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Duplo prêmio

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Ganhador do Pulitzer de 2013 pela imagem acima, o fotógrafo Tyler Hicks conquistou outro prêmio dias depois, quando a protagonista da imagem entrou em contato com ele e contou em detalhes como se virou durante a invasão de um shopping no Quênia.

As lições de quem faz diferente

A InsideClimate News, um pequeno negócio jornalístico, está fazendo o serviço direitinho. Não por acaso ganhou um Pulitzer.

E está no ramo como uma empresa sem fins lucrativos – portanto fora do pacote estatal de subsídios, por um lado, mas habilitado a receber doações de seu próprio público, por outro.

Temos muito a aprender com empreendimentos que fazem as coisas diferente. A propósito, a reportagem ganhadora do prêmio nacional do Pulitzer está à venda no formato e-single.

Um Pulitzer póstumo

Um grupo de jornalistas iniciou uma campanha para que um dos maiores furos de todos os tempos, a rendição da Alemanha nazista em 1945, seja premiado quase 70 anos depois com o Pulitzer, a comenda mais importante do jornalismo dos EUA.

Seu autor, Ed Kennedy (que morreu em 1963) ganhou foi o bilhete azul após noticiar o fato – que estava sob censura das autoridades americanas.

Seu empregador, a agência Associated Press, já se desculpou oficialmente com seus descendentes pela insólita demissão.

O triunfo das grandes ideias

Principal agência de notícias do mundo (é mantida por uma cooperativa de jornalões, TVs e rádios, por sinal), a Associated Press anunciou que irá ampliar a distribuição, para seus clientes, de conteúdo produzido por entidades sem fins lucrativos que produzem jornalismo, como a ProPublica, que na semana passada ganhou seu segundo prêmio Pulitzer.

Esse modelo de negócios está ganhando o planeta _mostrando mais uma vez que hoje as oportunidades no jornalismo não estão necessariamente nas grandes redações, mas nas grandes ideias.

É como eu sempre digo: pessoas são mais importantes que instituições.

A saída educacional para o jornalismo impresso nos EUA

No ambiente de crise que cerca a imprensa em papel nos Estados Unidos surgiu, como uma das possíveis saídas, a hipótese de veículos ligados a escolas de jornalismo ganharem mais fôlego para, digamos, perpetuar a profissão.

A conta é simples: se forem convertidas em entidades educacionais (e, portanto, sem fins lucrativos), as empresas jornalísticas passam a poder receber subsídios governamentais, além de doações filantrópicas que fazem parte da cultura americana.

Já existe, inclusive, um belo exemplo: o St.Petersburg Times, que pertence ao Poynter Institute.

O jornal faturou dois prêmios Pulitzer no ano passado _a Flórida inteira, seu Estado natal, havia ganho quatro em toda a história. É do St.Petersburg Times a ideia do mentirômetro que acompanhou as promessas de Barack Obama (e agora já tem “filhotes” em oito Estados americanos).

Para o Brasil, onde não existe a cultura da doação, provavelmente não adiantaria nada vincular veículos jornalísticos a faculdades de comunicação (que possuem produtos restritos e de nicho) _e muito esperar pela adesão a um modelo não lucrativo.

Mas é interessante conhecer as propostas para que superemos o pior momento do jornalismo impresso em todos os tempos.

O preço do 1º Pulitzer do jornalismo on-line: US$ 400 mil

Bastante (e justamente) comemorado, o primeiro Pulitzer da história do jornalismo esconde por trás de seu feito um número impressionante: seu custo.

A história do precário atendimento médico (e a opção pela eutanásia) às vítimas do furacão Katrina, a cargo de Sheri Fink, Barbara Laker e Wendy Ruderman exigiu vários deslocamentos e, numa estimativa grosseira, teria saído por pelo menos US$ 400 mil se tivesse sido bancado desde o início por um único veículo.

O valor foi rachado entre o ProPublica (projeto jornalístico sem fins lucrativos que vive de doações dos leitores para concretizar as matérias), the Kaiser Foundation, The New York Times Magazine e a própria Fink, que desde 2007 trabalhava na pauta, publicada em agosto do ano passado.

O jornalismo investigativo é ótimo, mas é muito, muito caro.

Quando o furo é de um jornal pequeno não vale?

Tem uma situação bacana rolando nos Estados Unidos. O National Inquirer, um tabloide considerado (pela elite) de quinta categoria, deu o furo de 2009 mas foi excluído da seleção do prêmio Pulitzer (o mais importante do jornalismo) por uma questão técnica: a matéria foi publicada dois anos antes.

Publicação nunca levada a sério (pudera, tem um cabedal de capivaras por apuração malfeita), o Inquirer revelou, em 2007, que o babe face John Edwards, vice de John Kerry nas eleições presidenciais de 2004 e pré-candidato democrata quatro anos depois, teve um filho fora do casamento.

Só agora a história veio à tona _Edwards teve de fazer uma retratação pública depois que o assessor que escalou para se passar pelo pai da criança (inclusive vivendo sob o mesmo teto com a “família”) escreveu um livro revelando a farsa.

O “jornaleco” tinha razão, e deu A matéria de 2009. Seu pecado foi ter feito isso dois anos antes _condição que deveria garantir imediatamente o prêmio.

Agora há um debate se o tabloide merecia o Pulitzer, e os que repudiam a ideia lembram muito a controvérsia do Prêmio Esso de 2004, concedido a Renan Antunes de Oliveira e seu perfil de Felipe Klein, filho de ministro alcoólatra, que embarcou na onda da body modification e terminou estatelado numa lixeira de prédio ao cair do nono andar.

A reportagem foi publicada no jornal Já, de Porto Alegre. E a comenda (o nosso Pulitzer) desencadeou uma reação desproporcional do mainstream, que tentou desconstruir a reportagem.

Entendo perfeitamente o jogo (e labuta) por trás de reputação e credibilidade de um veículo jornalístico. Mas a plataforma não pode ser, jamais, o critério para se julgar uma boa matéria.

‘E o prêmio Pulitzer de tweets investigativos vai para…’

Ilustração: John Cole, The Times-Tribune

Ilustração: John Cole, The Times-Tribune

Abril de 2012, Universidade de Columbia (EUA). O apresentador checa seu smartphone para anunciar o vencedor da categoria “tweets investigativos” do Prêmio Pulitzer, a mais renomada distinção do jornalismo.

Exageros e ironias de cartum à parte, 2012 me parece muito tarde para um prêmio do tipo. Não haverá mais tweet, mas outra coisa (the next big thing?).

Agora, quanto à piada da brevidade do texto: é possível investigar e colocar pulgas atrás de várias orelhas em 140 caracteres. Não duvide disso. Afora o fato certo e sabido de um tweet levar a outro rincão, ou seja, uma página com o tamanho que se necessite.

A propósito, a ilustração de John Cole, do The Times-Tribune (Pennsylvania), abre o Nieman Report desta estação. O assunto é jornalismo e mídia social. Ótimas reflexões, para imprimir e ler.

(via @agranado)