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Primeiro podcast de ficção da comunicação pública conta histórias de SP

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A explosão global do formato podcast resgatou uma tecnologia de princípio dos anos 2000, quando a banda de internet passou a permitir algo mais além de texto e fotos. Na verdade, nunca foi nada além do que o velho rádio sempre fez – comunicar por meio de áudio.

Em 2020, e na era do streaming, passou a fazer ainda mais sentido pensar em comunicação embalada em formatos que possam ser consumidos enquanto o usuário faz outra coisa (seja estar preso no congestionamento, malhando na esteira da academia ou, por que não, tomando banho).

Mas estava faltando algo além do talk radio (o tradicional bate-papo radiofônico), que virou o grande (pra não dizer o único) modelo de concepção de conteúdo de voz. Estava.

A Cidade de São Paulo (nova marca da prefeitura) lançou, na semana de seu aniversário de 466 anos, uma iniciativa inédita na comunicação pública: a série “Idas&Vindas”, podcast ficcional com estética de radionovela que conta, em oito episódios, histórias sobre a formação da cidade e sua gente baseadas em fatos reais.

A série já está disponível no site da Cidade e, a partir de sexta (24/1), também poderá ser acessada de forma gratuita nas principais plataformas de streaming, como Spotify, Deezer e Google.

O projeto, que tive o prazer de coordenar, rompe a ditadura do talk radio e oferece uma nova perspectiva para o uso da ficção na comunicação – e inclusive fora dela, como na rede de ensino e também na promoção do turismo.

Adendo importante: não sou inimigo do talk radio! Tanto que a Cidade de São Paulo produz conteúdo informativo em áudio com frequência semanal desde abril de 2019. São dois programas: o Aproveite Sâo Paulo, pílulas de um minuto que têm o objetivo de descrever serviços e equipamentos públicos para orientar o cidadão, e o Acontece em SP, um bate-papo semanal com convidados sobre assuntos que dizem respeito à cidade.

Encantamento versus prestação de contas

Encantamento versus prestação de contas. Reside aí a principal diferença entre a comunicação de marca e a comunicação pública – com uma intersecção que as aproxima, mas também as distingue.

Enquanto a primeira recorre às diversas ferramentas de comunicação para consolidar e conquistar novos consumidores, a outra, financiada integralmente pelo cidadão, precisa demonstrar claramente o que está devolvendo em serviços, políticas, programas e ações.

Mais: a comunicação pública é composta por entes que são obrigados por lei a realizar determinadas entregas – como nas áreas de saúde e educação. Para completar, seus clientes se relacionam com eles quer queiram ou não. Ainda que você não deseje (ou perceba), em algum momento sua vida depende diretamente dos governos federal, estadual e municipal.

Essa relação obrigatória, financiada pelo público e regulada por lei está bem distante do dia a dia da comunicação privada na busca da aproximação e do engajamento das pessoas. Estamos falando do mesmo trabalho, mas com abordagens absolutamente diferentes.

Não por acaso o “não faz mais do que a obrigação” é um comentário bastante frequente entre usuários que interagem com governos nas redes sociais. A margem para enveredar por outra agenda é muito pequena – e cheia de controvérsia. O que deve ser valorizado: a conexão com o cidadão por meio de uma linguagem menos hermética ou a adoção de uma pauta totalmente social media, que amplia seu público mais ao mesmo tempo aumenta a incompreensão?

Essa conversa não se encerra aqui, voltarei ao tema em breve.

A democracia dos stickers

A comunicação digital é tão dinâmica que nem bem saímos das fraldas dos emojis e já somos atropelados pelos stickers, a última palavra em interação visual dentro de plataformas fechadas de mensagens eletrônicas – que, em bom português, significa WhatsApp.

Assim como o emoji, não é demais imaginar que a cultura do sticker – recurso liberado pela ferramenta em princípios de novembro e que já se transformou numa epidemia entre seus usários – transborde para todas as outras instâncias de comunicação digital.

O passo seguinte, é claro, é sua adoção pelo mundo off-line, aquele em que as “velhas mídias” emulam suas parentes mais descoladas e recorrem a seus recursos em anúncios de revista ou TV, por exemplo.

Mais do que a surpreendentemente veloz adoção, os stickers têm um caráter democrático que o emoji não foi capaz de trazer. Afinal de contas, há um longo processo para a aprovação e disponibilização de um emoji que passa principalmente pela avaliação de uma terceira parte.

O sticker, por outro lado, já nasceu com o DNA do DYU (faça você mesmo). Estão pipocando soluções para sua personalização, o que jogou muito a favor dessa popularização em tão pouco tempo. Não há dúvida de que hoje já se constituem em peças indispensáveis a um bom enxoval de comunicação.

Até a próxima novidade…

Noções e histórias de um mestre do marketing político

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Meu amigo José Paulo Fernandes-Fafe, com quem tive a sorte de poder trabalhar e aprender, acaba de lançar em Portugal o livro “Marketing político, Noções e outras histórias“, pela Primebooks.

