Arquivo do mês: maio 2008

Twitter culpa usuários por ‘crack off-line’

Os períodos off-line do Twitter têm sido tão freqüentes nos últimos dias que a ferramenta criou um blog apenas para dar justificativas a seus desesperados usuários.

A verdade é que não sabemos ao certo o que está acontecendo“, disse Jack Dorsey, presidente do Twitter. Inacreditável.

Ainda pior foi a desculpa encontrada por Alex Payne, um dos responsáveis técnicos do site. Segundo ele, os usuários mais “populares” _aqueles que seguem muita gente e que têm muitos seguidores_ são os responsáveis pelo crack.

Pela explicação de Payne, toda vez que gente como Robert Scoble (com 25 mil followers e 21 mil followings) twitta, o sistema entra em colapso. Ou seja: o Twitter morre de tanto twittar.

Pois bem: o microblog não é só o Twitter. Pownce, Jaiku e até o tosco Telog (brasileiríssimo) estão aí à disposição.

Contatos imediatos

Fortíssima candidata a foto do ano: índios nunca antes vistos pela civilização, apavorados, empunham arco e flecha e tentam se defender do gigante pássaro de ferro ruidoso e que traz o vendaval. A imagem, registrada de um helicóptero no Acre, é de autoria de Gleison Miranda, da Funai.

Apesar de monitorar o grupo há 20 anos, o órgão desconhece detalhes sobre sua origem.

Uma grande matéria jamais feita, não?

Google é processado por roubar conteúdo

Em bloco, jornais da Bélgica entraram na Justiça contra o que consideram armazenamento ilegal de conteúdo. O réu? Ele, o Google.

A questão já se arrasta desde o ano passado, quando o supermega site de busca (que realiza 98% das operações do gênero na Internet) perdeu ação em primeira instância. Os veículos querem indenização de 49 milhões de euros (mais de R$ 124 milhões). Em setembro, a Corte Suprema da Bélgica julgará a apelação.

O alvo da ação dos jornais belgas é o serviço Google News, objeto de freqüente disputa jurídica. No Brasil, por exemplo, o portal Terra conseguiu, por meio de um acordo, que seu conteúdo não fosse indexado. As empresas jornalísticas entendem que se trata de uso indevido de material protegido por leis de direito autoral.

No entedimento do Google, o serviço é uma espécie de favor, pois “aumenta consideravelmente a audiência dos sites noticiosos”, segundo afirmou um porta-voz da empresa.

Pode ser: The New York Times e Le Monde, só para citar dois casos, estão entre os jornais que saíram do sistema com a mesma argumentação e, meses depois, pediram para voltar.

Edição II – Nona aula

Caríssimos,

Na aula desta sexta vamos falar sobre as imposições de tempo e espaço na edição jornalística em papel e on-line.

Como mote, a barriga sobre o avião que não caiu em São Paulo na semana passada. Por que os jornais impressos escaparam do vexame mesmo?

Até que ponto a exigência de velocidade prejudica o exercício do jornalismo?

Vamos falar de um tempo (o nosso) em que a imprensa apura a imprensa.

Mais: em que o cidadão comum concorre com a imprensa (para isso, legal lermos Ana Maria Brambilla e o jornalismo “open source”)?

Tarefas para o segundo tempo:

1) De novo: escrever um texto noticioso no Wikinotícias e enviá-lo, com uma chamada jornalística, pelo Twitter.

2) Navegar (e se cadastrar) nos sites Domelhor, Eucurti e Rec6. Entender seu funcionamento. Na próxima aula, treinaremos edição neles.

O jornalismo, os blogs e os vídeos

A conversa começou num breve post do ótimo Novo em Folha sobre o uso de imagens em vídeo no jornalismo, ilustrada com uma foto de repórter usando, digamos, uma “robusta” filmadora _na verdade, as opções do mercado são miniaturizadas e cumpridoras (um equipamento daquele tipo, de verdade, se justifica apenas para uma emissora de TV).

