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O jornalismo mostra sua cara no Tumblr

Já são pelo menos 160 os produtos jornalísticos que estão presentes no Tumblr, uma plataforma entre blog e microblog que tem experimentado um crescimento considerável de 2010 pra cá (o site foi criado em 2011).

O último foi o Washington Post, que seguiu os exemplos do The Guardian e do Los Angeles Times.

É mais uma plataforma em que o jornalismo vai precisar mostrar a sua cara. Basicamente, para convidar o usuário a participar diretamente do noticiário, compartilhando texto e imagens.

Nenhuma grande novidade, a não ser a facilidade de publicação.

Mas provocará barulho.

A primeira matéria sobre o Facebook…

…na grande imprensa coube a Rebecca Trounson, que na edição do Los Angeles Times de 23 de janeiro de 2005 (praticamente um ano depois do lançamento oficial do site) descreveu a incrível performance do produto, que já tinha 1,5 milhões de usuários em 300 universidades americanas.

Interessante é ler a notícia on-line hoje e ver um anúncio AdSense, no pé, convidando o usuário a ingressar no Facebook…

O massacre dos redatores do LA Times

Deirdre Edgar, O ombudsman do Los Angeles Times, teve de comentar (e o fez com bastante humor) o errinho chato da página A22 da edição impressa da última quinta-feira.

Foram rodados 55 mil exemplares até que alguém se desse conta de que não havia títulos nas notas de uma coluna de noticiário nacional.

Quer dizer, títulos havia, mas eram marcações gráficas do tipo “O título vem aqui”, o bom e velho modelo ou figurino: um texto fake salvo para fazer a demarcação do espaço que ocupa.

“Os leitores temeram que todos os redatores tivessem sido demitidos ou até mesmo ‘massacrados’, como disse um”, registrou Edgar.

Acontece.

Quentin Tarantino e receitas de bom conteúdo na web

O Multimidia Shooter descobriu o Guia Quentin Tarantino de bom conteúdo na web. Conteúdo jornalístico com J maiúsculo, diga-se.

Inspirado, o site lista nove trabalhos multimídia recém descobertos. Coisas finíssimas, como o projeto One in 8 Million do NYT, posteriomente replicado pelo Los Angeles Times. Perfis de moradores destas cidades. Simples e ótimo.

Ou o TCC de uma turma da Universidade da Carolina do Norte (onde leciona Alberto Cairo) nas Ilhas Galápagos, no Equador.

Entre as dicas há novos projetos, como o Videojournalism Movement.

É sério, vale olhar com tempo toda a lista.

‘Inventing LA’ mostra o poder que o jornal impresso já teve

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Inventing LA é um documentário do premiado diretor Peter Jones que conta a fantástica história da família Chandler, que há quatro gerações dá as cartas no Los Angeles Times, um dos jornais mais importantes dos Estados Unidos mesmo hoje, quando centenas de demissões tolheram postos de trabalho em sua redação.

É extraordinário como são parecidas as trajetórias de herdeiros do ramo do jornalismo. Neste caso, eles são vistos como espécies de heróis que, à frente do periódico, foram atores principais da transformação da pequena cidade em metrópole global.

Quem conhece como se faz linguiça, entretanto, é incapaz de não perceber a metodologia daqueles que estiveram à frente da publicação com um impressionante poder e influência sobre a sociedade.

Tempos que não voltam mais.

Frilas criam shopping center da notícia

Demitidos pelo Los Angeles Times (que promoveu um banho de sangue com mais de 500 cortes até anunciar, com orgulho, que sua operação on-line se banca) criaram um shopping center da notícia cujo principal diferencial é a experiência.

Explico: a ideia do The Journalism Shop não é nada revolucionária. Trata-se de uma cooperativa de freelancers (não apenas jornalistas, mas designers e relações públicas), reunidos num site, onde oferecem seus serviços.

A lista é extensa: apuração, reportagem, livros, edição, design, marketing, etc.

A diferença aqui é quem oferece o serviço. “Somos jornalistas experientes demitidos pelo Times. Temos veteranos em jornalismo político, matérias investigativas e cobertura de moda. As perdas do Los Angeles Times podem ser seu ganho”.

Num tempo em que a média de idade das redações (de todas elas, em todo o mundo) despencou vertiginosamente, será que a experiência voltará a ser um bem valorizado?