A obra destrincha as aventuras e desventuras do trabalho de comunicação em campanhas eleitorais, muitas vezes demonizado, mas sem o qual seguramente as decisões do eleitorado seriam mais difíceis de serem tomadas. O marketing em si jamais é do mal – mas sim o caminho que alguns profissionais da área preferem percorrer.

Mais do que servir como uma espécie de manual, o livro de Fafe (que, como filho de diplomata, teve o privilégio de conviver com personalidades como Fidel Castro) coloca algumas coisas em seu devido lugar. Por exemplo, a dimensão do profissional de marketing num trabalho como esse – que nada mais do é que conhecer o quanto mais possível as pessoas, seu entorno e contexto e extrair daquilo a linha comunicativa que orientará a campanha.

Para meu orgulho, pude colaborar com um grão de areia falando um pouco sobre o marketing digital e suas aplicações em eleições. Para sorte do marketing político, temos alguém qualificado e ético como Fafe para nos contar sua técnica e histórias impagáveis.

A narrativa de marca e a construção de uma comunicação de verdade

A fragmentação abriu uma gigantesca janela de oportunidade para se contar histórias. Se por um lado essa descontextualização também é um risco, ofereceu múltiplas oportunidades para a narrativa de marca.

PSB faz propaganda política sem políticos

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É isso mesmo: uma propaganda política sem nenhuma fala ou mesmo aparição de político por dez longos minutos. Isso existe e foi ao ar na noite de quinta-feira (22/10) no espaço concedido “gratuitamente” (pagamos nós todos em renúncias fiscais dos veículos que têm sua probgramação sequestrada) pelo TSE todo santo semestre aos partidos políticos com representação no Congresso.

O PSB imaginou uma narrativa gráfica muito bem amarrada, pronta para ser remixada (vários de seus trechos valem pílulas na web e nas redes), embora ainda afetada – ainda que bem menos – pelo discurso de praxe nessas ocasiões.

Uma nova fronteira, arejou esse formato denso e quase imexível. Veja.

Comunicação pública digital em São Paulo

A Medialogue divulgou nesta semana um estudo com conclusões bem pessimistas sobre o uso dos recursos digitais em 46 cidades do Estado de São Paulo.

Na maior parte dos municípios as plataformas de comunicação digital são “como se fossem outdoors instalados no deserto”, ou seja, usufruídas por muito poucos.

A comunicação pública tem um grande desafio pela frente: a entrega qualificada de conteúdo. Em resumo, adaptar as ferramentas existentes para encontrar o cidadão e efetivamente interagir com ele.

A hashtagzação de tudo

Há algumas semanas comentei sobre os riscos de uma campanha tentar impor, ainda mais num negócio tão nebuloso e inoperante como a telefonia celular, uma palavra de ordem positiva. Pois bem, esse assunto puxa outro: a “hashtagzação” da comunicação.

Por algum motivo, entendeu-se que o uso de uma hashtag (criação dos usuários do Twitter em 2007, veja bem) é algo moderno. A publicidade está cheia de exemplos. Alguns, como este, com vários tiros pela culatra já que hoje o controle é do público e não somos mais capazes de fazê-lo reproduzir o que desejamos.

Na comunicação política a hashtag também está presente. Que o digam Eduardo Campos e Marina Silvam cuja conversa levada ao ar recentemente foi permeada por expressões começadas pelo “jogo da velha”.

A grande pergunta que fica: qual a eficácia comunicativa disso? Voltarei ao assunto.

Vida real e o mundo do MEC

O Ministério da Educação acaba de concretizar mais uma trapalhada: a partir de agora, o curso de jornalismo não pode mais ser oferecido como uma habilitação de comunicação, mas apenas como curso independente.

A segregação não tem muito alcance prático além da inevitável detecção de que estamos tratando com gente que não sabe o que acontece na vida real. Pois estamos vivenciando justamente um momento em que todas as disciplinas da comunicação (além do jornalismo, publicidade, marketing e relações públicas) caminham para a convergência e, no mercado, há clara demanda por profissionais habilitados nessas especialidades.

A decisão do MEC de isolar o jornalismo dificulta a tentativa de propor (mais) uma reformulação curricular, em nível de graduação, que possa abranger essa convergência.

Mas abnegados, como eu, seguirão firme nesse caminho e com essa disposição.

Facebook adere à narrativa de marca

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Mencionei outro dia a narrativa de marca (ou jornalismo de marca ou marketing de conteúdo – e outros sinônimos) outro dia, ressaltando que apesar de ser uma estratégia antiga (ou será que esquecemos do Repórter Esso ou do Guia Michelin?) tem sido apresentada como a última palavra em comunicação corporativa.

É bem verdade que, como tática de marketing, a narrativa de marca surge com intensidade no McDonald´s em 2004 como um coelho que o lendário Larry Light (ex-CMO da rede) tirou da cartola para reagir ao estupendo “Supersize Me”, documentário maravilhoso que colocou a marca na berlinda.

Nem nativos digitais que, a priori, não precisariam se preocupar com isso estão alheios à movimentação. É o que explica a iniciativa do Facebook no terreno do brand content – um avanço institucional no campo do “meu site não serve só pra memes inúteis”.