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O WP sob Bezos

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Marty Baron, diretor do Washington Post, fala sobre os primeiros 18 meses sob a égide de Jeff Bezos, dono da Amazon que comprou o tradicional jornal norte-americano.

“Fazer impresso e digital ao mesmo tempo é um desafio”, diz ele, cuja publicação constatou a “confirmação de clichês” como o baixíssimo índice de leitura integral de “reportagens típicas” (só 1,5% dos leitores) e o fato de não existir “poção mágica” para enfrentar a mudança do ecossistema noticioso.

E o iTunes de notícias avança

Lembram que em novembro eu caçoei do Blendle, o “iTunes de notícias” holandês?

Pois agora o trio NYT, Washington Post e The Wall Street Journal aderiu ao projeto, vendendo reportagens a 20 centavos de dólar – o NYT, inclusive, é investidor do projeto.

Continuamos de olho.

Jornalismo amazônico

De João Pereira Coutinho, hoje na Folha: “A única coisa que o jornalismo “tradicional” tem a temer não é o fim do papel; é o fim dos leitores.”

Em pauta, a análise da compra do Washington Post por Jeff Bezos.

Bezos e o impresso

Ontem me perguntaram o que Jeff Bezos quer com o Washington Post, pelo qual pagou US$ 250 milhões.

‘Filantropia’ é a hipótese mais divertida que eu, amante do noticiário em papel, li por aí. Há opiniões mais auspiciosas.

Quando o cara que mudou o comércio mundial se interessa por um produto em papel com a marca e a credibilidade do Post conseguimos entender um pouco a extensão da relevância que a ‘velha mídia’, ainda que combalida, construiu décadas a fio e a duras penas ainda detém.

Não é só pelos US$ 250 milhões.

Cai a última fronteira do conteúdo publicitário

Houve um tempo em que até anúncio na primeira página era visto como um indício de perda de independência dos jornais impressos. Esse tempo acabou.

Agora, cai a última fronteira: o Washigton Post anunciou que permitirá a exploração de conteúdo pago em seu site, seja em vídeos, blogs ou infográficos.

Será que o disclaimer “conteúdo produzido por anunciantes” bastará?

Nunca é demais lembrar que de informes publicitários o jornalismo impresso já estava cheio, e há décadas.

Não há, exatamente, uma novidade na decisão do WaPo – na verdade, a dúvida é se a separação entre conteúdo editorial e publicitário é suficientemente claro on-line (eu diria que não).

Fonte só vê a matéria pronta

Há um ponto pacífico no jornalismo: fonte não vê matéria antes de publicada nem dá sugestão ao jornalista.

No Washington Post, tinha virado moda a figura da “correção de declaração”, pela qual assessores reformavam frequentemente as frases ditas por seus assessorados em busca de dourar a pílula.

Até que chegou um comunicado da chefia acabando com a graça (a dica é de António Granado).

Cobrar por conteúdo? Não, obrigado, diz Washington Post

Num momento em que o tabu do conteúdo pago de alguma forma tem sido enfrentado por veículos que em maior ou menor escala puseram a registradora para funcionar, o ombudsman do Washington Post vai na contramão e diz que, se fosse para fazer uma previsão, o jornal jamais irá cobrar pelo acesso à sua página on-line.

O jornalismo mostra sua cara no Tumblr

Já são pelo menos 160 os produtos jornalísticos que estão presentes no Tumblr, uma plataforma entre blog e microblog que tem experimentado um crescimento considerável de 2010 pra cá (o site foi criado em 2011).

O último foi o Washington Post, que seguiu os exemplos do The Guardian e do Los Angeles Times.

É mais uma plataforma em que o jornalismo vai precisar mostrar a sua cara. Basicamente, para convidar o usuário a participar diretamente do noticiário, compartilhando texto e imagens.

Nenhuma grande novidade, a não ser a facilidade de publicação.

Mas provocará barulho.

Em plena crise, jornais aumentam preço de capa

O New York Times reajustou em 33% seu preço de capa, num movimento que vai ao encontro do que fizeram boa parte dos jornais americanos. São os casos, por exemplo, de Washington Post, Tampa Tribune e Dallas Morning News _todos estes dobraram de preço nos últimos dois anos.

O mesmo aconteceu com a Newsweek, que tomou um banho de loja, reduziu o número de páginas e… ficou mais cara.

Não parece estranho subir o valor de compra de um produto que é cada vez menos cobiçado? Sim, de nada adianta a Associação Mundial de Jornais avisar que, em 2008, houve um acréscimo de 1,3% na circulação global de periódicos (que se deveu, é claro, aos países emergentes).

Já há números parciais que apontam, para 2009, uma redução considerável da venda dos jornais _o primeiro trimestre foi catastrófico, segundo apontam estudiosos e especialistas no assunto nos Estados Unidos.

O blog Newspaper Death Watch enxerga nessa alta de preços uma hipótese interessante: os jornalões estão se agarrando a seus leitores mais fiéis, que também são mais atrativos para os anunciantes, acelerando assim o processo de queda na circulação (amealhando alguns dólares a mais, porém).

Na prática, os jornais estariam desistindo do impresso para centrar esforços em inovação tecnológica que, finalmente, poderá fazê-los deixar a era paleozoica.

A se conferir.

Washington Post: um case de divergência de mídias

Um rio separa duas redações em Washington. O inusitado é que falamos de um mesmo jornal: o Washington Post. Para ele, a convergência passou longe. Não está nem sequer nos planos da empresa, ao menos a médio prazo, unificar as equipes impressa e on-line.

Não que a distância física _no caso, são alguns quilômetros, com o rio Potomac como divisor simbólico_ seja impedimento para o trabalho integrado entre as plataformas. Apesar de tendência mundial, não é a regra no Brasil, por exemplo.

Agora, o que está acontecendo no Washington Post, conforme relato imperdível do jornal semanal Washington City Paper, é surreal.

A matéria começa com um exemplo emblemático: em fevereiro, duas repórteres da versão impressa trabalhavam numa história de maus tratos e descalabro administrativo num hospital militar da cidade que tratava de soldados feridos no Iraque e no Afeganistão.

O jornal publicou a primeira reportagem sobre o caso (viraria uma série especial) em 18 de fevereiro. Pois bem: na noite da véspera, um vídeo em que Dana Priest (uma das repórteres) narrava como ratos e baratas tinham feito do hospital seu hábitat foi ao ar na Internet. Não no Post, mas no site da rede de TV NBC, para quem a jornalista também colabora.

O caso revolve um rancor freqüente: muitos jornalistas de papel ainda vêem os sites de seus veículos como concorrentes. Termos como “eles”, para se referir aos profissionais do on-line da mesma casa, são freqüentes, lá e cá.

Para o Post (não só, por sinal), o abismo entre suas equipes significa custos extras que, em tempos de orçamento apertado, são injustificáveis. Traduzindo: é comum o jornal ter dois repórteres numa mesma pauta. Exatamente como ocorre no Brasil.

Casos como o do Post não são uma argumentação definitiva pró unificação _deve haver coisas boas na separação, tanto que o jornal de Washington é um dos mais inovadores e criativos da web.

Mas servem pra fazer a gente pensar.