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Vaga para estagiário na Economist. Estagiário cientista, por favor.

Essa vai direto para aqueles que defendem com unhas e dentes o diploma de jornalismo e ficam fulos da vida quando veem um ex-atleta comentando jogos na TV: a The Economist, muito provavelmente a melhor revista do mundo, abriu mais vez o processo seletivo para um estágio de três meses em sua editoria de tecnologia.

Pois bem, o edital é claro: a revista não quer um estudante de jornalismo com interesse em ciência, mas sim um futuro cientista que goste de jornalismo.

Não é por acaso que o conteúdo produzido pela publicação está em outro patamar.

Quem sabe, sabe.

Quanto vale (e quanto valerá) o Facebook

Interessante o ponto da The Economist, que alçou a abertura de capital do Facebook a capa da edição desta semana e, numa boa análise (tirando o nariz de cera), apresentou o xis do problema.

Assim como Microsoft, nos primórdios da era da internet, e Google, agora, a publicação lembra que é inevitável que o negócio de Mark Zuckeberg seja alvo de questionamentos judiciais por conta de questões relacionadas a privacidade (o que os anunciantes do site fazem com nossos dados mesmo?)  e, especialmente, monopólio.

Com uma carteira de um bilhão de clientes, não fazer negócios com a rede social está se tornando impossível. E as autoridades antitruste americanas odeiam esse tipo de comerciante.

Assim, naturalmente a empresa sofrerá abalos (e talvez um redimensionamento forçado) a partir do momento em que ela passar a ser fustigada judicialmente como gente grande – que já é faz tempo.

Apocalipse jornalístico

Baita animação da The Economist feita no auge da crise financeira, meados de 2008. Pegada jornalística e tudo.

É a descrição do fim do mundo tendo o jornal impresso como metáfora.

Simplesmente sensacional.

(Via @contrafactos)

A Economist photoshopou Obama, e daí?

A capa de 19 de junho da The Economist, revista noticiosa mais importante do mundo (e das poucas que só ganham leitores com o passar do tempo), provocou furor ao descobrir-se, via The New York Times, que a publicação alterou uma fotografia em que o presidente Barack Obama aparecia cabisbaixo ao lado de mais duas pessoas tendo como fundo plataformas petrolíferas _imagem ideal (a alterada, claro) para ilustrar uma reportagem sobre o desastre ambiental de responsabilidade da petrolífera britânica BP em solo americano e suas implicações políticas.

É um pecado menor, e peço aqui que me entendam. Repórteres-fotográficos talvez jamais entenderão (há aquele consenso de que fotografia é obra de arte e não pode ser editada), e fui instado a falar sobre isso por Gustavo Roth, editor-adjunto de Fotografia da Folha de S.Paulo, que sempre colabora com o Webmanario.”Se queimaram feio, hein…?”, me disse Roth, ele próprio antenadíssimo no que rola nos meandros de nossa profissão, seja aqui, nos EUA ou no Uzbequistão.

Vou ser polêmico agora: será? Não acho, mas não acho mesmo. Há, claramente, um erro, mas que embute uma tentativa de acerto. Aliás, Pedro Dias Leite, o homem que faz o caderno Poder da Folha fechar na hora e fechar bem, tinha me avisado um pouco antes da história _compartilhando a visão de que o episódio está longe de ser o maior absurdo do jornalismo moderno.

Talvez a mesma representação com um trabalho de arte em cima (uma estilização impressionista ou pop, sei lá) resolveria a coisa sem questionamentos filosofais que, na verdade, só nós jornalistas temos.

Photoshopado, Obama estava lá e continua lá, cabisbaixo, com uma plataforma de petróleo no Golfo do México como cenário de fundo. Excluíram-se personagens menores _literalmente, como a presidente da Câmara de representantes de uma cidade da Louisiana e uma autoridade local da Guarda Costeira já eliminada no corte do fotograma.

Impossível pensar em fazer uma coisa dessas sem supor que irão descobrir: a foto em questão, tirada em 28 de maio, é de um fotógrafo da agência Reuters, Larry Downing, e provavelmente foi distribuída para todo o mundo.

Eu não faria isso desse jeito numa publicação noticiosa, mas faria, sim, propondo um trabalho de ilustração sobre foto, pra se livrar de uma vez por todas da capivara do “alterar a realidade”, que no final das contas pauta o debate e de quem é muito difícl se desvencilhar.

Mas a capa mexida, no final das contas, não escondeu o Obama triste e enrolado tendo ao fundo o motivo de suas preocupações.