Arquivo da tag: ONG

Migração on-line

Os projetos Migranti e The Migrant Files estão acompanhando de perto a repercussão internacional desse debate, que tem dominado a pauta na Europa. A acompanhar.

As lições de quem faz diferente

A InsideClimate News, um pequeno negócio jornalístico, está fazendo o serviço direitinho. Não por acaso ganhou um Pulitzer.

E está no ramo como uma empresa sem fins lucrativos – portanto fora do pacote estatal de subsídios, por um lado, mas habilitado a receber doações de seu próprio público, por outro.

Temos muito a aprender com empreendimentos que fazem as coisas diferente. A propósito, a reportagem ganhadora do prêmio nacional do Pulitzer está à venda no formato e-single.

Jornalismo financiado sofre mas está otimista nos EUA

Os números ainda são ruins, mas jornalistas que trabalham em startups voltadas para a comunicação nos EUA estão otimistas com o que pode acontecer nos próximos meses – é o que mostra pesquisa do Pew.

Das 172 instituições ouvidas, nunca é demais lembrar que duas já ganharam o Pulitzer. E, importante, que praticamente todas ainda estão em busca de um modelo de negócios sustentável.

 

Kony 2012: lições de uma manipulação grosseira

Não é possível que mais uma mobilização que tem a desinformação como mola-mestra na internet passe incólume. Sem deixar lições? Não pode.

Estou falando do viral Kony 2012, vídeo visto 100 milhões de vezes que reorganiza aleatoriamente e sem contextualização fatos ocorridos há mais de uma década em Uganda para fazer uma denúncia ainda válida: um criminoso está livre.

A ONG Crianças Invisíveis pretendia mostrar ao público as atrocidades de Joseph Kony, líder de um tal Exército de Resistência do Senhor – que cooptava crianças para sua guerra santa nas décadas de 80 e 90 e hoje está reduzido a um grupo de párias que não passa de 400 e não tem qualquer importância política ( as crianças que não morreram em combate já são adultos).

A trajetória de Kony mobilizou o mundo, e a ONG conseguiu arrecadar muito dinheiro com o buzz todo.

Tirando a desonestidade intelectual de se distorcer fatos, a entidade é muito séria e está na linha de frente de uma série de ações em prol das crianças africanas. Mas seu principal papel, de fato, é produzir vídeos que chamem a atenção para o problema, jamais resolvê-lo.

Ninguém deveria se sentir lesado pela campanha Kony, mas certamente é preciso parar para pensar de que forma nos engajamos em qualquer coisa que apareça on-line, sem o menor critério ou informação. Isso sim é gravíssimo e aponta para a existência de uma gigantesca massa de manobra altamente manipulável.

Pense nisso.

ATUALIZAÇÃO: Na Folha de S.Paulo de hoje, Nizan Guanaes fala do fenômeno Kony 2012 sob o ponto de vista da publicidade – um evidente case de sucesso.

O triunfo das grandes ideias

Principal agência de notícias do mundo (é mantida por uma cooperativa de jornalões, TVs e rádios, por sinal), a Associated Press anunciou que irá ampliar a distribuição, para seus clientes, de conteúdo produzido por entidades sem fins lucrativos que produzem jornalismo, como a ProPublica, que na semana passada ganhou seu segundo prêmio Pulitzer.

Esse modelo de negócios está ganhando o planeta _mostrando mais uma vez que hoje as oportunidades no jornalismo não estão necessariamente nas grandes redações, mas nas grandes ideias.

É como eu sempre digo: pessoas são mais importantes que instituições.

Vamos denegrir a mídia?

Bom saber que existem ONGs como o Instituto Mídia Étnica, dedicada, segundo ela própria, a realizar “projetos para assegurar o direito humano à comunicação e ao uso das ferramentas tecnológicas, especialmente para a comunidade afrobrasileira”.

No jornalismo, como de resto em toda atividade humana, a diversidade é fundamental para garantir o objetivo ainda maior, que é a pluralidade.

