Eles ganham pouco, trabalham muito e reclamam de preconceito. A constatação sobre as condições de trabalho no jornalismo on-line é na França, mas bem poderia ser no Brasil.
Texto publicado na segunda-feira pelo Le Monde acendeu uma interessante polêmica no país ao mostrar que as redações francesas na internet esbarram numa série de problemas. O autor da reportagem avança o sinal e chama seus profissionais de “paquistaneses da web” _escravizados e aprisionados horas a fio diante de um computador.
“Fazemos texto, foto, vídeo, enquetes. Daí, quando vamos pedir aumento, a resposta é sempre a mesma: ‘a internet não dá dinheiro'”, fala uma redatora ouvida na matéria.
Longas jornadas de trabalho, soldo insuficiente, tarefas como copiar e colar incessamente notícias, ambiente de trabalho insalubre e ausência de práticas jornalísticas (como apuração e checagem) são apenas alguns dos questionamentos.
Todos estes problemas existem no jornalismo on-line brasileiro. Inclusive o preconceito: nos jornalões, é hábito ouvir gente do impresso desdenhando os colegas da versão on-line, como se o trabalho que fizessem fosse menor.
Além disso, em algumas empresas, a equipe on-line fica confinada em buracos, praticamente esquecida.
Como na França, aqui ganha-se mal e trabalha-se muito. E em péssimas condições, com gente exigindo a publicação imediata de notícias que nem sequer foram checadas.
É uma geração igualmente mal paga e aprisionada ao computador (sabia que via de regra o jornalista de on-line almoça sozinho porque não há como a redação descer junta para comer _quem atualizaria o site?)
É, nós também temos os nossos paquistaneses da web.