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Cobertura de megaeventos

Se a Copa das Confederações foi um aperitivo, vêm aí Copa do Mundo, no ano que vem, e Jogos Olímpicos, em 2016.

Pensando nos desafios jornalísticos em tempos de massa de meios e sociedade da informação, ministro nesta terça-feira, das 19h às 22h, um curso on-line para debater e analisar a cobertura para muito além das competições esportivas – estas, herméticas, não têm muita margem de manobra.

As inscrições estão abertas.

Os 50 anos da notícia ao vivo

Em 2013 completam-se 50 anos do assassinato do presidente norte-americano John F. Kennedy, um momento difícil para o jornalismo diante da quantidade de teorias da conspiração, afora o estupor natural provocado por esse tipo de meganotícia.

Dois dias depois da morte, que apesar de registrada em vídeo não foi transmitida ao vivo, outro assassinato (esse diante dos olhos de milhões de telespectadores) chocaria ainda mais o público: Lee Harvey Oswald, apresentado como o assassino de Kennedy, foi abatido a tiros quando era conduzido a um presídio.

Se não foi a primeira morte mostrada ao vivo, certamente foi um dos primeiros momentos em que a TV, que ainda engatinhava, conseguiu levar ao ar um acontecimento noticioso inesperado ao mesmo tempo em que ele acontecia.

A reviravolta nas transmissões de TV e rádio, como você pode conferir nos vídeos acima, foi incrível. Afinal, no mesmo momento o corpo do presidente morto deixava pela última vez o Capitólio, em Washington. Jack Ruby, um escroque com problemas mentais, resolveu roubar a cena.

Houve outros momentos em que o jornalismo capturou a notícia ao vivo, caso do assassinato do presidente egípcio Anwar Sadatt e da tentativa de assassinato contra o Papa João Paulo II.

A morte do premiê israelense Ytzak Rabin foi registrada por uma câmera de segurança e posteriormente exibido pelas TVs, mas houve ainda o inesquecível e mortífero balé aéreo dos aviões usados como mísseis no 11 de setembro de 2001.

Nesses momentos, o jornalismo profissional é insuperável.

Vossa excelência, o eleitor

Das três perguntas que a Columbia Journalism Review faz sobre as eleições americanas, provavelmente a que mais me interessou foi “será que os repórteres não estão passando mais tempo com os candidatos do que com os eleitores?”.

Isso parece ser a pura verdade, aqui ou lá. Agora, que venho de uma temporada do outro lado do balcão, percebi claramente que a prioridade da cobertura é o projeto político, não a quem ele se destina – e mais, se é apropriado e se enquadra nas perspectivas das pessoas.

Mais reflexões sobre a cobertura jornalística nossa de cada dia…

Olimpíada de Londres atualiza quatro anos de avanço tecnológico

Em Pequim-2008 o Twitter era uma criança (foi a primeira cobertura – um ensaio, na verdade – da Folha de S.Paulo na plataforma, sabia?), o Facebook inexistia no Brasil e a gente tinha menos banda e recursos móveis para produzir (e consumir) notícias.

Londres-2012 vem aí (os Jogos Olímpicos começam no dia 27) e, com o evento, uma avalanche de novidades multimídia, interativas e em aplicativos.

Prepare-se.

Linsanity e jornalismo

O fenômeno Jeremy Lin (americano de origem chinesa que arrebatou a NBA, liga profissional de basquete dos Estados Unidos) é um bom momento para refletir sobre o nosso trabalho.

A cobertura da “Linsanity” está forrada de estereótipos – a ascendência, aliada a uma graduação em Harvard, tornam Lin um personagem especial. Há ainda o fervor religioso (o jogador é cristão praticante).

Tom Huang analisou o caso para o Poynter.

Como cobrir a crise econômica: os conselhos do Vaticano

Viram que o porta-voz do Vaticano (e pensar que todo aquele luxo começou com um reles presepinho…) deu conselhos aos jornalistas que cobrem a casa sobre como cobrir a crise econômica?

É assim: os jornalistas devem ter uma visão realista, mas o gancho da cobertura não pode “destruir a esperança das pessoas, mas ajudar a reconstrui-la”.

Ah, tá.

Análises sobre 2010

A edição especial da newsletter Jornalistas&Cia, que perscruta todas as semanas as coisas da nossa profissão, traz um balanço do ano que se pretende uma avaliação do desempenho da imprensa brasileira em 2010.

Muito do que deveria ser dito está lá.

É ótimo quando o decano Audálio Dantas, diretor de redação da revista Negócios da Comunicação, joga uma perspectiva diferente a respeito da discussão sobre o novo marco regulatório das comunicações, que Lula deixou claro ser uma missão primordial de Dilma Rousseff e seu partido, o PT, no próximo governo.