Um dia de Michael Jackson

Michael Jackson morreu. Isso sim é notícia. É seguramente o morto mais ilustre (no sentido de alcance global) da minha existência como jornalista, iniciada em 1990. Gênio e louco, teve uma relevância incrível.

E foi uma morte, apesar de inesperada, lenta. Começou com a notícia da internação às pressas, após o cantor ser socorrido “sem respirar” por paramédicos. Às 18h06 já havia matérias sobre o assunto, que bombou na web nos minutos seguintes.

Leia notícias sobre a morte de Michael Jackson

Às 19h20, o site norte-americano TMZ, que cobre celebridades, cravou o passamento (é o pior eufemismo possível para morte). O Twitter, essa máquina de rumores que espalha o mal e o bem, tornou celébre o desconhecido TMZ _propriedade da Warner Bros., um cachorro grande do entretenimento.

Eu diria que foi chute, mas tecnicamente tem de ser considerado furo. E coube ao TMZ a primícia. O site, criticado por incentivar o trabalho de paparazzi mas que possui no currículo outros furos, foi quem noticiou primeiro a tragédia.

Em 17 minutos, o Los Angeles Times, em post publicado num blog de música do jornal, dava a mesma informação. O LA Times ainda tentou, numa sacanagem clássica da internet, se apropriar do furo, atualizando a matéria que falava da internação _publicada uma hora e catorze minutos antes (repare no link da URL, que traz o título original e entrega o truque).

Depois, como ficou feio, o jornal colocou um “update” logo após o título (modificado) que sentenciava a morte do astro do pop.

Só quando o LA Times deu, a CNN virou seu título na tela, citando o jornal e falando em morte (até então, o máximo que se tinha chegado era “coma”). Eram 19h43.

Mas faltava a confirmação oficial. Não, não a de médicos ou legistas, num comunicado oficial. Faltava a chancela da imprensa formal. Ela veio apenas às 20h22, quando a CNN confirmou o óbito com fontes próprias e, enfim, assumiu a informação.

O Jornal Nacional já estava no ar, com os apresentadores fazendo o possível para manter em voo um Boeing sem combustível. Só às 20h29, um minuto antes de entrar no ar o programa gratuito do PSDB (escancarando a vocação do partido em ser figurante), William Bonner, citando a CNN, deu a notícia da morte de Jackson.

A parada do telejornal se mostrou providencial. Às 21h01, entrou no ar último bloco do programa, editado de forma bem satisfatória. Repare no final: Fátima Bernardes errou, dizendo que a emissora daria novas informações “a qualquer momento ou no Jornal Nacional”, no que foi socorrida pelo marido, “no Jornal da Globo”, disse Bonner, que foi além: “Estamos todos abalados com a notícia de última hora”.

Pano rápido.

Hoje é o dia de ver como os jornais impressos vão se sair. Minha única certeza é que quem não manchetou com o assunto cometeu um erro grotesco. Dois jornalões não tinham feito isso até a hora que vi… E outro, ainda aguardo confirmação porque só acredito vendo, teria perpetrado “Peter Pan morreu”.

Se você leu essa manchete em algum lugar, me avise com urgência.

A tecnologia avança, mas sempre haverá um ser humano

A sanha da criação de mashups (junção entre dados originados em softwares para dar origem a outro, com viés analítico) tem seus poréns. Ou será que vc nunca viu uma mapa do estado norte-americano da Geórgia onde deveria estar o do país homônimo numa nota da AP ou da Reuters?

Automatismos são benéficos, mas ao mesmo tempo podem ser catastróficos para o jornalismo. Lembrem-se do #completeog1, movimento de leitores que desmascarou o microblog do portal de notícias de Globo _ele tinha erro de programação e interrompia, frequentemente, os títulos enviados via Twitter.

A professora Amy Gahran, a dama da persuasão, conta uma história legal detectada pelo Los Angeles Times (que outro dia @tdoria veio me dizer que é “ruim” _conceito absolutamente pessoal e intransferível): um erro num mapa de criminalidade gerado automaticamente estava bombando crimes em regiões onde eles não haviam ocorrido.

O lance era o seguinte: o mashup criado pela LAPD (a polícia local), sempre que não identificava um endereço, jogava a ocorrência do crime para um ponto default do mapa, criando uma aberração estatística.

Serve para a gente ficar atento que não, os dados gerados automaticamente também não possuem confiabilidade até que possamos atestar que estão corretos. Ou seja: sempre haverá um ser humano por trás.