O post da Ana Estela introduz uma entrevista do Poynter com o correspondente Travis Fox, do Washington Post. Esclarecimento necessário: hoje, Fox trabalha na maior parte do tempo como cinejornalista.

E daí? E daí que, quando falamos no uso de vídeos no jornalismo, em geral estamos nos referindo a pequenas intervenções muitas vezes gravadas com o mesmo equipamento amador que está à disposição do “cidadão comum”. Não se imagine carregando o mundo nas costas. A prioridade segue sendo coletar e filtrar informação.

Pois bem: daí um leitor do Novo em Folha, inspirado pela história de Fox e sobre o uso cada vez mais freqüente de elementos multimídia no jornalismo tradicional, enviou ao site o seguinte comentário: “Li seu post sobre o uso de vídeo e alguns artigos sobre o futuro do jornalismo e achei bem bacana a discussão porque hoje mesmo postei no meu blog uma impressão minha de que o jornalismo on-line está cada vez mais se aproximando do blog. Você concorda com isso? Pela força da ‘massificação’ do blog, estaria o jornalismo se transformando em “blogarlismo”? Ou estou sendo muito conservador e a tendência é essa mesma, ou seja, cada vez mais privilegia-se a instantaneidade e a interatividade em depreciação ao aprofundamento do conteúdo?”

A Ana respondeu a seu leitor dizendo que “não diria que, no geral, o jornalismo digital esteja se blogalizando, não”, e pediu que eu metesse a colher. Meti.

“As pessoas às vezes fazem essa confusão entre jornalismo e blog. A princípio, blog não é um produto jornalístico (afinal, ele nasce com o objetivo de conter aspectos pessoais com tinta opinativa _ambos bem distantes da “missão” que entendemos ser comum à profissão).
 
Contudo, seu poder mobilizador de multidões (crowdsourcing) e alavancador de pautas já tem sido usado por quem está sintonizado com as mudanças que a tecnologia está trazendo ao exercício da profissão.
 
É inegável que, como linguagem, o blog tem ganho espaço em sites de conteúdo exclusivamente jornalístico. Porém ele tem sido utilizado mais como um complemento virtual e, em muitas vezes, por absoluto desconhecimento das potencialidades de outras plataformas (eu brinco com a frase “ei, precisamos ter esse tal de blog urgente”).
 
O Clarín, que sempre está na vanguarda on-line, há tempos dispõe as notícias em sua home page na ordem cronológica inversa (uma clara citação ao modus operandi blogueiro). Essa talvez seja a mais notável influência.
 
Agora, em momento algum enxerguei qualquer movimento de fusão entre blog e jornalismo on-line. O blog é mais um produto virtual que o jornalismo emprestou e que está sendo tocado paralamente ao processo natural de coleta e seleção de notícias.”

Assim como o vídeo. Não queremos substituir a apuração tradicional da imprensa escrita por cinegrafistas-repórteres (fosse isso, era só todo mundo se bandear para a televisão). O lance multimídia é uma mescla entre as coisas. A idéia é ser complementar.

Credibilidade dos jornalistas despenca

Calma: essa é a constatação de uma pesquisa feita na Inglaterra pelo British Journalism Review. No Brasil, aferições semelhantes têm constatado que, embora baixa, a credibilidade da profissão mantém a estabilidade.

No caso inglês, pudera: foram muitos os casos embaraçosos envolvendo jornalistas britânicos nos últimos meses, a começar pela trágica cobertura do desaparecimento da menina Madeleine McCann (que culminou com indenizações milionárias pagas pela mídia aos pais da garota, acusados de terem culpa no cartório).

Houve ainda o constrangedor caso do repórter Clive Goodman, do tablóide News of the World, condenado à prisão em janeiro após interceptar mensagens de celular de várias figuras públicas, entre elas três membros da família real.

