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Saco de pancadas

Casos de agressão a jornalistas no Brasil cresceram mais de 150% em apenas 12 meses, na esteira dos protestos pelo país. Todo um paradigma em se tratando de manifestações que deveriam, a princípio, ser democráticas.

O furo de Argo

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Pelo menos um “outsider” sabia desde o início do drama de seis diplomatas americanos que, por estarem num prédio anexo ao da embaixada em Teerã, conseguiram escapar do cerco e invasão da representação por estudantes iranianos, em 4 de novembro de 1979, e se abrigar na casa do principal diplomata canadense no país.

A história, colateral ao dramático sítio e consequente sequestro e cárcere de 52 pessoas e 444 dias, é retratada no filme Argo, ganhador do Oscar 2013.

O jornalista Jean Pelletier, então correspondente do periódico La Presse em Washington, soube já no dia seguinte que o embaixador Ken Taylor havia abrigado os cidadãos dos EUA.

Teve de segurar a informação por quase três meses – o furaço só foi publicado em 29 de janeiro de 1980, um dia depois que os seis, camuflados como canadenses, chegaram em segurança em casa graças ao trabalho de dois agentes da CIA (sim, Tony Mendez/Benn Affleck não agiu sozinho e tinha um parceiro) e especialmente de Taylor, que se magoou ao ser mostrado no filme quase como um figurante.

O detalhe é que Pelletier, por motivos óbvios, tinha a informação básica, mas não a mais saborosa: o filme falso que permitiu a entrada dos agentes no Irã como supostos produtores cinematográficos. Essa história só acabou sendo contada muito tempo depois.

O furo de Yoani

“Protesto faz parte da democracia, agressividade não”, disse Dado Galvão. “É uma cidade pacata”, queixou-se. “É o que a ‘Veja’ disse que ia acontecer”.

A recepção hostil à dissidente cubana Yoani Sánchez no Brasil confirmou, nas palavras do cineasta que a convidou para visitar o país, que a revista deu um grande furo.

Bom jornalismo é tão eficiente quanto ativismo político.

Agora, as manifestações contra Yoani apenas reforçam sua posição. Em Cuba, elas não prosperariam. Só a democracia permite que as pessoas se manifestem, ainda que de forma imbecil.

Os jornalistas e o computador, uma previsão

Em 1981, numa reportagem sobre o futuro da profissão, o jornal argentino La Nación previu que os jornalistas escreveriam em computadores. Bingo! Essa volta no tempo foi o terceiro assunto mais lido no Webmanario em 2012!

Brasil, o país em que mais se mata jornalistas

A morte do jornalista maranhense Décio Sá, executado com seis tiros nesta semana, colocou o Brasil no topo do ranking dos países mais perigosos para os coleguinhas em 2012 – superamos a Síria, que vive uma guerra civil.

No ano passado, o país foi o 8º em que mais jornalistas morreram.

É tétrico porque, há cerca de algumas semanas, o governo brasileiro melou na ONU um plano que discutia justamente a criação de um padrão global de proteção aos profissionais de imprensa.

Sobre blogueiros e jornalistas

A notícia de que a corte suprema de Nova Jersey determinou, ao julgar um caso, que blogueiro não é a mesma coisa que jornalista tem um erro de viés. Não foi exatamente essa a decisão do tribunal.

O caso envolvia Shellee Hale, ex-funcionária da Microsoft, que postou comentários em um fórum acusando de fraude e ameaça de morte uma companhia que produz softwares usados na indústria pornográfica.

Tivesse utilizado seu site pessoal (ainda em construção) e, mais especificamente, a área de notícias da página, Hale não poderia ser processada.

Portanto, a corte não entendeu liminarmente que uma pessoa que mantém trabalho jornalístico na internet mesmo sem ser jornalista profissional está totalmente desprotegida de leis como a que permite o sigilo de fontes.

Sugeriu, apenas, que “jornalistas autointitulados e entidades com pouco histórico” carecem de maior investigação sobre suas atividades antes de se decretar que podem ou não ser defendidas como jornalistas.

Agora, que blogueiro e jornalista não são a mesma coisa já sabíamos há tempos. A atividade jornalística não é a única que se pode desempenhar num site pessoal. Isso basta para esclarecer que uma coisa nada tem a ver com a outra.

Escrever, pura e simplesmente, não é jornalismo.

Espanha discute ‘tornar normal’ o horário de trabalho dos jornalistas

Não sabia que a Espanha tinha uma “Comissão Nacional para a Racionalização dos Horários”, aliás, que eu saiba nenhum país tem uma repartição pública dessas.

Ignacio Buqueras y Bach, presidente do órgão, diz que sua tarefa é “sensibilizar a sociedade espanhola sobre a necessidade de usar melhor o tempo e racionalizar a agenda diária de maneira que sejam mais flexíveis e humanos e favoreçam a conciliação da vida pessoal, familiar e profissional”.

Buqueras assina texto em que inclui os jornalistas como beneficiários dos objetivos de sua pasta.

Diz que marcar entrevistas coletivas para depois das 18h implica “esforço adicional” para as Redações, cita casos de profissionais que foram rechaçados pelos filhos em detrimento das babás (quem, afinal, fica com eles) e replica citações de coleguinhas sobre a insalubridade de se jantar às 23h todos os dias, entre outras barbaridades incompatíveis com o exercício da profissão.

E a gente aqui, se perguntando por que o jornalismo parece ter piorado de uns tempos pra cá.

Santa burocra, Batman.

As mulheres jornalistas debatem

Começou ontem um congresso global de mulheres jornalistas e escritoras, este ano em Buenos Aires.

Sendo o jornalismo uma profissão feminina por essência, hoje, é bom saber o que pensam essas nossas colegas.

Os piores defeitos dos jornalistas

Circula na web uma lista com os 22 piores defeitos do jornalista.

Tem bobagens, mas bastante coisa pertinente…

Novas mídias exigem uma nova ética para o jornalismo?

Um simpósio realizado na sexta-feira pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos EUA, debateu uma questão interessante: novos tipos de mídia exigem novos padrões éticos?

Sempre fui do time de Cláudio Abramo: a ética do jornalista é a ética do marceneiro, ou seja, nossos valores morais e éticos não podem ser diferentes dos de um profissional qualquer.

“O que o jornalista não deve fazer que o cidadão comum não deva fazer?”, pergunta Abramo. É bem por aí.

Em janeiro, a universidade já havia realizado outro encontro para discutir parâmetros éticos para as novas redações investigativas (em PDF) _com especial cuidado aos projetos sem fins lucrativos e/ou financiados pelo público.

Esse fenômeno é basicamente americano e, aí sim, pode representar um desafio à ética profissional no instante em que interesses outros que não os meramente jornalísticos poderiam estar por trás de pautas bancadas por doações.

Outra questão: em geral, os “patrões” neste modelo de jornalismo costumam ser os próprias jornalistas que produzem o conteúdo, uma integração perigosa entre funções que, estamos acostumados com isso, funcionam bem melhor em lados separados e bem distantes do front.

Obrigatório voltar a tema em breve.