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Edição II – Prova

A prova que encerrou nossas atividades no semestre englobou um pouco de todo o conteúdo que vimos durante o semestre. Vamos ao gabarito?

A questão 1, sobre Philip Meyer e sua previsão a respeito do fim do jornal impresso, tem como resposta correta a letra b), o professor acredita que no primeiro trimestre de 2043 sairá às ruas a última edição impressa de um veículo jornalístico.

Na pergunta seguinte, sobre tempo e espaço no impresso e no on-line, acertou quem marcou a opção c), porque o jornal tem validade de 24 horas e espaço limitado, enquanto a Web comporta qualquer tamanho, apesar de estar “sempre atrasada”.

A pergunta sobre o Twitter se solucionava na alternativa c), exemplo de plataforma de microblog que tem sido usada com fins jornalísticos.

Nosso amigo Paulo Pinheiro e seu texto “A ditadura do control c + control v”, objeto de indagação na questão 4, tem como resposta mais adequada a a), os portais de Internet se preocupam mais com a concorrência do que com seu próprio público.

Para terminar a primeira parte, Charles Foster Kane foi: d), o personagem de um filme _claro, trata-se de um magnata fictício, ainda que inspirado por outro, William Randolph Hearst, de carne e osso.

Nas dissertativas, falamos sobre a barriga do falso avião que a Globonews e portais da Web “derrubaram” em Moema, além de algumas lições de usabilidade de Jakob Nielsen.

Boa sorte a todos.

O jornalismo não tira sarro

Ainda no Uruguai, então mais sobre a Argentina. Primeiro que vi esse 0 a 0 aqui em Montevidéu, lugar mais neutro do mundo para acompanhar esse jogo. O Uruguai tem uma afinidade racial e cultural enorme com nosso país, ao mesmo tempo que nutre pela Argentina admiração e dependência muito grandes. O coração dos caras sempre fica dividido nessa hora.

Pois bem: aqui, fora do Brasil, fica nítida a nossa brusca redução de relevância global no quesito bola. O tempo todo, as pessoas que vêem o jogo falam só sobre nosso rival. Não se perguntam quem é Daniel Alves ou por que Ronaldinho está falando ao celular numa tribuna em vez de estar lá embaixo, jogando. Um comentarista da TV argentina acaba de dizer que o gaúcho “amarrado é muito melhor Diego”. Tendo a concordar.

Discordo, porém, do pseudojornalismo. Teve alguma repercussão a lição que o argentino Zanetti deu num “repórter” do CQC Brasil _por sinal, um formato televisivo do país vizinho. A pergunta, grosseira: “Se a Argentina perder, há chance de mais um panelaço?”

“Primeiro, não pensamos em perder. Com este assunto não se brinca, é algo que prejudica muita gente. Nós, os argentinos, merecemos coisas melhores”.

Correta, a reação do jogador reforça a necessidade de o jornalismo ter compartimentos para desovar bom-humor _indispensável e fundamental para qualquer mídia. Não se mistura notícia e risada. Formatos como o CQC, por favor, se assemelham a Casseta e Planeta, nada além desse patamar. Jornalismo exige (pouco) mais decoro.

E agora que eu tô todo papel (dois meses pesquisando jornais de 50 anos atrás dá nisso), lembro do melhor exemplo de irrupção de humor num jornal: a charge, o “editorial desenhado”. Falaremos dela em breve.

Parlamento europeu quer regulamentar e ‘vigiar’ blogs

O Parlamento Europeu está discutindo a regulamentação dos blogs no continente. Um dos pontos que mais preocupam os deputados é o caráter anônimo que insiste em perdurar na rede. Em resumo, esses legisladores querem criar mecanismos legais para superar a “insegurança” que os blogs podem provocar no que diz respeito a “imparcialidade, credibilidade, proteção das fontes, código de ética e responsabilidade jurídica”.

“Não consideramos os blogs uma ameaça, mas é certo que eles estão em condição de contaminar consideravelmente o cyberespaço”, diz Marianne Mikko, deputada socialista da Estônia.

Nosso amigo José Luis Orihuela, do bravo e-cuaderno, amplia o debate sobre o tema e oferece ainda uma repercussão na blogosfera.

Detalhe: o Parlamento disponibilizou um e-mail para ouvir a opinião de blogueiros sobre o projeto.

Edição II – 11ª aula

Esta sexta (13/6) marca nosso último encontro antes da prova final (cujo conteúdo é o ministrado no semestre).

