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Cobertura de megaeventos

Se a Copa das Confederações foi um aperitivo, vêm aí Copa do Mundo, no ano que vem, e Jogos Olímpicos, em 2016.

Pensando nos desafios jornalísticos em tempos de massa de meios e sociedade da informação, ministro nesta terça-feira, das 19h às 22h, um curso on-line para debater e analisar a cobertura para muito além das competições esportivas – estas, herméticas, não têm muita margem de manobra.

As inscrições estão abertas.

Curso: o jornalismo esportivo na era da entrevista coletiva

Os personagens do esporte estão blindados por assessores de federações, dos clubes e babás pessoais. São celebridades, ninguém mais chega perto deles. Nesse cenário, como produzir um jornalismo criativo, inteligente e útil para o consumidor de notícias, deixando de lado a pasteurização atual?

É essa a temática central do curso on-line de três horas (das 9h às 12h) que comando no dia 2 de julho sob o selo do Comunique-se.

Se você tiver mais interesse pelo tema, conheça o curso de pós-graduação em Jornalismo Esportivo oferecido pela Faap – e coordenado por mim (as inscrições para a turma de setembro já estão abertas).

E mais: saiba como contratar cursos e palestras do Webmanario.

A culpa é da assessoria

A inclemência da indústria jornalística empurrou milhares de coleguinhas rumo às assessorias de imprensa, onde _costuma-se dizer nos bastidores da profissão_, é bem mais fácil trabalhar. Há os momentos de pressão e hora extra, claro. Mas, no geral, navega-se por um mar de rosas.

Muitas vezes me perguntam o que eu acho. É, sobre o trabalho em assessoria de imprensa. Eu acho que, se tivesse de contratar um profissional para exercer tarefa do tipo, escolheria um relações públicas com alguma noção em jornalismo. É esse o perfil básico, creio.

O Comunique-se mostrou um blog que tenta desvendar um pouco esse mundo. E o Novo em Folha também debate o assunto.

O maldito diploma…

E segue a discussão: um pedaço de papel é suficiente para habilitar alguém a trabalhar numa profissão? Reforço o apego ao pedaço de papel, excluindo as atividades que possam ter sido feitas no ambiente acadêmico…

Não, né?

Ninguém é forçado a falar bobagem

Assim como a Copa do Mundo de futebol, a Olimpíada suscita, no jornalismo, uma incontrolável vontade de dar opinião. Mesmo quem não precisa se expor, caso de todos os profissionais que não militam no esporte, acaba sendo contagiado pela overdose e _é irresistível_ dá os seus pitacos.

Não bastassem as bobagens nossas de cada dia do jornalismo esportivo, me deparei com dois ótimos exemplos de opinionismo que não fazem o menor sentido _e que não precisariam ser expressados, já que eles foram publicados no site Comunique-se, especializado precisamente nas coisas da nossa profissão.

Uma matéria na página, com ares de denúncia, “informava” aos leitores que a imprensa americana, diante da avassaladora vantagem de ouros da China no quadro de medalhas, tinha “decidido mudar” a disposição dos países, adotando como critério o número total de comendas ganhas.

Em outra, o (bom) colunista de novas mídias Bruno Rodrigues lamenta a falta de interesse de portais brasileiros e globais em transmitir a cerimônia dos Jogos Olímpicos (ocorrida na sexta retrasada) ao vivo.

Ambos pisaram mais na bola do que a seleção de Dunga diante da Argentina.

Os fatos: desde 1896, quando foram disputados os primeiros Jogos Olímpicos da era Moderna, a imprensa americana utiliza como regra a quantidade de medalhas para ordenar os países no quadro dos Jogos. Não foi uma decisão tomada agora em virtude do ataque especulativo chinês.

No Brasil, assim como na Europa, o que prevalece é o total de ouros _lembrando que o Comitê Olímpico Internacional não conta medalhas nem divulga rankings dos Jogos.

Portanto, não há um critério que possa ser definido como certo ou errado. Mas muito menos uma “manipulação”, como denuncia o Comunique-se.

No caso de transmissões pela Internet, pela primeira vez o comitê aceitou vender os direitos, mas seguindo a mesma lógica da TV. Ou seja, só quem adquiriu a condição de divulgar imagens do evento esportivo na Web (no caso do Brasil, o portal Terra) pode fazê-lo, e mesmo assim apenas dentro de seu próprio país _o bloqueio, por meio do IP, é simples e infalível.

Por isso Bruno, que não se lembrou de acessar o Terra, protestou por não encontrar cenas da abertura em outros portais brasileiros ou estrangeiros _porque elas simplesmente estão bloqueadas para quem não mora lá.

Outra informação antiga e sabida de antemão (a compra dos direitos de transmissão dos Jogos foi fechada pelos interessados há três anos).

Sim, o grande evento incentiva todo mundo a tirar uma casquinha. Mas deixe isso para o boteco. No jornalismo, sempre que não nos mobilizarmos em torno de um assunto que desconhecemos, nossa chance de não ser surpreendido é maior.