“Por que, em vez de tentar abater o projeto antes mesmo que ele possa levantar voo, não propor um amplo debate sobre seu conteúdo?”, convida Dantas, coberto de razão.

Carlos Chaparro, também nosso velho conhecido, destaca uma revolução na prática da profissão que vimos reforçada no ano que está terminando: a das fontes.

Claro, num tempo em que somos furados por nossos entrevistados, que têm acesso a ferramentas instantâneas de difusão de conteúdo (como a gente), naturalmente a atenção do jornalismo se voltou para instâncias pessoais de publicação.

Daí a explosão das redes sociais e de sua influência na pauta jornalística em 2010.

Uma opinião importante vem de Eugenio Bucci, agora claramente falando sobre a cobertura da eleição presidencial. “A sociedade não é, como nunca foi, manipulada pelos humores de editores de dois ou três jornais ou de duas ou três emissoras de tevê”

Acrescento: tem de parar esse patrulhamento insuportável sobre as mídias. Os mesmos que patrulham, aliás, são aqueles que dizem que várias delas perderam a relevância. Perderam, é? Então por que patrulham? Perderam, reitero. E que deixem de patrulhar.

Em breve falo mais sobre o capítulo eleições do último J&Cia.

Circo midiático e os mineiros do Chile

Pelo menos 1,5 mil profissionais de 350 veículos globais estão credenciados para acompanhar o resgate dos 33 mineiros soterrados há mais de dois meses em Copiapó, no norte do Chile.

Texto da Columbia Journalism Review conclama os profissionais a refletirem sobre como não transformar a cobertura num grande circo midiático.

Difícil quando já se tem notícias de que os mineiros têm um pré-contrato para a divisão dos direitos sobre entrevistas, livros, filmes etc.

Jabulani redonda, relato quadrado

Já que eu ando numa fase meio esportiva (afinal, é a editoria onde trabalhei durante 13 de meus 20 anos de profissão), engato reflexão de Alberto Dines que considerei pertinente.

O ponto que mais me interessa é, se de fato, a internet acrescentou alguma novidade à cobertura esportiva. Ele acha que não, o que é altamente discutível.

“O fato de um twiteiro mandar um pergunta lá do meio da floresta amazônica para o comentarista ou narrador tiritando de frio num estádio na África do Sul não chega a constituir um efetivo avanço jornalístico”, diz Dines.

E mais uma frase para reflexão, mas essa com um erro incluído: a maioria dos jornalistas “escravizados” ganha muito mal.

“Aquilo que a empresa jornalística brasileira chama de “desempenho multimídia” é um sistema falsamente meritocrata (na realidade escravocrata) no qual alguns ganham muito bem, em compensação são sugados até a medula dos ossos e impedidos de usufruir do sublime prazer de esmerar-se na apuração e na escrita.”

Jornal impõe restrições em perfis pessoais de seus profissionais na web

O Globo divulgou na quinta-feira o que chama de “Estatuto das Eleições 2010“.

No conjunto, são medidas absolutamente dentro do bom senso, como sugerir aos seus jornalistas que não usem “distintivos, camisetas ou qualquer peça de propaganda de candidatos”.

A peça de dez regras e alguns adendos, porém, faz marcação cerrada contra os perfis pessoais dos funcionários em sites como Twitter e Facebook, porque “na prática, qualquer conteúdo publicado nas redes sociais poderá ser associado à linha editorial do jornal”. É? Se for, é um erro de quem faz a associação.

As restrições vão além e versam até sobre prática do retweet e adição de “amigos”.

“No caso específico do uso de Twitter e/ou outros microblogs, fica vedado ao funcionário do GLOBO a prática de reenvio (“retweets”) de conteúdos publicados por partidos políticos ou candidatos. Também não será permitido usar o serviço para propagar links para sites (pessoais ou institucionais) que contenham propaganda político-partidária, ou que sejam tanto ofensivos quanto elogiosos a determinado candidato.

Se, por necessidade profissional, jornalistas precisarem adicionar candidatos ou partidos políticos como “amigos” em páginas do Facebook, Orkut e demais sites de relacionamento, devem fazê-lo de forma equilibrada, evitando restringir a prática a apenas um determinado candidato ou partido. As inclinações políticas de jornalistas do GLOBO não devem aparecer também em seus perfis pessoais nesses e em outros sites de relacionamento.”

Da forma que foi redigido, o estatuto invade um terreno perigoso _e indefensável.

Outras restrições, em outros veículos, certamente virão.