Vamos conversar sobre os pontos-chave do curso (jornalismo participativo, autogestão na Internet e microblogging/ambiente portátil) e refletir sobre os conceitos de edição expostos, além de avaliar os textos sugeridos discutidos em classe.

Nas tarefas do segundo tempo, aproveitem para fazer o que ainda não fizeram.

Muito além do Cidadão Kane

Lembrei desse documentário porque hoje me pediram o link. Pediram não, cobraram. “Cadê, não está na sua bitácora?”

Agora passa a estar. É de 1993, conta a história da Rede Globo e foi produzido pela BBC. É forrado de devaneios. Infantil, até. Chico Buarque dizendo, logo no começo, que Roberto Marinho tem mais poder que o Cidadão Kane é, pra dizer o mínimo, patético. Leonel Brizola compara Marinho a Stalin. Constrangedor.

A exibição pública da reportagem estaria proibida até hoje no Brasil, o que duvido _checarei e voltarei ao assunto.

De toda forma, é um retrato ingênuo de um tempo em que a esquerda via na telinha uma justificativa crível para seu fiasco eleitoral. Hoje, quando o fiasco é administrativo, a TV passou a ser aliada.

Edição II – Décima aula

Hoje vamos tentar compreender, de uma vez por todas, o papel do editor, esse jornalista que, antes do jornalístico, tem de cuidar de problemas administrativo-financeiros, de pessoal, logístico etc.

Em certa altura esbarraremos na questão da tortura cometida contra uma equipe de reportagem do jornal “O Dia” _e o que isso tem a ver com a prática da edição.

Discutiremos problemas na relação com o Wikinotícias e daremos nossa opinião sobre os “diggs brasileiros”, debatendo o que é possível fazer ali do ponto de vista jornalístico.

Tarefas

1) A de sempre: escrever no Wikinotícias um texto que seja útil ao ambiente portátil para que o “enviemos” via Twitter na seqüência.

2) Navegar (e se cadastrar) nos sites Domelhor, Eucurti e Rec6. Entender seu funcionamento. Na próxima aula, treinaremos edição neles.

E a responsabilidade do jornal?

A Polícia carioca diz ter identificado os torturadores de equipe de reportagem do jornal “O Dia”, capturados em 14 de maio enquanto faziam matéria especial sobre a milícia armada que tomou conta da favela do Batan, no Rio.

Reforço minha dúvida: e a responsabilidade de “O Dia”, como é que fica? Você acha seguro autorizar que três funcionários criem personagens, façam papel de polícia e infiltrem-se por duas semanas numa comunidade subjugada por um grupo paramilitar?

Não, nem a melhor matéria pode sobrepujar o bom-senso.

A repórter era experiente em cobertura de polícia, e o fotógrafo adorava retratar o morro. O motorista até agora não se entende porque foi exposto. Se ele não desempenhava esse papel na missão, por que foi incluído na representação?

Hoje, a vidas destas três pessoas, quase interrompida por um ato de barbárie, está paralisada. Vivem como foragidos num país do continente, enquanto suas famílias temem _com toda justificativa_ pela própria segurança.

Eu imagino como deve ter sido a concepção dessa pauta, o debate dentro da redação, a logística, o envolvimento dos protagonistas.

Óbvio, ninguém foi obrigado a nada. Mas é fato que não se pode bancar uma aventura dessas, há um limite para o exercício da jornalismo. “O fato, ocorrido há duas semanas, só foi divulgado agora para garantir a integridade física dos envolvidos”, diz Alexandre Freeland, diretor de Redação de “O Dia”, em nota oficial.

“Garantir a integridade física dos envolvidos”, na minha língua, é impedir desvarios.

Equipe de reportagem é torturada em favela do RJ

ATUALIZAÇÃO: Três anos depois, o fotógrafo Nilton Claudino relatou todo o drama à revista Piauí

Repórter, fotógrafo e motorista do jornal carioca “O Dia” foram brutalmente torturados quando faziam reportagem sobre o o poder das milícias _grupos formados por militares que gradualmente estão expulsando traficantes de favelas da cidade, mas impondo ainda mais terror aos moradores.

A agressão ocorreu no dia 14 de maio na favela do Batan, invadida há pouco menos de um ano. O jornal tornou a história pública neste sábado, dizendo ter sido cauteloso para preservar a integridade física de seus funcionários e as investigações policiais.

