

9. Aeroportos querem banir revista Caras da sala de embarque – Essa foi boa, e foi um furo: publicação estava dando facas e garfos de brinde (e aviões tiveram de voltar ao pátio por causa dessas ‘armas’)

10. A maior contribuição ao jornalismo visual completa 8 anos – O trabalho multimídia da MSNBC sobre o 11 de Setembro que viraria padrão na internet

Previsões para 2010: esqueça o diploma de jornalismo

Uma informação a quem carrega, para 2010, esperanças no Projeto de Emenda Constitucional (PEC) que restitui a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão: o governo Lula já trabalha com a informação de que o contrabando será vetado liminarmente pelo mesmo STF que já havia expurgado essa herança maldita.

A estratégia desse povo agora, e sob a luz da Confecom, aquela aberração, é conseguir uma espécie de casuísmo no Ministério do Trabalho, onde se registrariam os profissionais de jornalismo, o que possibilitaria, claro, a realização dos desejos persecutórios do grupo político que agora está no poder e que, estivesse na oposição, combateria até a morte essa espécie de ditadura mal posta e mal discutida.

O público, e o caldeirão da conversação, ainda é o melhor tribunal da mídia (formal ou social). E há ainda os códigos Civil e Penal, para punir os abusos. Não precisa mais. Tenha caráter, e isso basta.

Curso de jornalismo da USP atrai 25% menos gente

Curso mais concorrido da Fuvest no ano passado (uma relação de quase 42 candidatos por vaga), Jornalismo caiu para 32 postulantes a cada cadeira escolar neste ano _uma procura 25% menor.

O vestibular, que seleciona candidatos a USP, Santa Casa e Academia do Barro Branco, teve justamente essa instituição policial como dona da vaga mais concorrida (quase 46 pessoas por lugar na sala de aula).

O porto seguro de uma carreira pública (ainda que a de oficial militar, aparentemente árdua e pouco reconhecida) tende a atrair cada vez mais gente.

Se a queda da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão tem a ver com a redução da procura pelo curso universitário, e fosse só por isso, estaria plenamente justificada.

Precisamos de menos gente nas faculdades de jornalismo. É um passo para mudar o conceito fast-food e investir no pessoal e intransferível.

A faculdade de jornalismo tem de ser procurada por ser reconhecidamente capacitadora (profissional e intelectualmente).

Tudo menos ser apenas o pedaço de papel que dá o passe para exercer um ofício. Essa era acabou, felizmente.

Aumenta, nos EUA, o número de estudantes de jornalismo

Os patrões encaram a crise, e a profissão tem perdido cada vez mais o glamour.

Então me explica porque o número de estudantes de jornalismo só aumenta, principalmente nos EUA, onde o cenário é de terra arrasada?

Socorro, frente parlamentar defende volta do diploma de jornalismo

Estou me perguntando aqui qual a contrapartida que 184 deputados e 12 senadores receberão por compor a tal frente parlamentar em defesa da exigência do diploma de jornalismo para o registro profissional.

Pior, o grupo diz ter a capacidade de propor uma “lei de transição” entre o vazio com a acertada decisão do STF (o ruim é o vazio, a imprensa sem lei) e o modelo que desejam impor, o da volta da reserva de mercado, do pedaço de papel como passe para exercer a profissão _um curral inaceitável.

Tem gente de todos os partidos na jogada, o que é excelente (economiza saliva em qualquer discussão de botequim).

A universidade, enfim, deu um passo adiante e sugeriu mudanças efetivas nos cursos de graduação e posteriores. Afinal, caiu o diploma, não a profissão e, menos ainda, a formação.

Deixemos deputados e senadores pra lá.

‘Jornalismo é mais do que disseminar notícias, é compartilhar percepções’

Clay Shirky aborda neste artigo a incerteza sobre o futuro do jornalismo. São dois os pontos mais perturbadores: a mudança radical do comportamento do consumidor e o financiamento da atividade jornalística (que hoje persiste, em sua maioria, em fracassados modelos dos séculos passados).

“Jornalismo é mais do que disseminar notícias. É compartilhar percepções”.

Shirky discorre sobre o papel (fundamental) da internet nesse processo e arremata com uma comparação talvez ainda mais dura que a metáfora do cozinheiro à qual recorreu o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, na histórica votação que derrubou a exigência do diploma em jornalismo para o exercício da profissão.

“Jornalismo é como dirigir um carro. Não é uma profissão: nenhum certificado ou especialização é necessária para praticá-lo”.

A última do diploma de jornalismo

Acaba de passar no programa de Sônia Abrão: “vultos em Neverland assustam fãs de Michael Jackson”, chamada seguida de imagens picaretas de qualquer pessoa passando dentro da casa e sendo filmada bem ao longe.

Com direito a entrevista de especialista e tudo.

Sônia Abrão tem diploma de jornalista, sabiam?

Jornal fechado, jornalistas presos. E tudo sob a égide da lei

A charge da discórdia: trabalho de Muharraqi mostra o governo tentando impedir o trabalho da imprensa independente que teria sido o pretexto para o súbito fechamento do jornal

A charge da discórdia: trabalho de Muharraqi mostra o governo tentando impedir o trabalho da imprensa independente que teria sido o pretexto para o súbito fechamento do jornal

O Bahrein fechou, sem justificativa plausível, o jornal Akhbar Al Khaleej _publicação combativa e ligada à oposição do país.

Justo quando a ebulição política no Irã já teve como consequência a prisão de pelo menos 24 jornalistas.

Os dois países, por sinal, têm lei de imprensa e exigência de diploma específico para o exercício da profissão.