Quem não conhece o feed Periodistas, no Twitter, está perdendo. Basicamente, ele rastreia a rede procurando referências, em espanhol, a “jornalismo” e suas derivações.
É, muitas vezes, inútil. Pelo menos, nessas ocasiões costuma ser divertido.
A lista de “notícias” do feed não deixa de ser um retrato do que jornalistas (profissionais e amadores) falam e publicam sobre si. E morte é uma coisa que faz o maior sucesso, rapaz.
Foi constatando isso que decidi escrever sobre: há muito mais (o dobro) incidências no Google para a combinação “morre o jornalista” comparada a “morre o músico“. Pensei aleatoriamente em músico imaginando ser uma profissão que implica algum tipo de exposição pública.
Tentei “morre a atriz”. Nova vitória dos cadáveres da notícia. Finalmente, “morre o ator” resgatou minha dignidade e colocou os jornalistas em seu devido lugar.
Não é difícil entender porque isso acontece. Corporativismo puro, claro. Há séculos colegas noticiam a morte de colegas até que chegue o dia de também figurar no obituário. Muitas vezes, apenas por ter pertencido à mesma profissão, um jornalista é alçado automaticamente à condição de personagem digno de nota.
Não, não é.
Há momentos (raros, insisto) em que, sim, nós protagonizamos um fato e merecemos “cobertura”. Que seja especialmente na hora da morte, porém, tenho lá minhas dúvidas.
Ou será que morre mais jornalista do que servente de pedreiro?