Tim Lopes não pode ser apenas uma ocorrência num site de busca. Definitivamente, jornalista não possui treinamento em operações especiais. Coincidência macabra: é amanhã, 2 de junho, o aniversário de seis anos do assassinato do produtor da TV Globo.

A questão aqui é: quem autorizou a permanência de uma equipe de profissionais, por 14 dias, numa comunidade sob fogo cruzado (expulsa da favela, a ADA tenta a todo custo restabelecer sua hegemonia)?

Primeiro jornal brasileiro faz 200 anos

A imprensa brasileira completa dois séculos neste domingo. Foi num dia 1º de junho, mas de 1808, que circulou o primeiro jornal do país, o “Correio Braziliense“, editado em Londres por Hipólito da Costa.

“O primeiro dever do homem em sociedade he ser util aos membros della. […] Ninguem mais util pois do que aquelle que se destina a mostrar, com evidencia, os accontecimentos do presente, e desenvolver as sombras do fucturo. Tal tem sido o trabalho dos redactores das folhas publicas, quando estes, munidos de huma critica saã, e de huma censura adequada, represêntam os factos do momento, as reflexoens sobre o passado, e as solidas conjecturas sobre o futuro”, é o que diz, na grafia original, o editorial publicado na primeira página inaugural do “Correio”, que era mensal e durou até 1822.

A “Folha de S.Paulo” de hoje mostra que historiadores ressaltam dois aspectos deste começo do jornalismo impresso no Brasil _pouco mais de três meses depois do lançamento do jornal de Hipólito, surgia a “Gazeta do Rio de Janeiro”, jornal oficial da corte portuguesa.

O primeiro é que a imprensa chegou muito tarde (o Brasil foi apenas o 12º país da América Latina a instalar uma tipografia, enquanto o México, por exemplo, já tinha o sistema desde 1535). O segundo, que ela nasceu censurada (os impressos, em Portugal, passavam por três instâncias oficiais de vigilância _ao editar desde Londres, Hipólito burlava a norma).

O jornal traz ainda um artigo inédito da historiadora Isabel Lustosa, que se debruça sobre uma exaustiva pesquisa que tentará revelar a relação entre Hipólito e o Brasil. O livro resultante deste trabalho será publicado em 2011.

Escreve a autora: “Aspecto intrigante da biografia de Hipólito da Costa é o pouco tempo que ele viveu no Brasil em contraste com o tanto que ele escreveu sobre e para o Brasil. Hipólito nasceu em 1774, na Colônia de Sacramento que então fazia parte da Cisplatina, aquela parte do Brasil que foi formar o Uruguai, viveu ali
até os três anos; passou a infância e adolescência – cerca de 14 anos – no Rio Grande do Sul e foi para Coimbra, iniciando uma trajetória que o manteria fisicamente afastado do Brasil até sua morte, aos 49 anos, em 1823. Não se tem notícia de que Hipólito da Costa tenha estado alguma vez no Rio de Janeiro, em São Paulo ou em Minas Gerais e, menos provavelmente ainda, na Bahia, em Recife, em São Luís do Maranhão ou em Belém do Pará. Enfim, do Brasil, Hipólito só conheceu o Rio Grande do Sul, região de fronteira, cenário das disputas com as colônias espanholas do Prata, com as quais se confundiam culturalmente.”

Claro que há o que comemorar, mas o “Correio Braziliense” atual, de Brasília, exagerou. Fundado a pedido de JK em 1960, promove festa para marcar a passagem dos 200 anos do título cujo nome emprestou. As coisas de JK são sempre assim: se ele diz ter percorrido 50 anos em 5, o que são 200 em 48…

Edição II – Nona aula

Caríssimos,

Na aula desta sexta vamos falar sobre as imposições de tempo e espaço na edição jornalística em papel e on-line.

Como mote, a barriga sobre o avião que não caiu em São Paulo na semana passada. Por que os jornais impressos escaparam do vexame mesmo?

Até que ponto a exigência de velocidade prejudica o exercício do jornalismo?

Vamos falar de um tempo (o nosso) em que a imprensa apura a imprensa.

Mais: em que o cidadão comum concorre com a imprensa (para isso, legal lermos Ana Maria Brambilla e o jornalismo “open source”)?

Tarefas para o segundo tempo:

1) De novo: escrever um texto noticioso no Wikinotícias e enviá-lo, com uma chamada jornalística, pelo Twitter.

2) Navegar (e se cadastrar) nos sites Domelhor, Eucurti e Rec6. Entender seu funcionamento. Na próxima aula, treinaremos edição neles.