Dos Estados Unidos, quem diria, vem uma notícia auspiciosa para o jornalismo: editores e repórteres de jornais impressos não dominam mais a concessão de bolsas de pesquisa científica no país.
Segundo o New York Times, em quatro dos programas mais conhecidos (Harvard, Instituto de Tecnologia de Massachusets, Stanford e Michigan), caiu de 29 para 11 o número de jornalistas empregados pela mídia tradicional. Também diminuiu bastante a quantidade de jornalistas que trabalham em revistas e agências de notícias.
“A mídia agora é muito mais ampla”, conta James Bettinger, diretor da John S. Knight Fellowships, em Stanford. “Estamos tentando reconhecer esse fato e aproveitá-lo. Uma das coisas que nos parecem claras é que muitas inovações poderosas não virão do jornalismo tradicional. Este ano, escolhemos dois consultores de mídia que tradicionalmente não seriam considerados jornalistas.”
Há outra explicação para o desaparecimento gradual dos coleguinhas de redação entre os agraciados com bolsas de pesquisa nos EUA: o fato de os jornais dificultarem sua liberação para este tipo de curso e, pior, o medo dos profissionais de perder o emprego caso apostem na empreitada acadêmica.
Ainda assim, Bettinger tocou no ponto. O ambiente nada favorável a inovações que ainda toma conta das redações, especialmente a de jornais tradicionais, não sugere que seus quadros tragam, à universidade, alguma colaboração que realmente valha o pagamento de uma bolsa.
Exemplos, aliás, temos aí aos montes: a quantidade de bobagem na qual a academia tem se debruçado (e isso inclui o Brasil, claro) e desperdiçado dinheiro nos últimos anos é notória. Você conta nos dedos os trabalhos que realmente agregaram alguma coisa à evolução da profissão.
Mas agora, sem a predominância de jornalistas de jornalões, existe uma boa de possibilidade de chegarem, à esfera acadêmica, reflexões e detecções que ajudem mais rapidamente o combalido jornalismo a reagir, mudar e se adaptar a um novo paradigma comunicacional e informacional.
Otimismo demais?