Essa quem me contou foi o colega Mauricio Puls _e é uma boa oportunidade para lembrar o excelente repórter George Alonso.
A história comprova como o faro e a pulga atrás da orelha são inerentes ao jornalista de verdade (ainda que ele seja uma catástrofe de desorganização).
Corria o ano de 1995. Era o início do governo Mário Covas, e seus secretários tomavam posse.
A Alonso coube cobrir o primeiro dia de trabalho de Sérgio Barbour, indicado pelo governador tucano para a pasta do Esporte e Turismo. Mera formalidade: o espaço reservado para o ato de posse era o que se chama na Folha de S.Paulo de “módulo 200” (um pequeno texto de cerca de 20cm normalmente editado abaixo da dobra do jornal _em resumo, uma notícia sem grande importância).
Alonso conversou rapidamente com Barbour, que lhe contou (gaguejando, diga-se) ter trabalhado na Sabesp após longa folha de serviço prestado à Comgás.
Desorganizado que só ele, Alonso voltou à Redação e largou suas anotações numa mesa clássica dos que exercem essa profissão: cheia de papéis inúteis.
O bloquinho sumiu e, para não pegar mal com o novo secretário, Alonso decidiu pedir o currículo diretamente à secretaria estadual _o pedido chegou por fax, e por aí você já tem uma noção temporal violenta).
O tal currículo não trazia nenhuma referência à Sabesp, única informação dada por Barbour que Alonso se lembrava sem precisar do apoio do bloquinho sumido (encontrado horas depois após megablitz).
Intrigado, o repórter procurou a Sabesp. Ninguém conhecia Barbour. “Sérgio o quê? Vamos falar francamente. Realmente, não sei quem que é”, disse um ex-diretor da estatal de água e saneamento.
Surgia ali o furo “Secretário de Covas era fantasma na Sabesp“, com o saboroso outro lado concedido por Barbour que rendeu o título “Eu não era assessor de aparecer, pô!”.
Uma joia do faro jornalístico.