Depois, Peter Fincham, da BBC 1, foi obrigado a pedir demissão por causa da péssima edição do documentário “Um ano com a Rainha”, que cometeu diversas impropriedades.

Resultado: hoje, 49% dos entrevistados não confiam nos jornalões (The Times, Telegraph e Guardian), e 83% duvidam das notícias publicadas pelos tablóides (como Daily Mirror e The Sun).

Jornalismo travestido de ativismo cidadão

Essa eu vi no Twitter, e parece ser um tentativa bem-intencionada de se fazer jornalismo cívico _que está acima do “jornalismo cidadão”, o rótulo com o qual definimos conteúdo com viés jornalístico produzido pelo usuário da Internet.

O projeto se chama Witness (testemunha, em português) e claramente é bem mais do que jornalismo, mas documentação e denúncia, primordialmente. Sem show.

Apesar de ser uma ONG em que Peter Gabriel está por trás como um dos fundadores. Eu sou de um tempo em que personalidades nunca são bem-vindas.

Só tem lixo na Internet

O Brasil já tem o seu Andrew Keen: é Diogo Mainardi, colaborador da revista Veja, que em sua coluna desta semana teceu comentários bastante críticos à Web.

Keen é o único cara que teve coragem suficiente para escrever um livro desencando a festejada ascensão do amador na rede. Para ele, o compartilhamento (seja de fotos, vídeos, textos etc) é uma faceta grotesca da falta de qualidade da produção do ser humano.

Para Keen, ou reserva-se a tarefa de fazer música, jornalismo, fotografia, vídeo, enfim, seja lá o que for, a profissionais, ou o mundo vai encarar uma crise de valores séria e sem volta.

O texto de Mainardi é bacana porque passeia justamente sobre a inépcia dos amadores. Não quando produz, mas também quando consome conteúdo.

“A internet é isso: um monte de maus leitores dotados de más idéias que cismam em interagir com maus autores. É o território dos opinionistas que opinam sobre a opinionice de outros opinionistas”, escreve ele.

O ponto de partida de sua revolta foram duas das notícias mais lidas da semana passada na Internet: que Sabrina Sato desistiu de tirar sua pintinha da testa e que Débora Secco chorou num programa de auditório. 

Off-line, Twitter enfrenta turbulência

A plataforma de microblog Twitter passa mais tempo fora do ar do que ativa.

Neste momento, o site (para variar, inativo) usa seu blog oficial para anunciar que os acessos estão além da capacidade de uma empresa tocada por 16 funcionários.

Ao mesmo tempo, o site foi acusado de ser complacente com usuários que teriam violado claramente suas normas de uso (caso de pessoas que ameaçam e constrangem outro “twiteiro”).

Há um blog que questiona a qualidade do serviço no aspecto administrativo (de vigilância, de preocupação com o usuário).

Outros brincam com as freqüentes panes técnicas do produto.

Blog de vovó japonesa vira negócio ‘de verdade’

Não é inédito, mas não deixa de ser edificante: o blog em que uma vovó japonesa reúne suas deliciosas receitas virou uma cafeteria de verdade na cidade de Maebashi.

Por hábito, costumamos associar o meio on-line à libertação do espaço físico _o que é absolutamente verdadeiro. Quando ocorre o contrário (uma iniciativa virtual transformada em negócio de carne e osso), o poder empreendedor da Web fica ainda mais latente.

O diário on-line de Hide Nagashima, posto no ar em 2005, foi idéia do neto, bom conhecedor da qualidade da comida da avó. A família achava que era uma coisa restrita, mas em pouco tempo 10 mil pessoas passavam por dia pelo endereço virtual (o site está próximo dos 4 milhões de visitas).

Na vida real, as especialidades de vó Hide são duas: Meshi yakimochi (um bolinho de arroz pra lá de especial) e Negimiso-ne (mistura de miso _pasta de feijão fermentado_, cebola assada, vinho, açúcar e azeite de oliva).