Arquivo da tag: Cuba

A publicidade, o jornalismo e Cuba

cuba_palacio

Tenho uma relação muito especial com Cuba – é um dos lugares onde mais aprendi com as pessoas. A notícia de que o isolamento imposto pelos EUA pode estar chegando perto do fim me traz de novo a sensação que tive desde a primeira vez que coloquei meus pés na ilha. Ela irá precisar de tudo durante e após a transição, inclusive de comunicação e jornalismo.

Minha amiga Flavia Marreiro, a brasileira que melhor conhece Cuba, escreveu um artigo bastante interessante sobre o assunto. Enquanto no mundo todo o modelo de jornalismo sustentado pela publicidade está em xeque, ele jogará um papel crucial na redemocratização cubana – onde a publicidade privada é proibida.

Vale ler e entender outros desafios que o país têm daqui por diante.

Estudantes de jornalismo em Cuba falam de digital e liberdade

Eles são estudantes de jornalismo. Em Cuba, país em que o jornalismo formal é oficial. Interessante como discorrem sobre coisas que ainda não estão totalmente ao alcance de suas mãos, como produtos voltados para o digital (o país tem o menor índice de acesso à internet nas Américas) e – principalmente – liberdade de expressão.

A instrução, nota-se em qualquer esquina, é altíssima em Cuba. E foi-se o tempo em que as pessoas não falavam sobre certas coisas. Há muita pressão, mas perceba nas palavras dos estudantes (como a que define o jornalismo nacional como “justificalista” e “pouco crítico”) que o futuro por aquelas bandas é auspicioso.

Cuba precisa de muitas coisas, inclusive de grandes projetos jornalísticos que ajudem a redescobrir o país.

A invenção da internet sem internet

Minha amiga Flávia Marreiro, certamente uma das brasileiras que melhor conhecem Cuba, nos conta hoje na Folha de S.Paulo como o povo da Ilha, sempre inventivo, criou a internet sem internet.

Atenção muito especial para a Ecured, a versão cubana para a Wikipedia, que pode ser acessada de lans sem conexão com a web, e para a RedSocial, que ao ser lançado em 2011 foi imediatamente apelidado de “Facebook cubano“.

Cuba é, sob qualquer ponto de vista, fantástica.

O furo de Yoani

“Protesto faz parte da democracia, agressividade não”, disse Dado Galvão. “É uma cidade pacata”, queixou-se. “É o que a ‘Veja’ disse que ia acontecer”.

A recepção hostil à dissidente cubana Yoani Sánchez no Brasil confirmou, nas palavras do cineasta que a convidou para visitar o país, que a revista deu um grande furo.

Bom jornalismo é tão eficiente quanto ativismo político.

Agora, as manifestações contra Yoani apenas reforçam sua posição. Em Cuba, elas não prosperariam. Só a democracia permite que as pessoas se manifestem, ainda que de forma imbecil.

Cuba avança sobre as redes sociais

O semifechado regime cubano prepara uma incursão particular às redes sociais com a criação de um site próprio, o Redsocial.

O país ainda sofre com a conexão deficiente à internet – o que é bastante conveniente para os detentores do poder na ilha.

Minhas fotos de 2011

Um buraco no portão do canteiro de obras e eis uma visão da Arena Corinthians, que abrigará a abertura da Copa de 2014


O Sol se põe no Malecón em Miramar, na adorável Havana: o grande destino de 2011, certamente voltarei a este lugar.

A liberdade de imprensa em Cuba

“Não pode existir liberdade de imprensa onde reina o capital, onde reina o mercado, onde existe concentração do poder econômico e político”.

É verdade, mas quem disse isso tem pouco a acrescentar a este debate: é Rogélio Polanco, hoje embaixador de Cuba na Venezuela, deputado e diretor do jornal Juventud Rebelde quando deu o depoimento acima à cineasta argentina Carolina Silvestre, que em 2008 rodou o documentário não jornalístico “Hechos, no palabras“.

Digo não jornalístico porque estão ali todos os argumentos a favor do interessante e suis generis regime cubano – e nenhum contra.

Apesar disso, o filme é um bom pedaço da colcha de retalhos para tentar entender o que torna o país tão fascinante.

Uma decepção chamada Yoani Sánchez

Não é possível desconsiderar a importância e a repercussão de uma das vozes mais ativas (talvez a maior, hoje) contra o fechado regime cubano.

Mas algumas coisas vêm acontecendo nos últimos meses e, por vários aspectos, a jornalista Yoani Sánchez tem parecido se beneficiar do isolamento de seu país.

Alçada à fama por conta de um bom blog com o dia a dia de Havana, suas colunas, publicadas em várias jornais do mundo, não trazem novidades em si e o único mérito é terem sido escritas por alguém que vive o inferno de um dos últimos redutos do anacrônico comunismo.

Agora descubro que Sánchez escreveu um livro sobre como usar um blog para falar ao mundo.

Muito oportunismo para que eu silenciasse.

Desconfio que, quando a ditadura dos Castro acabar, ela tem muito a perder. Tomara que eu esteja completamente equivocado.

Documentário disseca vida de jornalista-guerrilheiro

Acaba de estrear um documentário sobre Jorge Ricardo Masetti, jornalista argentino que, em viagem a Cuba em plena revolução, decidiu abraçar a causa e, anos depois, voltou ao país a convite de Che Guevara para criar uma agência de notícias, a Prensa Latina _ainda ativa.

Muita história para contar, mas uma observação: Che sabia mesmo das coisas. Ao assumir o poder, tinha clara noção de que era necessário produzir noticiário que valorizasse os atos do novo governo. Gênio.