“Vamos denegrir a mídia”, diz o slogan do instituto, que promete “advocacy para diversidade na mídia, assessoria para organizações afro-brasileiras e media training para lideranças de movimentos sociais”.

Há também iniciativas semelhantes que tentam incluir indígenas, mas como somos uma coleção de raças, falta muito pra chegar nessa tão sonhada mídia étnica.

Aliás, diversidade na mídia se garante com inclusão digital. Hoje, todos somos a mídia. Basta ter acesso às plataformas adequadas, cada um tem a sua imprensa pessoal.

Visto por esse ângulo, o caminho é bem menos árduo.

História que se repete: recicle o calendário a cada 28 anos

Essa é da série Boas Ideias: sabia que a cada 28 anos o calendário gregoriano se repete? Então 2010 corresponde exatamente a 1982 _ano marcado pela performance da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo da Espanha. O time perdeu, mas ficou lembrado como um exemplo de excelência que deu azar (este ano tem Copa, e a final será exatamente em 11 de julho, como há 28 anos).

Para incentivar a reciclagem e o consumo responsável, uma ONG da Itália distribuiu calendários de 1982 “revalidados”. Evidente, a custa de mais papel. Mas a mensagem é ótima.

Uma sacada bacana que poderia até dar pauta jornalística: comparar aquela sequência de dias à atual. Quando se tinha ainda menos consciência ecológica, e futebol mais tosco porém revestido, anos depois, de glamour cult.

O Viu Isso viu isso primeiro.

Em quem os jornalistas acreditam?

Os jornalistas confiam em ONGs, em si próprios (!) e na ONU, essa entidade que deixou de ter relevância quando foi solenemente ignorada pelos Estados Unidos na segunda Guerra do Golfo.

Os dados são de uma pesquisa que ouviu 1,8 mil coleguinhas de 356 redações em 18 países.

diferenças importantes de país para a país, mas a média global da confiança dos jornalistas é representada no quadro que abre este post.

Absolutamente preocupante.

Essa eu vi primeiro no Blog do GJOL.

NYTimes entrega edição nas mãos de cooperativa de frilas

Grandes grupos de mídia estão apostando no outsourcing (a boa e velha terceirização) para reduzir seus custos.

Agora é o The New York Times quem anunciou que recorreu a uma cooperativa de jornalistas para prover conteúdo específico para a edição regional de Chicago do jornalão.

Antes do NYT, o Los Angeles Times já tinha fechado um acordo com o ProPublica, uma ONG que produz jornalismo investigativo, para melhorar seu conteúdo.

É uma tendência. Parece que investigar, e o custo que isso provoca dentro da redação, vai gradualmente se tornando uma tarefa para gente de fora do dia a dia do jornal.

A falsa mobilização da ex-plateia

O falso anúncio dos leitores no NYT

O falso anúncio dos leitores no NYT

O engajamento da audiência (ou melhor, da ex-plateia) definitivamente mudou o fazer jornalístico. Não só mudou como, em alguns casos, o influenciou diretamente, criando ruídos contestatórios e evidenciando que seu poder não é mais o mesmo.

Só que muitas vezes essa audiência serve a interesses, inclusive de governos que, nas sombras, agem bancando seus devaneios.

A ONG “For the Next Generation” voltou a fazer barulho ontem, ao publicar no New York Times um anúncio que repara um mapa publicado pelo jornal _a questão é toda política e envolve o nome de um quase golfo entre as Coreias, China e Rússia, além do país que lhe dá o nome mais usado.

O NYT escreveu Mar do Japão, o ONG briga pelo uso de Mar do Leste. Daí a provocação.

Não foi uma novidade: em 2005, a entidade publicou anúncio semelhante no The Wall Street Journal. É seu modus operandi.

No caso mais recente, ela diz que foram 94.966 doadores que bancaram o anúncio, cujo valor não foi revelado (mas gira em torno de US$ 60 mil), quase todos coreanos.

Aqui se trata de massa de manobra, não de uma manifestação espontânea da ex-plateia. Apenas para que os registros de uma conduta induzida e politizada não sejam confundidos com a legítima participação do público no jornalismo formal.