Uma ótima ideia e que efetivamente traz algo de novo para o jornalismo.
Já tinha falado sobre o Mural no ano passado, mas vale a relembrança porque, agora hospedada na Folha.com, a página tem trazido material consistente e bastante interessante.
Nesta sexta (14/3), enfim, discutiremos o texto “A dupla falta do editor de jornal” , a representação no Cinema dessa figura polêmica do jornalismo, o jornal sem manchete de Alberto Dines em 1973 e mais. Afinal, para ser um bom editor é necessário ter sido repórter?
Dicas de navegação para o segundo tempo da aula:
1. As lembranças de Alberto Dines sobre a histórica capa sem manchete. Leia, se informe, pesquise mais.
2. De novo: vamos a um site noticioso (Estadão, G1, Terra, Folha ou UOL) e vamos deixar uma opinião numa notícia.
3. A quantas anda a leitura dos manuais do Wikinotícias? Apressem-se, está chegando a hora de escrevermos lá pra valer. Quem já quiser arriscar hoje, ótimo.
Os manuais: de Redação, de Estilo, de Edição, de Conteúdo e O que não é o Wikinotícias.
4. Como nosso próximo encontro (culpa do feriado) será só no dia 28, leiam até lá o texto bacana “A pirâmide deitada de João Canavilhas“. Cuma? Isso, começamos a tratar de edição on-line.
Houve um tempo (que durou pelo menos uma década, infelizmente) em que o jornalismo, para Hollywood, só era digno de virar filme se contasse as agruras de um correspondente numa zona de conflito. Um cara empoeirado, fudido da vida, condenado a viver eternamente longe de casa, sem banho, cheirando a… vocês sabem.
Esse cara normalmente era fotógrafo (e sempre empunhando a máquina de forma equivocada, reparem), cobria desavenças bélicas no Terceiro Mundo e desenvolvia amizade fraternal com seus intérpretes/guias _estes, sempre empapados em suor, paus pra toda obra e capazes de arriscar a vida por uma reportagem. Às vezes, quando a guia era mulher ou a repórter da agência concorrente atraente, ainda rolava um algo mais.
Assim é O ano em que vivemos em perigo (The Year of Living Dangerously, 1982), ambientado na Indonésia do ditador Sukarno, com o regime à beira do colapso (1965, portanto). Ganhou um Oscar.
Os gritos do silêncio (The Killing Fields, 1984) repetiu a fórmula, mandou o enviado ao Cambodja, fez a platéia chorar e faturou três estatuetas.
Em 1986, El Salvador, o martírio de um povo (Salvador) relata como um frila beberrão e fracassado aproveita a guerra civil no país centro-americano para tentar relançar sua carreira. Aqui, além do amigo fiel suado, tem a coleguinha cheirosinha e instigante também.
Essas representações também têm responsabilidade pelo fato de tantos jornalistas empregados hoje na grande mídia considerarem, pra valer, que a profissão só faz algum sentido se o repórter viaja. Para eles, ser repórter em São Paulo é chato…
Ainda fazem filmes assim, é incrível. Harrison’s Flowers, de 2000, é sobre um fictício fotógrafo que acaba ferido e fica entre a vida e a morte na guerra da Bósnia. A mulher dele, a bela Andie McDowell, ultrapassa todos os obstáculos e tenta localizar e socorrer o amado. A coisa mais chata a superar é o personagem de Adrian Brody, que interpreta um fotógrafo da AP. Como todo fotógrafo, ele é conceitual, se orienta pela luz e dá todos _absolutamente todos_ os conselhos errados. Pela Andie, minha paixão da adolescência (meu deus, com quantos anos então estará essa mulher?), veja o trailer (quem descobrir o nome desse filme em português me avisa?):
Reconstitui todos os acontecimentos que levaram à renúncia do presidente norte-americano Richard Nixon, com ênfase no trabalho de investigação jornalística dos repórteres Bob Woodward e Carl Bernstein _que se tornariam célebres.
Outra coisa legal é a representação das pressões que um jornalista recebe no exercício da profissão. Aqui isso é mostrado de forma bem crível.
Como nesta sexta o assunto é o texto A dupla falta do editor de jornal, das nossas amigas professoras Beatriz Marroco e Christa Berger, vamos lembrar um pouco nesta semana das representações de editores, repórteres e do trabalho jornalístico no cinema _citado, afinal, no texto em questão.
O óbvio é sempre começar com Cidadão Kane (Citizen Kane, 1941), então vamos iniciar por Quase Famosos (Almost Famous, 2000).
Além da trilha sonora pra lá de legal (é difícil errar tendo o começo dos 70 como ambiente…), conta as agruras de um moleque de 16 anos que cobriu uma turnê de uma bandinha hype para a prestigiosa revista “Rolling Stone”. Mostra relação editor-repórter, e num tempo em que máquina de escrever e telefone com disco (e não teclado) eram o máximo.
É a história dos primórdios de Lester Bangs, um cara que revolucionou a cobertura musical. Ele morreu de overdose por uso de drogas em 1982.